Anjo caído -- Capítulo 25
O dia amanheceu nublado. Nuvens pareciam se precipitar sobre a cidade anunciando tempestade. O vento frio fazia as pessoas vestirem agasalhos de invernos.
O sol ainda estava encoberto, tı́mido em meio à escuridão das primeiras horas da manhã.
O bairro de classe alta estava localizado em uma região bem arborizada, composto por parques verdejantes, pistas para caminhadas e uma enorme lagoa que se mostrava convidativa para um belo piquenique.
Não havia casas e mansões, apenas enormes e luxuosos prédios.
Naquele momento poucos carros podiam ser vistos trafegando por ali, porém um veı́culo em particular parecia fazer plantão naquele lugar desde muito cedo.
Patrı́cia permanecia dentro do automóvel e olhava com interesse um edifı́cio em particular.
As paredes toda espelhada chamavam a atenção e ela desejava estar em um dos enormes apartamentos, especialmente se a companhia era a doutora Angelina Berlusconi.
Viu o momento que um táxi parou de fronte.
Seu sangue pareceu subir ao ver quem deixava toda sorridente o local.
-- Maldita! – Esbravejou batendo forte contra o volante.
Ficara sabendo da presença da garota por um dos seguranças do lugar.
Chegara há alguns minutos e se não tivesse sido barrada, teria entrado e feito um escândalo. Então realmente estavam tendo um caso!
O som do celular interrompeu seus pensamentos. Bruno!
-- Idiota! – Falou sem atender.
Percebeu que teria que agir com muita inteligência, pois seria um perigo bater de frente com a herdeira de Antônio.
A psicóloga sabia que se fizesse tudo direito, acabaria com aquela relação e ainda teria a chance de trazer a esposa para si.
Não, não e Não!
Enquanto tivesse vida jamais permitiria que a Angel fosse feliz nos braços de outro e ainda daquela garotinha estúpida.
Odiava-a!
Detestava-a da mesma forma que a maldita Cecı́lia.
Ela sempre se intrometia onde não era chamada e muitas vezes fazia o milionário se arrepender da relação que tinha com a nora.
Sim!
Patrı́cia amava a esposa, porém naquela época o dinheiro de Antônio era mais importante. Tentara fazer tudo para que não fosse descoberta, mas naquele fatı́dico dia tudo acontecera de forma não pensada por si.
Ainda lembrava-se dos olhos negros cheio de dor quando entrara no quarto e também lhe doera vê-la tão destruı́da e por isso não desistiria de recomeçar a relação de onde pararam.
Estava disposta a formar a tão desejada famı́lia que a morena sempre desejara.
-- Por que Antônio não morreu antes?!
Inúmeras vezes tentara envenenar o médico, mas sempre fracassara nesse quesito.
Se tivesse conseguido, Angelina teria herdado tudo e não haveria problemas para o futuro, porém sempre vivera com o medo que a amada fosse deserdada.
Qual amor sobreviveria à miséria?
Tudo saı́ra do controle, mas perdera apenas uma batalha. Venceria aquela guerra sim e naquele mesmo dia colocaria em prática o plano perfeito.
Sim, daria o divórcio e esperaria que a médica se decepcionasse ainda de forma pior com a garotinha.
Angelina estava sentada diante do espelho da penteadeira. Arrumava-se cuidadosamente.
Escovava delicadamente as madeixas escuras.
Estavam grandes, já passava dos ombros, mas se acostumava com a aparência, Eduarda adorava seus cabelos.
Sorriu safada!
Seu corpo ainda estava quente pelas inú meras vezes que se amaram... Que se deixara amar por sua menina. Cruzou as pernas, deixando as coxas à mostra pela abertura do roupão.
Suspirou satisfeita!
Lembrava-se de como fora despertada naquela manhã. Dos doces beijos que fora presenteada e do delicioso abraço que lhe despertara novamente o desejo.
Mordiscou o lábio inferior!
Estava apaixonada cada segundo mais por ela. Passou a mão pelos cabelos.
Estava assustada com aquele turbilhão de emoções, estava temerosa, pois seu corpo não só desejava sexo, desejava-a por completo, corpo e alma.
Mexeu-se na cadeira.
Confessara seu amor, confessara o que sentia e isso fora o maior passo que deu em todos aqueles anos de isolamento.
Levantou-se!
Precisava se apressar e ir para o hospital.
Antes de seguir até o banheiro, parou diante porta retrato que trazia a imagem da mãe. Tomou o quadro nas mãos, traçando com os dedos as linhas bonitas do rosto.
Não conseguia evitar se sentir culpada por estar feliz naquele momento... Era como se não merecesse uma nova chance, ainda mais porque sua amada mãe não tivera a mesma sorte.
Recolocou a imagem no lugar, caminhando até o closet em busca de algo para vestir.
Ester e Eduarda observavam a fachada do hospital e pareciam ainda mais emocionadas. Era como se não acreditassem que naquele dia começaria uma nova história em suas vidas.
Não conversaram muito, pois precisaram correr muito para não chegar atrasada no primeiro dia.
Enquanto seguiam no ônibus, Duda passara todo o caminho observando à amiga e tinha quase certeza que algo a chateara na noite anterior.
-- Você não está bem. – A Fercodini disse assim que pararam no corredor. – O que houve?
A ruiva sabia que logo seria questionada, pois conhecia a natureza da jovem que a fitava com a sobrancelha arqueada naquele momento.
-- Vamos acabar nos atrasando! – Tentou se afastar, mas foi detida pelo braço.
Os olhos se encaravam e Ester tentava não demonstrar como se sentia triste naquele dia. Respirou aliviada quando Henri se aproximou sorridente, abraçando ambas em cumprimento.
-- Então, crianças, estão entusiasmadas para esse primeiro dia?
-- Estou um pouco nervosa, porém muito feliz. – Ester se adiantou. – Agora preciso ir, pois não desejo receber broncas. – Beijou a face da amiga, seguindo a passos largos.
Eduarda observou a ruiva se afastar e teve ganas de ir até ela e exigir que ela se explicasse.
Teria a doutora Tavares feito algo que magoou a moça?
Observou o professor fitando-a com enorme curiosidade, deu um sorriso afetado.
-- Nossa, tudo isso é medo da doutora Anjo? – O homem apontou a direção que a garota seguiu.
A Fercodini gargalhou, nervosa.
-- Todo cuidado é pouco, não desejamos ser colocadas para fora pela exigente dona. Mattarelli colocou a mão sobre o ombro da filha.
-- Não se preocupe, a Angel é uma boa pessoa, apenas lhe falta paciência em algumas questões. – Arqueou a sobrancelha. – Acho que você sabe disso, não é?
Duda sentiu o sangue tingir a face, apenas fazendo um gesto afirmativo com a cabeça.
Henri sabia que o fruto do seu amor com Cecı́lia estava totalmente enamorada por Angelina. Conseguiu ver isso só em pronunciar o nome da médica.
Assustava-se com aquela situação, temia que a garota se machucasse com aquele tipo de relação, ainda mais quando a Berlusconi ainda não tinha se livrado totalmente dos fantasmas do passado.
-- Não duvide de mim, carinho. – Tomou-lhe as mãos. – Estou muito orgulhoso de ti e creio que sua mãe também sentiria o mesmo se estivesse aqui hoje.
Os olhos de Duda ficaram úmidos.
Sim, sua mãe ficaria muito orgulhosa pela filha está ali naquele momento, por ter conseguido chegar onde ela sempre desejara que chegasse.
Encarou Henri e o viu também emocionado. Era possível ver as lágrimas brincando nos olhos claro tão parecidos com os seus.
Abraço-o forte.
-- Obrigada!
Afastando-se, viu as lágrimas.
-- Você está bem? – Indagou preocupada. Henri tirou o lenço do bolso.
-- Estou sim, minha criança. – Limpou-se. – Acho melhor irmos, não vamos abusar do coração da Angel.
Duda continuava a observá-lo atenciosamente.
-- Realmente! – Duda sorriu. – Vou indo. – Beijou-se no rosto mais uma vez, afastando-se. Mattarelli permaneceu lá, observando a filha e sentindo a felicidade de estar ali naquele momento. Como desejava contar toda a verdade, porém antes disso, necessitava do exame de DNA.
Não que tivesse dúvida da paternidade, mas gostaria de ter a prova para não pensasse que ele estava fantasiando com algo.
Temia a reação de Eduarda. Será que ela acreditaria na história ou o veria como um desgraçado que simplesmente abandonara a mãe quando estava grávida.
Esses pensamentos o deixava cada vez mais apreensivo. O que Cecı́lia falara para ela sobre o pai?
Fitou o relógio que descansava no pulso. Naquele dia falaria com Angelina.
Não poderia permitir que ela usasse a Duda, ainda mais quando ainda era uma mulher casada. Amava a Berlusconi, amava-a como se fosse seu sangue, porém teria que proteger a Eduarda de um possível sofrimento.
Ester vestia o jaleco.
Estava sozinha e se apressava, quando a porta do vestiário foi aberta.
Ao virar-se sentiu o sangue correr mais rápido em suas veias. Flávia!
O sorriso doce se desenhava na face que parecia ainda mais bonita. Ela usava os cabelos presos em rabo de cavalo. Os óculos de aro dourado combinavam com os cabelos amarelos.
Controlou-se para não suspirar alto.
-- Perdoe-me, doutora... – começava a justificar-se – acabei atrasando um pouco. A ruiva já seguia apressada quando foi detida delicadamente pela mão.
O toque dela provocou um alvoroço em seu corpo. Fitaram-se!
Flávia passara a noite em claro ansiando por aquele dia.
Pensara em procurá-la antes, mas tivera que resolver alguns problemas e só naquele momento pôde ir até ela.
-- Você fará parte da minha equipe. – Disse chegando mais perto.
A ruiva sentia o cheiro adocicado da médica e recordava de tê-la tido em seus braços a noite passada.
-- Eu não sabia... – Falou sem se mexer. – Não fora seu nome que vi na ficha.
-- Eu sei. – Parou de frente para ela, mas não lhe soltou a mão. – O doutor Marcelo precisara se ausentar por uma semana, enquanto isso, eu ficarei com sua equipe. – Alisou a palma da mão. – Vai conseguir me suportar?
Ester inconscientemente umedeceu o lábio superior com a lı́ngua.
-- Será uma honra trabalhar ao seu lado, doutora. – Tentava manter a formalidade. – Conheço a fama de ótima profissional que tem.
Flávia esboçou um sorriso, esticou o braço, tocando-lhe a face.
-- Espero continuar sendo boa profissional...
Ester observou os lábios virem em sua direção lentamente e ainda teve a chance de se desvencilhar do carinho.
-- Acho melhor irmos, não desejo ter problemas. – Seguiu apressadamente para fora da sala.
-- Bem... Oportunidades não vão faltar, meu bem, e prometo que dessa vez não irei desperdiçá-las. – Falou consigo.
Patrı́cia estacionou em frente ao hospital. Seguiu Angelina até lá.
Iria falar com ela, pintaria um novo panorama sobre si. Isso seria importante para poder convencê-la da sua mudança.
Deixou o veı́culo.
Angelina chegou ao hospital passando das nove horas.
Fora despertada cedo, mesmo tendo dormido quase nada, porém não tinha do que reclamar, pois tivera uma noite maravilhosa com Maria Eduarda.
Seguiu para a própria sala.
Tinha alguns papéis para examinar. Sentou-se!
Suspirou!
Desejava encontrar Duda, mas a garota saiu cedo para o apartamento, nem mesmo aceitou a carona que lhe oferecera.
Pelo horário ela já deveria estar por ali, seria maravilhoso vê-la. Abriu a gaveta e retirou uma foto que jazia no fundo do armário.
Naquela imagem a afilhada de Antônio era apenas uma adolescente, mesmo assim ainda exibia aquele ar travesso e atrevido. Encontrara a fotografia em meio as coisas do seu pai, porém o mais estranho é que também havia uma imagem sua da mesma época.
Sentia-se melhor, sentia-se mais forte e sabia que toda aquela transformação tinha nome. Já se levantava para ir procurar por Eduarda quando ouviu batidas na porta.
Quem poderia ser? E por que a secretária não anunciara?
-- Entre! – Ordenou om voz firme. Mattarelli!
Seguiu até o professor, abraçando-o. O homem a estreitou forte.
-- Como está, meu anjo? – Perguntou tomando o rosto amado nas mãos. – Ontem te liguei inúmeras vezes, mas você não me atendeu e nem me retornou.
Angelina puxou uma cadeira para que ele sentasse, depois fez o mesmo.
O olhar de Henri a percorria minuciosamente, parecendo buscar respostas para suas perguntas.
-- O que houve?
A Berlusconi ficou alguns segundos em silêncio, olhando para a foto da mãe que jazia sobre a escrivaninha, depois voltou a encarar o antigo mestre.
-- Eu bebi muito ontem, então acabei não respondendo. – Disse simplesmente.
-- Passou a noite sozinha então? – Questionou desconfiado. A médica respirou fundo, antes de responder.
-- Não! – Mordiscou o lábio inferior. – Passei a noite com a filha da amante do meu pai. Era possível ver o aborrecimento presente no olhar de Henri.
Ele se levantou, deixando a jovem surpresa.
-- O que você quer com a Duda? – Perguntou irritado. – Ainda mais quando ainda está casada com a Patrı́cia.
-- Por que está falando assim? Desde quando se preocupa com a Eduarda? – Deixou a cadeira, voltando para atrás da mesa, sentando na enorme poltrona que pertencera ao pai. – Por que está irritado? – Cruzou as mãos abaixo do queixo.
O médico passou a mão pelos cabelos sedosos, seguindo até a porta, segurando a maçaneta como se desejasse sair, Ainda destrancou a porta, abrindo uma fresta, porém não saiu.
Tentando manter a calma, voltou-se para a antiga pupila.
-- Porque você está levando para sua cama a minha filha!
Não fora só Angelina quem demonstrou enorme surpresa naquele momento, outra pessoa ouvia tudo encostado pelo lado de fora do escritório.
-- Do que está falando? – A médica se levantou de forma abrupta quase derrubando a cadeira. – Quem é a sua filha? – Indagou perplexa.
Henri apoiou as mãos sobre o topo da mesa, fitando a mulher.
-- Maria Eduarda Fercodini é a minha filha! – Pronunciou cada sı́laba pausadamente.
Os olhos negros demonstravam total confusão.
-- Não, não e não! – Ela dizia enquanto se movimentava de um lado para o outro. – Você nunca me falou de filhos. De onde tirou esse absurdo? – Parou bem próxima a ele. – Isso é um engano!
-- Não há engano nenhum! – Retrucou calmamente. –Você mesma constatou que ela não é filha do seu pai.
-- Sim! – Falou um pouco mais alto. – Porém isso não significa que ela seja sua filha! Henri apontou a cadeira para que a morena se sentasse.
Angelina hesitou, mas acabou se acomodando pesadamente.
-- Deixe-me te contar toda a história.
Angelina apenas assentiu, enquanto observava o rosto apreensivo do antigo mestre. Ele parecia compenetrado enquanto narrava com riqueza de detalhes toda a história.
Percebia como ele se emocionava com alguns trechos e a própria Angel parecia emocionava com tudo o que era dito.
Via Cecı́lia com outros olhos, pois percebia como aquela mulher sofrera com toda aquela relação.
Alguns minutos depois estava Henri de cabeça baixa, enquanto a herdeira de Antônio parecia boquiaberta com tudo o que ouviu.
A ala de pediatria fora toda reformada.
O bloco era imenso e bem dividido para acolher bem as crianças. Havia a parte neonatal, os consultórios, ambulatórios, serviços de internamentos e também havia uma área para que os pequenos brincassem.
Eduarda observou a placa dourada como o nome de Ângela e ficou maravilhada com aquela homenagem.
Era hora do almoço, mas preferiu seguir até o berçário, pois ficara sabendo pelo chefe da equipe sobre uma criança que acabara de ficar órfã.
Antes não pôde ir, pois havia muito rigor naquele lugar.
Estranhou o fato de ter apenas um bebê naquele lugar, mesmo assim seguiu tentando não fazer barulho para não assustá-lo.
Sorriu ao ver os olhos vivos olhando em sua direção.
Pegou o prontuário, apenas o nome da mãe estava presente.
Estranho, pois pelo que ficara sabendo não havia famı́lia para reclamar e por isso o hospital estava fazendo uma campanha para encontra os parentes.
Agachou-se para vê-lo melhor. Uma menininha...
Encantou-se com os olhos tão grandes e tão pretos. Era repuxados iguais os da Angelina. A pele era branca.
-- Olá, pequenina! Como você está neste dia tão bonito? A garotinha parecia interessada na conversa.
A Fercodini seguiu dialogando com a criança.
A Berlusconi seguia pelos corredores do hospital.
Esperara por Duda, mas a jovem não apareceu, mesmo quando toda a equipe já tinha seguido para o almoço. Os funcionários continuavam a observar com interessa a filha do dono. Os que conviveram com ela, estranhavam o comportamento reservado, os novatos se fascinavam pela forma arrogante da bela e elegante mulher.
Ocupara-se durante toda a manhã e só naquele momento poderá seguir em busca da jovem. Ainda martelava em sua cabeça a conversa que teve com Henri.
Será mesmo que Eduarda era filha dele?
Não podia negar que havia certa semelhança entre eles, principalmente os olhos e o sorriso, porém era muito comum encontrar essas familiaridades quando não dividia o mesmo DNA. Conhecera inúmeras pessoas com traços iguais e sem nenhuma ligação sanguı́nea.
Providenciaria um exame o mais rápido possível para comprovar aquela história.
Sorriu recordando da última vez que fizera aquilo.
Era melhor pensar em um método mais delicado, pois sabia que teria problemas se agisse novamente daquela forma com a sua pequena médica.
Ainda continuava a se lembrar da Cecı́lia.
Ela deve ter sofrido muito ao pensar que o homem que amava a tinha enganado e pior, descobrir-se grávida, sozinha...
Será que Antônio sabia de tudo aquilo? Será que ela sabia que Henri era o pai da Duda?
Agora se recordava de um fato curioso. Seu pai não permitia que Mattarelli entrasse naquele hospital e muito menos se aproximasse da sua sala.
Parou diante da mesa da recepcionista.
Havia algumas pessoas com crianças para serem atendidas.
-- Por que tanta gente esperando?
A jovem nunca tinha tido contato com Angelina, porém sabia bem de quem se tratava.
-- Tivemos um pequeno problema, mas tudo já foi normalizado. – Disse temerosa.
-- Assim espero! –Avisou-a. – Viu a senhorita Fercodini?
-- Sim, sim. Ela está no berçário. – Apressou-se exibindo um sorriso.
A morena observou a direção que deveria seguir e acabou lembrando-se de que sempre frequentava aquele lugar. Adorava observar as crianças e sonhar que um dia teria uma famı́lia, um bebê para completar a felicidade.
Hesitou antes de ir até lá, mas acabou por fazê-lo.
Observava as melhorias que tinham sido feitas ali. Antônio colocara o nome da esposa morta ali, decerto tentando amenizar a culpa que sentia.
Parou diante do enorme paredão de vidro, viu Eduarda inclinada sobre um dos berços.
Por alguns segundos fechou os olhos e recordou da felicidade que sentira quando soubera que depois de tantas tentativas tinha conseguido engravidar.
Passou as mãos pelos cabelos como se isso a fizesse se livrar daqueles pensamentos perturbadores.
Pensou em fazer algo para chamar a atenção da jovem, mas acabou ficando ali, olhando encantada para a forma sublime e encantada que a garota mirava o berço.
A Afilhada de Antônio estava linda!
Realmente era uma médica encantadora. Ainda mais usando aqueles óculos de aros quadrados e pretos, os cabelos presos em um coque, enquanto a franja caia sobre a testa.
Eduarda levantou a cabeça ao sentir a força de um olhar que já era conhecido para si. Esboçou um enorme sorriso ao ver Angelina a fitá-la.
Fez um gesto para que a médica se aproximasse, mas a morena fez um gesto negativo com a cabeça. Decepcionada, voltou-se para a criança.
-- Prometo que voltarei para te ver, meu anjo! – Soprou-lhe um beijo, antes de deixar o recinto. A herdeira dos Berlusconis agora estava de costas para si.
-- Olá, doutora! – Cumprimentou-a.
A morena se virou e Duda pôde ver como ela estava maravilhosa com aquele vestido branco que chegava quase aos joelhos, o cinto preto combinava com o casaco e sapatos de salto alto.
-- Precisa correr se quiser almoçar! – Avisou-lhe. – Não deve perder seu tempo vendo crianças, não está brincando de casinha aqui.
Eduarda pareceu se afrontar com tal comentário, relanceou os olhos.
-- Ah, não sabia que intragável doutora Angel tinha vindo fazer visitas. – Estreitou os olhos. – Mas já que é assim, dispenso a companhia.
Antes que saı́sse, Angel a segurou pelo braço.
-- Deixe de braveza, meu bem...
-- Não me chame assim aqui, doutora! – Desvencilhou-se do toque.
Angelina a observou se afastar a passos largos, então decidiu seguir atrás dela, mantendo uma distância curta.
A garotinha tinha garras bem afiadas! Sorriu!
Quando passavam em frente a sua sala, tomou-a pelo braço mais uma vez, levando-a para dentro, arrastando-a até outra porta, abrindo-a e trazendo-a consigo para dentro.
Eduarda já se prepara para esbravejar, quando ficou maravilhada com o que via.
Uma mesinha tinha sido colocada sobre um carpete felpudo. Enquanto algumas almofadas foram preparadas para que servissem como assento.
Sentiu o delicioso aroma que se depreendia de uma das travessas de prata. Sucos... Talheres, guardanapos e um lindo buquê de lı́rios repousavam sobre o tampo.
Encarou os olhos negros que a fitavam tão intensamente. Viu-a se inclinar, pegar a flores, entregando-lhe.
-- Almoça comigo?
A jovem não sabia o que era mais tentador naquele momento: O presente que lhe era ofertado, o cheiro delicioso da comida ou aquele sorriso charmoso e convencido que decorava aquele rosto forte e arrogante.
Recebeu a oferta que lhe estava sendo dada, em seguida fez um festo afirmativo com a cabeça. Eduarda seguiu até a tina que tinha sido improvisada sobre a mesa de reuniões.
Lavou as mãos e observava a morena fazendo o mesmo, depois seguiu até o lugar que fora improvisado, retirou o jaleco, sentando-se sobre as almofadas.
Observou Angelina retirar o blazer e sentiu o coração pulsar mais forte quando ela retirou os sapatos, sentando ao seu lado.
Deus, nem pareciam que tinham passado a noite fazendo amor.
Mirava o perfil forte, enquanto a doutora lhe servia a deliciosa comida. Aproveitou, ajudando-a a servir o suco.
-- Espero que goste!
-- Nossa, parece uma delı́cia, o cheiro é maravilhoso. – Levou o garfo aos lábios. Angelina sorriu ao ouvir o gemido de prazer que escapou da garganta dela.
-- Meu Deu! – Exclamava. – Está divino! – Comeu mais um pouco. – Não é prato do nosso paı́s é?
A herdeira de Antônio tomou um pouco de suco.
-- É uma comida alemã! Passei muito tempo me especializando lá e por acaso conheci um restaurante modesto composto por pessoas da mesma famı́lia e foi lá que provei dessa iguaria pela primeira vez.
Duda prestava atenção a cada frase dita por aqueles lábios rosados.
-- E como encontrou aqui?
-- Ah! O Henri me disse que a mesma famı́lia tinha se acomodado por aqui e imediatamente liguei fazendo o pedido.
-- Sorte a minha então! – Disse sorrindo. Angelina levantou o copo.
-- Um brinde a sua grande sorte!
-- Um brinde a nossa grande sorte! – A jovem piscou.
-- Ficaria melhor se fosse vinho, porém você está trabalhando e quanto a mim? Muito álcool no sangue ainda.
As duas gargalharam do comentário.
A Fercodini a viu se aproximar com o guardanapo na mão.
-- Está sujo de molho! – Angelina explicou, porém não usou o papel.
Duda sentiu a lı́ngua da médica pousar no canto da sua boca, lambendo sensualmente.
-- Na sua pele fica ainda mais gostoso.
-- Ah é? – A jovem pareceu constrangida. – Por que não me fala sobre o tempo que viveu na Alemanha? – Tentava disfarçar o desejo que já começava a sentir.
A Berlusconi piscou ousada, voltando para o próprio lugar, enquanto começava a narrar alguns fatos interessantes de sua estadia em outro paı́s por tanto tempo.
A jovem prestava atenção a todos os detalhes, rindo alto de alguns fatos curiosos que se passaram com a médica.
-- Você fica ainda mais linda quando sorri, meu amor! Já tinham terminado o almoço.
Angelina se levantou, ajudando-a a fazer o mesmo, levando-a consigo até a poltrona. Sentou-se, trazendo-a para seu colo, sentando-a de frente.
-- Temos pouco tempo... – A morena tocou o pescoço esguio com os lábios. – Não tive tempo de vê-la antes. Duda sentiu arrepios percorrer seu corpo.
-- Também não tive tempo de vê-la, cheguei um pouco em cima da hora... Hum... – Gemeu quando sentiu o mordiscar na orelha.
-- E quando acabou porque não veio direto para cá? Eu disse que queria te ver. A jovem a fitou.
-- Fui ver o bebê... Ah, Angel, ele é tão fofo, parece contigo sabia?
-- Comigo? – Começou a abrir os botões da blusa da estudante.
Eduarda fitava hipnotizada ela se livrar de cada uma das presas que a protegiam dos olhares ousados. Mordiscou o lábio inferior ao vê-la abrir o fecho frontal do sutiã.
Os seios redondos já se mostravam excitados.
-- Não há tempo... – Disse ao sentir as mãos lhe apalparem. – Tenho que trabalhar... hun...
-- Quem disse? – Passou a lı́ngua sobre o mamilo. – Conte-me como foi a sua manhã.
Angel lambia, circundava os biquinhos, mordiscava... Depois mamava forte... Ora mais forte, ora mais delicado.
-- Hun ? – Fitou a boca pousando sobre os seios.
-- Conte-me como foi seu dia! – Repetia a médica. – Quero saber tudo.
-- Ah... Bem...
Duda começava a narrar tudo o que se passara e em muitos momentos perdia o raciocı́nio, ainda mais quando Angelina chupava com mais vigor.
Observou-a abrir os botões de sua calça, suspendeu um pouco o quadril para que a mão pudesse tocar em sua calcinha.
-- E gostou da sua equipe? – Acariciou o tecido. – Adoro seda e rendas... – Disse brincando com os dedos sobre a pele. Úmido! Ela já estava molhadinha!
-- Hunnn... Sim... Ain...
Gemeu mais alto ao sentir os dentes se fecharem sobre o biquinho.
-- Ainda está sendo moleza... – Colocou os dedos sob a peça. – Hoje é apenas o inı́cio... Ain todo esse mel é pra mim? – Retirou o dedo levando até o seio dela.
A Fercodini viu a boca devorar mais uma vez a mama.
Mordeu o lábio inferior antes que gritasse alto. Sentia o dedo indicador lhe explorar o sexo, mexendo, castigando, até senti-lo forçar a sua entrada.
O clitóris já implorava, mostrando-se duro, mostrando-se desejoso de carinhos... E o polegar não se mostrou acanhado, massageando-o, apertando-o...
-- Eu preciso voltar...
-- Sim, precisa...
Angelina mamou mais forte, enquanto invadia o sexo gostoso, enquanto penetrava... Sentindo-a lhe acolher...
-- Vai chegar atrasada, meu bem... E sabe quem vai brigar contigo? – Segurou-a pelo cabelo, forçando-a a encará-la.
-- Ain... Hun... – Rebolava o quadril, sentindo as penetrações se aprofundarem. – Quem... Quem...
A Berlusconi juntou outro dedo, fazendo-a levantar um pouco.
-- Eu... – Tomou o corpo com mais força. – E eu sou muito má... Vê como sou um animal selvagem... – Forçou-a mais.
-- Ain... – Choramingou mais alto. – Mete mais forte para que eu veja essa maldade... Ain...
-- Meto bem forte... hun... Ain...
Puxou-lhe as madeixas com mais força, enquanto penetrava mais impetuosamente, tão rápido que era possível ouvir o barulho do atrito se sobrepor aos gritos de prazer que Duda dava.
-- Ain delicia... Hun... – Angelina a instigava mais. – Goza pra mim, goza bem gostoso... Derrame-se pra mim...
Eduarda mexia-se mais e mais...
-- Eu gozo sim... Ain eu vou gozar bem gostoso... Bebe, amor, bebe todinho, bebe...
Angelina se fez se ajoelhar, assim podia baixar as calças dela e mamar gostoso o sexo que tremia em seus lábios.
Ouviu-a soluçar, mesmo assim não parou de sugar todo o mel que saia.
-- Ah... – Duda pendeu sobre os braços da amada.
A Berlusconi sentia o próprio corpo implorar por satisfação, mas ao fitar o relógio percebeu que a garota já estava atrasada.
Fê-la sentar novamente, ajudando-a a arrumar a roupa.
Viu que os olhos claros permaneciam fechados. Tomou-lhe a boca em um beijo delicioso, exigente, dominador.
-- Precisa ir, meu amor! – Disse contra os lábios dela. – Eu adoraria que não fosse, mas temos que ser responsável.
-- Anhan... Eu sei! – Suspirou rendida. – Preciso me lavar rapidinho. – Levantou-se.
Ainda sentia as pernas trêmulas.
-- Naquela porta tem um banheiro. – Apontou a direção, enquanto também levantava. – Preciso me recompor, tenho uma reunião.
Ouviu o celular tocar e não reconheceu o nú mero, mesmo assim atendeu.
-- Angelina, não desligue!
Patrı́cia!
Repirou fundo e foi quando viu a Duda voltar, pegando o jaleco.
-- Estou indo, amor, nos falamos depois. – Beijou os lábios de forma rápida. A médica apenas assentiu, enquanto segurava o aparelho.
-- O que você quer? Quem te deu meu número? –
Questionou assim que se viu sozinha.
-- Isso não importa agora, o que importa é que estarei esperando você
e seu advogado para assinar os papéis do divórcio.
Não gostei dessa Patrícia.
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