Anjo caído -- Capítulo 24
A água ainda caia sobre os corpos das amantes. A respiração acelerada ainda não se acalmara.
A declaração de Angelina ainda ecoava junto ao grito de orgasmo dado por Duda. A jovem lentamente baixava a perna, precisando se apoiar nos ombros da amada. Fitou-a e viu os olhos negros a observá-la embevecidos.
Mirou a boca bonita entreaberta, sentiu os pelos eriçarem ao vê-la mordiscar a lateral do lábio inferior. Deus!
Ainda conseguia sentir os espasmos lhe dominar o corpo. Ainda sentia o imenso prazer correr por suas veias.
Entregara-se por completo, até mesmo tentara resistir aos encantos, mas a forma como fora possuı́da não lhe deixara escapatória. A explosão de sensações ainda faziam seu coração pulsar acelerado.
-- Eu te amo, doutora... – dizia contra os lábios da médica – Mesmo quando não quis te amar... – Encarou-a intensamente. – Mesmo quando me neguei a te amar, continuei te amando.
As mãos da Berlusconi desceram até a cintura da jovem, acariciando lentamente a silhueta bem formada.
-- Caramba, eu devo tá muito bêbada para ouvir isso.
Eduarda deu um sorriso brejeiro, em seguida aproximou-se dos lábios bonitos, sentindo a respiração próxima à sua, até tocá-los com os seus.
A carı́cia começou lenta. Apenas encostavam-se, sentindo-se, provando da maciez do toque.
Aos poucos a morena começou a aprofundar mais o beijo, tocando a lı́ngua de leve, mas sua paciência não durou muito, apertando-a mais contra si, roçando os corpos como um gato costuma fazer, esfregando-se a ela, chupando avidamente a lı́ngua de Eduarda. Ambas travavam uma deliciosa batalha.
Os seios se tocavam, os sexos se encontravam, demorando-se, unindo-se, buscando-se em uma dança proibida e primitiva.
Angelina a puxou mais contra si, enquanto a Fercodini e enlaçava pelo pescoço. A morena dominava o ato.
Apertou o colo definido, pressionando os biquinhos, intensificando ainda mais quando a ouviu gemer.
Duda sentia o lı́quido molhar a junção das coxas, e sabia que não era a água do chuveiro que estava fazendo aquilo. Era quente... Exigente... Fogo puro!
Choramingou quando Angel retirou a lı́ngua, mas a médica executou um delicioso vai e vem. A Berlusconi a puxou mais forte contra si, segurando as nádegas durinhas.
Sem fôlego, Eduarda a afastou.
Viu o olhar de protesto da doutora e teve vontade de rir.
-- Não está delirando, meu amor! – Esticou a mão para desligar o registro da água.
A garota se desvencilhou para poder pegar o roupão, mas a médica a puxou novamente para si. Duda respirou fundo!
O olhar despudorado e sensual de Angelina era de mais para aguentar naquele momento.
-- Fica comigo. – A morena pediu. – O que mais desejo é poder ver seus lindos olhos quando despertar amanhã. A Fercodini sentiu aquela deliciosa pontada no peito, descendo até o estômago.
Amava-a mais e mais... Encostou a fronte contra a dela.
-- Fala... – Hesitou. – Fala novamente o que disse quando me tocou tão deliciosamente.
Angelina sorriu sedutoramente.
-- Eu sou louca por você, meu amor. – Apertou-a mais forte. – Sou perdidamente apaixonada por ti.
Duda fechou os olhos... Em seguida a mirou novamente.
Observava fascinada o lábio entreaberto, a cicatriz que jazia sobre o superior.
-- Eu amo você, doutora Angel.
Pegou o roupão, vestindo-se, em seguida fez o mesmo com a amante, mesmo diante do olhar contrariado que ela
-- Vamos para cama. – Segurou-lhe a mão, levando-a aos lábios, beijando-a demoradamente. – Não quero que pegue uma pneumonia. – Piscou atrevida. – Consegue voltar para o quarto. – Questionou segurando o riso.
Angelina lhe direcionou um olhar enviesado, mas acabou gargalhando roucamente.
-- Vai conseguir me carregar até o quarto ou quer que me apoie em ti?
-- A levarei em outro momento, quando for nossas núpcias, por enquanto apoie-se em meu ombro, meu bem. Seguiram abraçadas para os aposentos.
A luz da tv iluminava a sala.
A voz fina da apresentadora entrevistava um celebridade conhecida.
Ester jazia deitada no sofá, não conseguia prestar atenção no que estava sendo dito. Cobriu-se com um edredom. Estava frio.
Pigmaleão dormia ao seu lado.
Há pouco recebera uma mensagem da Eduarda avisando que não retornaria a casa. Ficara um pouco decepcionada, pois imaginara que o sms fosse de outra pessoa. Suspirou alto.
Na mensagem a amiga também perguntava sobre Flávia.
Pensou em responder explicando o que aconteceu, porém acabou apenas dizendo que estava tudo bem. O telefone começou a tocar, assustando-a e lá estava a estampar sua tela a loira de cabelo de ouro.
Desejou muito atender, mas a coragem lhe faltou. A doutora Tavares era muito bonita, um risco para sua sanidade.
O sorriso doce era uma perdição.
A ligação foi encerrada, mas depois de alguns minutos uma mensagem chegou.
“ Não vejo a hora da noite acabar para te encontrar nos corredores do hospital. Seus cabelos flamejantes e seus lindos olhos iluminarão os meus cansativos dias.
Beijo... Adoro sua boca.”
Não conseguiu evitar um sorriso.
Sim, no outro dia começaria a sua luta e não podia negar que estava ansiando para ver a doutora de cabelo de ouro.
Eduarda sentou em posição de Buda sobre o colchão confortável.
Angelina permanecia de pé, checando algumas mensagens da secretária eletrônica. Duda a fitava, seus olhos claros demonstravam total fascinação.
Estava apaixonada pela doutora.
Não havia escapatória e tampouco desejava fugir.
Por alguns segundos ficou a fantasiar uma vida junto com ela. Imaginava que aquela fosse a rotina de ambas, de vê- la tão compenetrada, tão concentrada enquanto esperava pacientemente para que ela viesse para o leito, para que se amassem e depois dormissem exaustas uma nos braços da outra.
Desejava vê-la todos os dias daquele jeito. Observá-la concentrada, usando apenas um roupão preto e com os pés descalços.
A voz de Henri lhe tirou de seu mundo imaginário.
Tinha várias mensagens do médico, era notável a preocupação e o carinho que ele tinha pela pupila. Gostava dele, senta-se segura ao seu lado.
Era um homem que mostrava ter muito caráter, além de um enorme e generoso coração.
Naqueles dias que ficaram juntos percebera a forma gentil e humilde que tratava a todos, mesmo sendo quem era, mesmo sendo uma pessoa tão ilustre.
A próxima mensagem era da Flávia.
Observou o olhar impassável que a médica trazia e ficou a pensar se realmente existira algo entre as amigas... Sim, era óbvio que a doutora Tavares gostava da morena muito mais do que uma simples amizade.
Antes que seu ciúmes começasse a vir à tona, a voz de Patrı́cia pôde ser ouvida. Irritada, cruzou os braços sobre o peito.
Não desejava que aquela mulher continuasse naquela história e quando pensava que a Berlusconi ainda era casada oficialmente com ela tinha vontade de esbravejar, mesmo sabendo que não deveria fazê-lo.
Angelina encerrou as chamadas.
O olhar bonito se direcionou para a Fercodini. Viu a expressão afetada que ela exibia. Parecia uma menininha emburrada!
Por alguns segundos permaneceu ali, fitando-a, vendo os olhos lı́mpidos se desviarem de si.
Quando começara a sentir aquele poderoso sentimento pela afilhada do seu pai chegara a se questionar por tal absurdo, porém agora já conseguia entender o motivo disso.
Jamais pensara que amaria alguém com tanta intensidade e isso era assustador, pois temia sofrer mais uma vez como já se passara antes.
Aproximou-se a passos lentos.
Sentia-se menos embriagada, mas o desejo de tomar a garota mais uma vez estava demasiadamente perigoso. Não se satisfizera e isso a deixava mais intensa, porém desejava se controlar para não assustá-la, para não passar dos limites.
Sentou-se de lado, com as pernas para fora da cama.
-- Está parecendo um bebê com essa carinha. – Segurou-lhe o queixo delicadamente. Os olhos claros demonstravam algum tipo de raiva.
Duda mordiscou o lábio inferior.
-- Não sou um bebê! – Retrucou sem desviar o olhar.
Aborrecida. Angelina esboçou um sorriso meio torto.
Levantou-se, estendendo a mão para ela. Eduarda pareceu hesitar, mas acabou aceitando.
A morena caminhou junto com ela, até sentar em uma enorme poltrona, fazendo-a se acomodar em seu colo. A Fercodini sentia as carı́cias em seus cabelos, enquanto mirava o rosto bonito.
-- Amanhã você começara uma grande jornada, meu amor. – Fê-la encostar a cabeça em seu ombro, acolhendo-a. – Você será uma médica brilhante. – Tomou-lhe a mão na sua. – Será a pediatra mais linda e fascinante. – Sorriu. – Sabe que eu gostaria de ser uma criança para receber os seus cuidados.
As marcas na pele ainda apareciam, mas Angelina não parecia mais se constranger com tais feridas, pelo menos não quando estava com a jovem.
Eduarda beijou as cicatrizes demoradamente e depois cada um dos longos dedos.
-- Espero chegar aos pés da doutora Angel. – Disse encarando-a. Pôde ver os olhos negros ficarem mais sombrios.
Sabia como aquela mulher sofria por tudo que passara e por ter perdido o dom da grande profissional que fora um dia.
-- O Henri falou que você precisa se submeter a uma cirurgia, porém não deseja. Por quê? Angel a fitou.
Segurou as amarras do roupão, soltando-as.
Observa fascinada a pele branca e os seios redondos.
Sorriu quando os mamilos se eriçaram. Colocou as mãos sobre ambos, segurando-os, protegendo-os como se fossem um sutiã.
-- Estamos falando de outra coisa... – Duda tentava não cair naquela sedução. – Faça a cirurgia, Angel, tente... Não se renda tão facilmente.
A Berlusconi desceu a mão até o abdome firme, alisando-o.
-- Angel... – Eduarda disse o nome dela em tom de advertência. – Quando vai se separar oficialmente da sua esposa?
-- A Patrı́cia não representa nada na minha vida... – Tocou as coxas torneadas. – É alguém com quem não deve se preocupar.
Duda parecia hipnotizada com o toque, mas conseguiu se livrar da sensação, encarando-a.
-- Com quem devo me preocupar então? – Arqueou a sobrancelha. – Com a Flávia?
Angelina parecia não ter se importado com o que fora dito. Ela apenas afastou as pernas da Fercodini, observando embevecida a anatomia bem desenhada.
-- Deve se preocupar comigo! – Encarou-a. – Ainda mais quando tenho álcool correndo em minha veias.
-- É?
Eduarda levantou-se dos braços da amada, postando-se de pé diante dela, deixando o roupão ir ao chão. Viu o olhar faminto da herdeira de Antônio cair sobre si, decidindo provocá-la.
-- Do que eu deveria ter medo?
Angelina umedeceu os lábios com a lı́ngua.
Tinha certeza que aquela bela mulher não sabia jogar aquele jogo, ainda mais quando sabia que tirara sua virgindade, quando muitas mulheres em sua idade já tinham uma vida sexual ativa.
A urgência de tomá-la para si estava imperando naquele momento.
-- Volte a sentar aqui, baby. – Bateu no próprio colo.
-- Não, pelo menos não até você me dizer o que devo temer. A Berlusconi estreitou os olhos ameaçadoramente.
-- Está atiçando meu desejo muito além do que posso controlar.
Era possível ver o brilho travesso nos olhos de Eduarda quando ela chegou mais perto, colocando uma perna sobre a coxa da médica.
O olhar arregalado da herdeira de Antônio pareceu divertir ainda mais a estudante.
-- Gosta da visão, doutora?
O quarto não estava escuro, porém estava em meia luz.
Angelina alisou a panturrilha da jovem, subindo até chegar as coxas.
-- Eu já estava molhada antes... Agora estou quase gozando ao observá-la assim... Ela tentou levantar, porém Duda fez pressão para que ela permanecesse sentada.
-- O que eu devo temer, doutora Angel? – Voltou a perguntar.
-- Ah, sim, deve temer... – Disse por entre os dentes. – Deve temer a forma selvagem que vou te comer se continuar me provocando. – Advertiu-a.
Eduarda mordiscou o lábio inferior.
-- É ? – Questionou em brasas. – Pode descrever para mim como fará isso?
A Berlusconi trouxe-a mais para perto, ficando muito próximo do sexo que se abria diante dos seus olhos. A cabeça da Angel chegou bem perto.
-- Seu cheiro me enlouquece... – Inspirou demoradamente. – Está desperdiçando mel, meu bem... – Estendeu a mão, tocando-a. – Posso chupar todo esse delicioso lı́quido.
Duda sentiu estremecer quando ela passou as costas da mão sobre seu sexo. Precisou se esforçar para não cair.
Porém quase desfaleceu quando a viu lamber a própria pele, limpando os resı́duos do seu desejo.
-- Seu sabor é único...
Eduarda a viu chegar mais perto e precisou se apoiar na cabeça dela, pois a boca pousou sobre seu sexo de forma esfomeada.
Realmente parecia que estava sendo comida, totalmente devorada pela médica.
Sentia a lı́ngua lambendo ao mesmo tempo que parecia chicoteá-la intimamente. O clitóris doı́a de tão enrijecido que estava.
Gemeu alto.
Segurou a cabeça da doutora para mantê-la cativa.
-- Ain... Angel... Hun... Adoro quando me chupa assim... Adoro...
Os lábios de Angelina pareciam brincar, mamando... Então afastou-se para abrir mais e poder penetrá-la com a lı́ngua.
Duda gritou de prazer, fazendo movimentos para que as investidas ocorressem de forma mais forte e rápida. Angelina executava o ato com perı́cia, mas interrompeu os movimentos.
Antes que Eduarda pudesse esboçar qualquer tipo de protesto, já foi segurada firme pela morena que levantou-se, tomando a boca na sua, beijando-a de forma selvagem, esmagando seus lábios com brutalidade.
A jovem Ferodini abriu o roupão da Berlusconi, adorando o contato das peles, adorando a sensação de prazer que sentia ao roçar seu corpo ao dela.
Esfregava-se a ela, sentia a umidade de ambas se misturarem, sentia coladas ainda mais.
A Herdeira de Antônio a fez se apoiar no encosto da poltrona, enquanto permanecia colada as suas costas. Dessa vez fora ela quem apoiara a perna no sofá, abrindo-se enquanto Duda roçava o bumbum em seu sexo.
-- Rebola para mim... Quero que me faça gozar assim.
Eduarda fez o que fora dito.
Adorou o som das fricções, adorou a pressão que era feito em seu traseiro... Senti-a poderosamente dominando o ato... Tomando-a mais uma vez...
Seu corpo executava uma dança sensual, esfregando-se na pele molhada e quase desfaleceu quando a mão da morena posou em seu sexo.
-- Agora vai ser mais gostoso...
Duda ouviu a voz rouca, enquanto sentia-se ser penetrada... Seu corpo aumentou mais os movimentos, ainda mais quando a pressão se intensificou.
As investidas eram fortes e em pouco tempo não aguentaria mais.
As respirações entrecortadas e os gemidos roucos enchiam o quarto. Em pouco tempo ambas atingiram um delicioso orgasmo.
No dia seguinte...
Angelina chegou ao hospital passando das nove horas.
Fora despertada cedo, mesmo tendo dormido quase nada, porém não tinha do que reclamar, pois tivera uma noite maravilhosa com Maria Eduarda.
Seguiu para a própria sala.
Tinha alguns papéis para examinar. Sentou-se!
Suspirou!
Desejava encontrar Duda, mas a garota saiu cedo para o apartamento, nem mesmo aceitou a carona que lhe oferecera.
Pelo horário ela já deveria estar por ali, seria maravilhoso vê-la. Abriu a gaveta e retirou uma foto que jazia no fundo do armário.
Naquela imagem a afilhada de Antônio era apenas uma adolescente, mesmo assim ainda exibia aquele ar travesso e atrevido. Encontrara a fotografia em meio as coisas do seu pai, porém o mais estranho é que também havia uma imagem sua da mesma época.
Sentia-se melhor, sentia-se mais forte e sabia que toda aquela transformação tinha nome. Já se levantava para ir procurar por Eduarda quando ouviu batidas na porta.
Quem poderia ser? E por que a secretária não anunciara?
-- Entre! – Ordenou om voz firme.
Mattarelli!
Seguiu até o professor, abraçando-o. O homem a estreitou forte.
-- Como está, meu anjo? – Perguntou tomando o rosto amado nas mãos. – Ontem te liguei inúmeras vezes, mas você não me atendeu e nem me retornou.
Angelina puxou uma cadeira para que ele sentasse, depois fez o mesmo.
O olhar de Henri a percorria minuciosamente, parecendo buscar respostas para suas perguntas.
-- O que houve?
A Berlusconi ficou alguns segundos em silêncio, olhando para a foto da mãe que jazia sobre a escrivaninha, depois voltou a encarar o antigo mestre.
-- Eu bebi muito ontem, então acabei não respondendo. – Disse simplesmente.
-- Passou a noite sozinha então? – Questionou desconfiado.
A médica respirou fundo, antes de responder.
-- Não! – Mordiscou o lábio inferior. – Passei a noite com a filha da amante do meu pai.
Era possível ver o aborrecimento presente no olhar de Henri.
Ele se levantou, deixando a jovem surpresa.
-- O que você quer com a Duda? – Perguntou irritado. – Ainda mais quando ainda está casada com a Patrı́cia.
-- Por que está falando assim? Desde quando se preocupa com a Eduarda? – Deixou a cadeira, voltando para atrás da mesa, sentando na enorme poltrona que pertencera ao pai. – Por que está irritado? – Cruzou as mãos abaixo do queixo.
O médico passou a mão pelos cabelos sedosos, seguindo até a porta, segurando a maçaneta como se desejasse sair, Ainda destrancou a porta, abrindo uma fresta, porém não saiu.
Tentando manter a calma, voltou-se para a antiga pupila.
-- Porque você está levando para sua cama a minha filha!
Não fora só Angelina quem demonstrou enorme surpresa naquele momento, outra pessoa ouvia tudo encostado pelo lado de fora do escritório.
Estou viciada!
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