Anjo caído -- Capítulo 16
As memórias de outrora pareciam imperar, enquanto Angelina permanecia parada na escada. Seus olhos arregalados pareciam ser bombardeados por flashes.
Era como se a emoção de estar se apaixonando pela Medicina retornasse como quando ainda não passava de uma menininha deslumbrada ou quando passava horas ouvindo os áudios das aulas que assistia tão encantadoramente.
Sentiu uma pressão no peito.
Henri Mattarelli!
Seu mentor, seu tutor, seu mestre...
Abriu a boca para balbuciar, mas o som não pôde ser ouvido.
Fora aquele homem alto, com cara de mau, que a apoiara em tantos momentos difı́ceis, ainda mais quando Antônio Berlusconi desprezara todos os esforços que a filha fizera para impressioná-lo.
Muito jovem entrara naquela área, ainda era uma adolescente quando chegou ao tão concorrido curso e nada fora fácil para si. Além das cobranças por muitos a acharem imaturo para ocupar uma daquelas cadeiras, também havia o peso de ser a filha de um famoso neurocirurgião.
Muitos torceram o nariz para a garota calada e de olhos negros.
Terminou os degraus que faltavam, sentia as pernas bombearem, mas seguiu, caminhando lentamente até o professor.
Fitou os olhos claros que pareciam prestes a chorar... Viu-se ali, presente naquele mar de ternura. Observou os braços abertos, sentiu o acolhimento que sempre buscara em sua vida.
Hesitou... Mas não por muito tempo, permitiu-se o consolo daquele que fora um dos seus pilares, um dos seus maiores sustentos.
Flávia obervava com atenção a cena, limpando uma solitária lágrima que lhe banhava a face. Angelina o estreitou ainda mais forte, demonstrando sua agonia... Seus medos... Apertou-o...
Negara-se a vê-lo quando toda a tragédia se passara. Afastara-se, pois se envergonhava por ter perdido todos os ensinamentos, por ter deixado de ser a brilhante médica que ele acompanhara em cada passo dado... Que a incentivara a ser sempre destemida e seguir os próprios instintos.
Quantas vezes aquele homem junto com Ângela lhe protegera da fúria de Antônio?
Lembrava-se de que Henri deixara de falar com o neurocirurgião, pois era totalmente contra a forma como o brilhante doutor tratava a única filha.
Recordava-se de uma vez ter fugido de casa... Sua mãe precisara viajar devido a alguns problemas em um dos hospitais e o marido praticamente a obrigou a sair do paı́s, já a amiga de infância, Flávia, estava em férias com a famı́lia e não pode recorrer a ela.
Sua fuga ocorrera depois de um dos seus professores ter ligado para o Berlusconi, avisando que a jovem tinha tirado nota nove em um teste surpresa. O multimilionário ficara possesso, humilhando-a, jogando-lhe na cara sua incompetência, gritando aos quatro ventos que se sentia desonrado pela incapacidade da garota de se sair bem, não levando em conta que fora aquela a melhor nota de toda a sala.
Naquele dia, a insegura Angel saiu tarde da noite e dormira na rua. Acolhendo-se embaixo de algumas lojas, tentando se proteger da chuva e do frio.
Quando já não sabia a quem recorrer, lá estava seu mestre, encontrando-a e cuidando-a até a volta da sua mãe.
-- Pequena doutora Anjo... – O som embargado de lágrimas se fez ouvir.
-- Não sou mais ela... – Encarou o professor. – Não sou mais ela... – Repetiu em um fio de voz.
-- Então quem é você? – Tocou-lhe a face.
Henri viu o choro sendo segurado. Observou os olhos que pareciam ainda mais negros se aquilo era possível.
-- Eu não sei quem sou... Observou o lábio trêmulo... Esboçou um sorriso emocionado.
-- Bem... – Tocou-lhe o nariz como sempre fazia. – Continua sendo minha doutora anjo.
Angelina voltou a abraçá-lo e dessa vez era possível ouvir os soluços de desespero, a dor que se mostrava tão concreta naquele momento.
Mattarelli estendeu os braços, trazendo Flávia para o sofrido abraço e lá permaneceram. Choravam as angustias da poderosa Berlusconi.
O apartamento minúsculo se localizava na periferia da grande cidade.
Tudo era bem arrumado, mesmo não tendo o luxo que o dinheiro podia comprar. Na verdade não se importava com isso. Adorava viver ali, era acolhedor, aconchegante.
-- Seja bem vindo a sua casa, Pigmaleão. – Sentou pesadamente no sofá com o pequeno nos braços. – Esse será o seu lar e vai precisar se comportar porque existe um sı́ndico chato e alguns vizinhos que não são muito agradáveis.
O roliço animal apenas a fitava como se buscasse entender o que a dona dizia.
De repente, o pug pulou para o chão e começou a latir, parecia procurar por alguém. Duda abraçou as pernas, apoiando o queixo sobre os joelhos.
Observou a TV que descansava sobre a estante de vidro. Quanto tempo fazia que não era ligada?
Lembrava-se da mãe, sentada ali mesmo, mandando a jovem fazer o dever de casa ou falando para ir lavar o cabelo...
Cecı́lia sempre fora um ser humano maravilhoso, solidário, gentil... Protegera a filha de todos. Amando-a sempre mais, para que assim a garota não sentisse a falta de uma figura masculina, de um pai.
Fechou os olhos.
Lembranças do Berlusconi invadiram sua mente.
Antônio sempre fora maravilhoso. Levava-a para passear, tomar sorvete, iam ao cinema juntos e passavam horas envolvidos em algum livro que ele trazia e pedia para que ela lesse para ambos. Houve momentos que o desejara como seu pai. Quisera ser a filha dele, tê-lo sempre ao seu lado...
-- Padrinho... – Sussurrou triste.
O que ele pensaria em saber que a afilhada amada se apaixonara por sua herdeira? Engoliu em seco.
Evitara pensar nela, mas era uma luta tão inú til que chegava a ser cômica.
-- Deus, ajude-me a tirar essa mulher do meu coração...
Por um fio não aceitara a proposta que recebera... Por um fio não dissera sim a ela.
Não sabia de onde tirara forças para deixar aquele quarto, não sabia como falara não diante daquele olhar que parecia tão sofrido e ao mesmo tempo frio e arrogante.
Encostou-se às almofadas.
Cobriu o rosto com as mãos, levando-as até os cabelos, colocando a franja para trás.
Os lábios ainda traziam o gosto dela... O cheiro da doutora estava impregnado em sua pele. Sentiu um arrepio na espinha ao recordar de tudo que vivera na noite passada.
Lembranças... Seriam apenas lembranças... Não a encontraria mais e isso era mais torturante do que saber que a única coisa que a médica queria consigo era seu corpo.
Cerrou os dentes...
Teria que continuar a viver... Iria à busca de um emprego... Não desejava dever nada a Angelina Berlusconi, ainda mais depois da proposta absurda que recebeu.
Vender-se!
Como um ser humano pode ser tão insensível ao propor algo do tipo?
Que ficasse com sua infinita conta bancária e a deixasse em paz para sempre.
O resto do dia transcorreu tranquilo na cobertura de Flávia.
Henri almoçara com elas, mas precisou ir embora, pois teria que se encontrar com o reitor de uma universidade.
A conversa girara apenas em torno das coisas engraçadas que ocorreram com os três no passado, tentando não tocar em nenhum fato doloroso para a médica.
Flávia terminou de tomar banho.
O relógio marcava quase vinte e uma horas.
Como não sairia mais naquela noite, vestiu uma camisola de seda na cor azul, em seguida um roupão combinando. Discou o número do celular de Eduarda, mas o aparelho apenas chamava, nenhuma resposta obteve.
José disse-lhe que deixara a jovem no apartamento. Esperava que ela não se metesse em problemas. Aprendera a ter um carinho por aquela jovem tagarela e estava disposta a ajudá-la.
Seguiu até a cama, sentando-se.
Fora um dia bom, ainda mais por ver a amiga menos introspectiva. Preocupara-se quando soube pelo motorista da visita de Patrı́cia, mas não conversara ainda sobre esse fato com a morena.
Levantou-se, prendeu os cabelos em um elegante coque, onde alguns fios jaziam soltos displicentemente, emoldurando e deixando-a ainda mais bela.
Deixou os aposentos, seguindo em busca da Berlusconi.
Não a encontrou no próprio quarto, então se recordou que ela adorava ficar na cobertura, permanecia sempre em uma das espreguiçadeiras, observando o céu.
Rapidamente foi até lá.
Sim, não errara em imaginá-la ali, apenas fora surpreendida pela médica nadando freneticamente, atravessando o enorme reservatório de água.
Acomodou-se em uma das cadeiras, esperando pacientemente ser notada, coisa que não demorara muito. Prendeu a respiração ao ver a médica subir as escadas.
Nua!
Estava mais linda do que antes se é que aquilo era possıv́ el.
Sentiu um arrepio na nuca... Teve a impressão que presenciava o nascimento da própria Vênus. Desviou o olhar sentindo o rosto corar.
Angelina seguiu até ela, colocando o roupão que estava sobre a espreguiçadeira. Amarrou-o lentamente em sua cintura, até deitar-se ao lado da amiga.
-- Pensei que estivesse dormindo ainda. – Disse, encarando-a.
-- Dormi mais do que o suficiente. – Fitou-a. – Surpreendi-me ao vê-la nadando... – Tentava controlar o tremor na voz.
-- Por quê? Sempre gostei.
A loira deu um sorriso tı́mido.
-- É verdade!
A morena fechou os olhos por algum tempo, aparentando ter adormecido.
A doutora Tavares ficou de lado, observando-a, sem conseguir disfarçar o encantamento que sentia por tê-la ali. Como desejava tocá-la? Como tentara inutilmente tirar de dentro de si aquele amor... Aquela paixão que parecia queimar ainda mais forte depois de todos aqueles anos.
De repente, a outra a mirou.
Via a advertência presentes no ébano.
-- Esqueça isso! – Disse por entre os dentes. – Não acha que já sofreu o suficiente alimentando esse sentimento?
Flávia pareceu surpresa com as palavras.
Fitou o céu que trazia escassas estrelas.
-- Não sei do que está falando. – Disse sem se voltar. – Acho que continua se achando demais, isso sim.
-- Não tenho culpa se seus olhos são tão transparentes. – Levantou-se, parando de frente para ela. – Você é linda, deliciosamente linda e por esse motivo cometi o erro de ter cedido ao meu corpo em um momento que eu não estava no controle de mim mesma.
A loira se levantou, pareceu irritada, magoada com o que ouvia. Tentou ir embora, mas foi presa pelo pulso e puxada por Angelina. Desviou os olhos.
-- Olhe-me! – A voz rouca e baixa ordenou. – Escute-me.
A médica fez o que fora dito.
-- Tente de todas as formas me esquecer... Eu nunca poderei fazê-la feliz.
Flávia mordiscou o lábio inferior.
Aquela era a primeira vez que tinham uma conversa clara sobre os seus sentimentos pela amiga. Lógico que sempre fora de conhecimento da neurocirurgiã o seu interesse, mas sempre fizera o possível para levar a relação ao âmbito da amizade.
Sabia que era vista apenas como uma irmã e também sabia que o sexo que tiveram fora um momento de fraqueza por parte da Berlusconi.
-- Não negarei que te amo, nunca neguei, mas há muito tempo entendi que entre nós seria impossível que algo acontecesse. – Tocou-lhe a face. – Quanto àquela noite, fora maravilhosa, mesmo sabendo que não deveria ter acontecido.
Angelina a abraçou. Era um pouco mais alta que a loira. Encostou o queixo no topo da sua cabeça.
-- Você nunca desistiu de mim...
-- Nunca desistirei...
Mais uma vez a morena a encarou e em seus olhos negros trazia aquela tempestade que já era conhecida.
-- Eu não sei mais quem eu sou... Não consigo me ver mais, não consigo encontrar a Angel de antes. Tenho a impressão que outra assumiu esse lugar... – Dizia em sua agonia. – Outra que desconheço, outra que temo, pois parece não ter coração... Insana... Juro que não desejo que essa te fira.
-- Todos mudamos... É natural, faz parte do nosso crescimento... – Segurou-lhe a mão. – Deite-se aqui comigo. – Pediu.
A herdeira de Antônio se deixou guiar. Permaneceram na espreguiçadeira, em silêncio. Ficaram lá... Ouvindo os sons da noite... O respirar e as batidas dos próprios corações.
-- O que a Patrı́cia veio fazer aqui? – Questionou depois de um tempo.
-- Tentar me seduzir...
-- E conseguiu? – Indagou relutante.
Depois de um tempo, ouviu-se voz da médica.
-- Não... – Negou firme.
Flávia deu um sorriso singelo, enquanto Angelina pensava em lindos olhos verdes que pareciam persegui-la incansavelmente.
Maria Eduarda Fercodini!
Onde estaria naquele momento?
Os dias passavam tranquilos.
Flávia convencera a amiga a ficar com ela por mais alguns dias, até que o apartamento que fora presente de Ângela estivesse pronto, pois decidira redecorá-lo.
A loira inúmera vez insistia para que a médica a acompanhasse ao hospital, mas suas tentativas foram vãs.
Barrara a entrada de Patrı́cia no edifı́cio e nenhuma ligação era passada para a herdeira de Antônio. Os advogados já entravam com o pedido de divórcio, mesmo que a psicóloga deixasse bem claro que não aceitaria essa separação.
Angelina seguia isolada naquelas paredes, até que Henri Mattarelli conseguiu persuadi-la a participar de uma palestra em uma universidade. Na verdade, ele usara como argumento de convencimento que a professora que o acompanharia tinha ficado doente e como aquela fora a área que a ex-aluna se dedicara a pesquisar em suas especializações, seria uma grande ajuda que ela estivesse presente.
Após se negar três vezes ao convite, acabou aceitando.
Na verdade fora algo bom, ainda mais porque precisava se distrair, pois ficar dentro daquele apartamento a estava deixando ainda mais irritada.
Sorte que havia muitos livros e sempre fora apaixonada por leitura, mas à noite seu sono não chegava e quando a embalava em seus braços, Orfeu trazia a imagem de Eduarda misturada com o acidente que ainda fazia-se presente em sua memória.
-- Você irá para a palestra? – Ester questionou à amiga.
Eduarda estava trabalhando no mesmo restaurante que a ruiva. Na verdade, só meio perı́odo, pois o dono não conseguia pagar o tempo integral devido a enorme crise.
Ambas estavam limpando os pratos.
-- Eu desejo muito ir. Meu professor conseguiu um ingresso e me deu. – Guardou algumas louças. A outra apenas assentiu.
-- E já pensou sobre o internato?
Duda encostou-se a pia com os braços cruzados sobre o avental, encarando-a.
-- Bem, é a melhor parte agora. Apenas preciso conseguir me sustentar.
-- E a mesada do seu padrinho? – Questionou.
-- Eu não quero receber esse dinheiro, ainda mais... – Desviou os olhos. – Você sabe o porquê.
Sim, Ester já ficara sabendo de tudo. A própria Eduarda lhe contara o que passou no último mês.
-- Bem, o dinheiro não é dela. Você está no testamento do senhor Berlusconi. Há uma cláusula que deixa claro que você recebera essa ajuda até que se forme e arrume um emprego.
-- Eu sei, mas... Mas prefiro realmente não ter mais contato com essas pessoas.
-- E a doutora Flávia? – Voltou a trabalhar. – Apesar de ter aquele nariz arrebitado, acho-a uma pessoa boa.
-- Ela me ligou algumas vezes, não a atendi, espero que também me deixe em paz. – Passou a mão pelos cabelos que estavam presos. – Não quero ter contato com nenhum deles. Estou muito bem assim.
Mentira!
Aqueles trinta dias foram os mais longos de sua existência e jamais admitiria que chegou a cogitar a possibilidade de ir procurar Angelina e aceitar o que ela lhe oferecera. Inúmeras vezes desejara aquela presença marcante... Perdera as contas dos momentos de fraqueza que seu corpo implorara por ela.
Ester a fitou demoradamente, perscrutando-a.
Duda sentiu o rosto corar, virando-se para pegar outros pratos.
-- E o Pigmaleão? – Mudou de assunto. – Como está se comportando? Muita bagunça? A jovem sorriu.
-- Muita e muita mesmo. Mas está tão lindo e fofinho. – Sorriu. – A` s vezes tenho vontade de apertá-lo bem forte.
Meu bolinho de carne.
Ambas gargalharam.
Continuaram o trabalho em silêncio, até a ruiva virar-se para a amiga.
-- Não acha que já passou do seu horário?
-- Sim, mas fiz um trato com seu Felipe. Vou ficar e te ajudar, pois assim você sai cedo e nós vamos juntas para a palestra.
-- Como assim? Não posso! – Parecia surpresa. – Não tenho quinhentos reais para dar em um ingresso desses.
Duda sorriu.
-- Ah minha flor, deixe comigo. – Abraçou-a pelo pescoço. – Entraremos nós duas e beberemos dessa fonte juntas.
Ester arqueou a sobrancelha esquerda.
-- O que está aprontando?
A garota nada respondeu, seguindo para ir arrumar as mesas.
O auditório da universidade estava lotado.
Todos pareciam ansiosos pela presença de Henri e quando ficaram sabendo que a brilhante neurocirurgiã, Angelina Berlusconi, estaria presente, em pouco tempo todos os lugares foram ocupados, sem falar que ainda havia muitas pessoas desejando participar, mas não havia mais vagas.
Eduarda e Ester estavam paradas, pois o segurança não permitira a entrada de ambas e Duda se negava a deixar a amiga.
-- É um absurdo!—Dizia a Fercodini. – Meu professor disse que não haveria problema em trazê-la.
-- Sinto muito, senhorita, mas não há mais vagas e se tivesse, irı́amos dar preferência aos que podem pagar. – Uma mulher de meia idade falou.
O murmurinho era grande no local. Muita gente deixara para adquirir a entrada nos ú ltimos momentos e acabaram ficando excluı́dos.
-- Dispersem-se! – A voz arrogante continuava. – Não há como entrarem.
-- Isso é um absurdo! – Bateu forte sobre a escrivaninha da recepcionista. – Primeiro cobram caro e depois tratam as pessoas como se fossem apenas cifras. Por isso que no mundo tem tanto profissional medı́ocre.
-- Se não baixar o tom, a tiraremos daqui à força. – Um dos seguranças ameaçou. Ester a segurou pelo braço.
-- Por favor, entre e veja a palestra, depois poderá me contar tudo. Você é boa nisso. – Sussurrou.
Eduarda se desvencilhou do toque. Estava furiosa.
-- Não sairei coisa nenhuma e vou gritar bem alto para que todos saibam como vocês roubam. Os seguranças a tomaram pelo braço, enquanto a menina esperneava.
-- Deixem-na! – Uma voz masculina carregada de sotaque se fez ouvir.
Os homens não pararam imediatamente, mas ao notar de quem se tratava, acataram as ordens.
-- Perdoe-me, senhor, mas essa jovem está fazendo baderna e já tı́nhamos avisado para que ela se comportasse. – A moça se adiantou.
Duda arrumou a roupa, fitando o homem alto que a encarava minuciosamente. Lembrou-se de vê-lo com a doutora Flávia.
-- O que se passa, senhorita? – Questionou.
-- O que se passa? – Enfatizou. – O que se passa é que as pessoas só pensam em dinheiro e não visam o aprendizado dos que desejam aprender.
Ester permaneceu ao lado da amiga.
-- Seja mais clara. – Pediu.
Eduarda observou os olhos claros tão parecidos com os seus. Respirou fundo e desatou a falar.
-- O que acontece é que esse tal Henri Mattarelli está cobrando uma fortuna para falar um monte de besteiras... – Parou pensativa. – Bem, não são besteiras, o homem realmente é um mestre, mas isso não justifica cobrar tão caro por duas horas de blablabla.
O segurança fez um gesto para calá-la, mas o professor o impediu com um olhar de advertência.
-- Prossiga. – Disse, tentando disfarçar o riso.
-- Então como eu dizia, está cobrando uma fortuna, eu ganhei o ingresso do meu professor e ele disse que eu podia trazer a minha amiga. – Apontou para a ruiva. – Mas esses brutamontes dizem que não vão nos deixar entrar porque está lotado lá dentro. – Terminou sem fôlego.
-- E por que não entrou sozinha se tem o ingresso?
-- Porque eu prefiro não ver essa tal palestrinha a ter que deixar a Ester aqui.
O homem exibiu um sorriso enorme. Voltou-se para os homens que se encontravam bloqueando a entrada.
-- Deixe que elas entrem! – Ordenou. – São minhas convidadas.
Os empregados assentiram imediatamente, enquanto o professor já seguia por outra entrada.
-- Nossa! – Duda exclamou espantada. – Por que esse homem bastou mandar e obedeceu, enquanto eu só faltei bater em você e só recebi negativas.
O chefe dos guardas se aproximou.
-- Porque esse que estava aqui é Henri Mattarelli. – Abriu a porta. – Agora entrem, enquanto não mudo de ideia.
Duda parou boquiaberta depois da informação e foi praticamente empurrada pela amiga para que seguissem para dentro do auditório.
Angelina já estava na sala reservada para os palestrantes. Flávia a acompanhava.
-- Você está linda, mesmo usando preto. – A loira ajeitou-lhe os fios de cabelo por trás da orelha.
A Berlusconi usava calça justa, camisa de botões, o sobretudo que estava todo abotoado, enquanto as amarras caiam sobre o corpo.
Usava luvas de veludo e botas de salto alto.
-- Henri já está lá dentro, em poucos minutos chamara você. – Beijou-lhe a face. – Estarei lá, torcendo por ti e muito feliz em vê-la sendo o centro das atenções.
A morena assentiu enquanto via a amiga deixar a sala.
Não podia negar que estava ansiosa, ainda mais porque fazia tempo que não participava de algo daquele tipo. Sentou na confortável poltrona, imaginando se estava pronta para encarar todas aquelas pessoas.
Começava a se arrepender de ter aceitado o convite quando a porta abriu.
-- Senhora, sua presença já está sendo requisitada. – Uma jovem sorridente a avisou.
Eduarda parecia hipnotizada diante das palavras do homem.
Realmente ele era um verdadeiro gênio e mesmo desejando ser pediatra, ele não só abordava a área de neurociências, mas pincelava sobre todas as especializações com uma sabedoria tão intensa que dava vontade de ouvi-lo durante todo o dia.
Algumas perguntas foram feitas e o professor parecia ter toda a paciência do mundo ao responder.
A menina estava verdadeiramente encantada. Quando já tinha um questionamento para fazer, ouviu a voz forte do convidado.
-- Bem, senhores, senhoras e senhoritas, sei que ainda não foquei no assunto que trouxeram muitos aqui, porém agora a palestra será direcionada para essa área. – Tomou um pouco de água. – Não foi fácil trazer essa pessoa aqui hoje, porém consegui. – Sorriu. – Bebam na fonte da sabedoria dela. Seja bem vinda, minha querida doutora Anjo, ou como vocês escutaram falar, doutora Angel Berlusconi.
Todos levantaram para aplaudir a neurocirurgiã, menos Duda que jazia parada no mesmo lugar sem acreditar nos seus ouvidos.
Então a viu e sentiu o coração quase pular para fora.
Trinta dias fingindo que nada acontecera, trinta dias tentando riscar o nome daquela mulher de sua agenda, trinta dias despertando de madrugada por ter sonhado com aqueles olhos negros, trinta dias inúteis em sua batalha contra o sentimento que fazia morada dentro de si.
Sentiu a mão de Ester tocar a sua.
-- Você está bem?
A jovem assentiu, dando um meio sorriso, voltando à atenção para a morena. Linda!
Ouviu o som da voz rouco ao microfone e lembrou-se de como aquele tom era excitante. Tentou prestar atenção as palavras que eram ditas, mas não estava sendo fácil.
Burra!
Passara um mês e Angelina nem mesmo a procurara. Lógico que fora apenas uma aventura, uma válvula de escape para seu isolamento.
A herdeira de Antônio fora muito bem acolhida e discorria sobre o assunto com total perı́cia. Era clara sua Inteligência e a admiração de todos que estavam ali, desde médicos com anos de experiência a estudantes que se aventuravam naquela área.
Ouvia com atenção as perguntas, até seu olhar ser capturado por uma jovem que estava na terceira fileira do enorme auditório.
Estreitou os olhos para ter certeza de que não estava tendo uma visão. Realmente seus olhos não estavam lhe pregando uma peça.
Duda!
A pequena tagarela estava lá e a fitava intensamente.
Observou quando ela se voltou para uma bonita ruiva que estava ao seu lado.
Sentiu um formigamento no estômago, nem mesmo conseguiu prestar atenção ao que fora dito, mas Henri percebeu sua distração e tomou a frente da pergunta.
Tentou não olhar a jovem, prestando atenção ao que era dito. Coisa que não estava sendo fácil, pois vê-la ali era como que colocar o dedo em sua ferida e cutucar até sangrar novamente.
Jamais admitira para ninguém como sentira a partida da Fercodini. Como fora difı́cil não a ver e tampouco ser desafiada por suas inconstantes tagarelice.
O próprio corpo reclamara a ausência e perdera as contas de quantas vezes se tocara pensando na estudante de olhos verdes. Porém em nenhuma dessas ocasiões sentira a mesma sensação de quando a tivera nos braços, de quando gozara em seu corpo... De quando a ouvira chamar por seu nome.
Tomou um pouco de água.
Muitas perguntas continuavam sendo feitas, todos tinham curiosidade sobre algo. Um senhor de idade levantou a mão e todos pararam para ouvi-lo.
-- Conheci o seu pai, excelente em seu trabalho, na verdade, sempre fui fã do senhor Berlusconi, porém percebo que a filha o superou em todos os sentidos. Mas o que não entendo é porque se manteve por tanto tempo reclusa, quando tem tanto conhecimento para compartilhar com todos.
Duda a fitou e imaginou se a médica esbravejaria naquele momento. Sentiu um desejo enorme de estar ao lado dela, segurando-lhe a mão... Surpreendeu-se ao ouvir as palavras dela.
-- Eu tive perdas que ainda não consegui superar. – A resposta fora calma e trazia traços de emoção. Um enorme silêncio se fez.
Henri a fitou, passando o braço sobre as costas eretas.
-- Imagino que sim, doutora, porém saiba que é muito bem vinda de volta e vamos ficar muito felizes em tê-la em nosso meio.
Um sorriso tı́mido se desenhou nos lábios bonitos.
-- Obrigada!
Mais uma vez, todos ficaram de pé, aplaudindo-a.
A palestra continuar por mais meia hora até que foi anunciado que Henri autografaria todos os livros, bastava que todos fizessem uma fila.
Angelina observou quando Duda se levantou.
Pediu licença e seguiu rapidamente até onde ela estava, tentando ser educada , enquanto muitos desejavam cumprimentá-la.
Deu a volta pelo outro lado, sabendo que se apressasse, a encontraria na saı́da e foi isso que aconteceu.
A garota seguia acompanhada pela a ruiva, quando foi detida pelo pulso. Não era preciso se voltar para saber de quem se tratava, o cheiro delicioso e o toque grosseiro eram conhecidos.
Encarou-a.
-- Preciso falar contigo!
Ester mirou a mulher de perto e conseguiu entender o motivo de Eduarda ter se apaixonado, a beleza da filha de Antônio era mais do que notável.
-- Sinto muito, doutora, mas não tenho nada para lhe falar. – Tentou se desvencilhar das mãos. – Está me machucando.
-- Venha comigo, prometo não demorar muito. Duda fitou a ruiva.
-- Que pena, mas já tinha combinado de sair com a minha amiga. – Provocou-a.
Só naquele momento o olhar da médica recaiu sobre a ruiva e não parecia nada amigável.
-- Ou vem comigo por bem, ou será obrigada a fazê-lo. – Ameaçou-a. – Escolha. – Soltou-a.
Observou a neurocirurgiã fitar os seguranças e imaginou se ela realmente teria coragem de fazer algo daquele tipo. Ainda pensou em arriscar, mas não queria envolver Ester em nenhum problema.
Respirou fundo.
-- Espere-me aqui, não demorarei.
Angelina exibiu um sorriso sarcástico, apontando a direção a seguir. Caminharam em silêncio até chegarem a uma sala.
Havia algumas cadeiras e uma escrivaninha. Um enorme quadro de vidro trazia algumas coisas escritas. Uma sala de aula.
Viu-a fechar a porta, travando-a com o tranco.
Manteve-se longe, vendo-a seguir até a escrivaninha, apoiando-se lá, examinando-a despudoradamente.
Corou!
-- Diga o que deseja! – Pediu. – Como disse, não tenho todo o tempo do mundo para lhe dedicar. – Cruzou os braços sobre os seios.
Angelina a examinava minuciosamente, parecendo não se importar com o que fora dito.
Os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo, usava uma camiseta branca, delineando o corpo e o colo bem feito, enquanto um jeans na mesma tonalidade ajustava-se perfeitamente às formas do quadril e as coxas.
-- Está mais magra! – Disse depois de infinitos segundos.
-- Ah, não diga que me chamou aqui para dizer isso. – Relanceou os olhos demonstrando tédio. – Posso me pesar e saber disso ou olhar no espelho.
A Berlusconi seguiu até ela, parando a poucos centı́metros.
-- Não está se alimentando direito? Se continuar assim ficará pele e osso.
-- Isso não é da sua conta! – Disse irritada. – Sabe de uma coisa, não perderei meu tempo aqui com essa conversa barata.
Tentou passar, mas foi detida pelo braço mais uma vez.
Angelina a levou até a cadeira giratória, sentou, trazendo-a para o próprio colo.
-- Às vezes você agi como a criança que é. – Segurou-a firme, pois a jovem se debatia. – Fique quieta ou vou acabar machucando-se. – Sussurrou em seu ouvido. – Eu só desejo que conversemos.
-- Deixe-me... – Tentava se soltar.
-- Pare... – Ordenou baixo. – Esses seus movimentos estão me deixando excitada... Duda parou imediatamente de se debater.
Aquela frase fora suficiente para lhe fazer sentir uma enorme pressão no abdome. Respirou fundo, tentando manter a calma.
-- Então diga logo, pois desejo ir embora. – Disse aborrecida.
-- Eu senti sua falta... – Falou ao ouvido dela. – Passei todos esses dias pensando em ti... – Mordiscou o lóbulo. – Até segui seu conselho...
A Fercodini pareceu confusa com a ú ltima palavra, então sua mente pareceu clarear.
Começava sentir que o número do sutiã era muito pequeno, pois tinha a impressão que os seios iriam pular a qualquer momento. Os mamilos doı́am ao contato com a seda.
Tentou ignorar os sinais que estava recebendo. Ficou ereta, evitando qualquer tipo de movimento.
-- Lembra-se do conselho que me deu?
-- Doutora, por favor, eu não desejo falar sobre isso. – Tentou cortá-la.
-- Por quê? – Questionou de forma sedutora. Descendo a mão até a braguilha da calça. – Você falou que eu deveria fazê-lo quando sentisse sua falta.
A Fercodini tinha a impressão que estava sendo hipnotizada, pois suas forças pareciam abandonar seu corpo.
-- Diga-me... – Passou a lı́ngua por toda a extensão da orelha. – Não seguiu a sugestão que me deu também?
Duda maneou a cabeça negativamente.
-- Por quê? Não pensou em mim? Não se lembrou de como foi gostoso quando a toquei. – Mordeu o lábio inferior. – Fico excitada quando lembro que você era virgem... Quando me lembro dos meus dedos te invadindo... Da minha lı́ngua abrindo o caminho para o paraı́so.
Sim!
Como lembrara, como fora perseguida por tais recordações, como sentira a pele queimar... Observou-a abrir-lhe a calça e não a impediu.
-- Deixe-me mostrar em seu corpo o que fiz nos ú ltimos dias... – Abriu o fecho frontal do sutiã da jovem, acolhendo os seios. – Redondos... Estão chamando por mim...
-- Estão? – Eduarda indagou, sem forças.
Observou o veludo que cobria os delicados membros. Tocou-as. Angelina sorriu ao senti-la retirando as luvas e não protestou.
-- Assim é mais gostoso? – Beijou o pescoço esguio. – Também prefiro sentir o calor da sua pele. – Apalpava os montes. – Sabe o que eu quero? – Perguntou com a voz cheia de tesão.
A Fercodini sentou de frente para ela, montando-a. Observou-a curiosamente.
Sabia que deveria sair daquele lugar imediatamente, correr para o mais longe possível daquela mulher... Mas não havia forças para tal ação.
-- Renda-se a mim... – Umedeceu o lábio superior. Duda viu a ponta da lı́ngua rosada.
Cerrou os dentes para não gemer.
A médica fitou os olhos verdes, vendo neles o desejo que refletia nos seus. Retirou-lhe a camiseta, parando embevecida diante dos seios nus.
Eram lindos... Redondos como uma laranja...
Com o polegar, massageou os mamilos até senti-los desabrochar como um botão de rosas.
Duda a fitava.
-- Eu imaginei minha boca mamando gostoso... – Passou a lı́ngua, circundando-o. – Imaginei seus olhos estreitos pelo desejo... – Chupou demoradamente o esquerdo, enquanto afagava o outro.
A garota inclinou a cabeça para trás, dando mais acesso. Gemeu ao senti-la mais intensa, mais brusca...
Desejava se despir e sentir o corpo nu colado ao seu imediatamente.
Eduarda lhe abriu o sobretudo, descendo a mão até a calça, apertando o sexo sobre o tecido. Observou o sorriso safado que se desenhou naquela boca bonita.
Tomou os lábios nos seus. Fazendo com urgência, agoniando-se pelo contato. Procurando a lı́ngua da morena, sugando-a forte, puxando-a... Mordendo-a.
Angelina levantou-se, livrando-se lentamente das roupas.
-- Dispa-se pra mim... – Pediu, enquanto executava o ato. – Quero vê-la nua... Duda hesitou...
Fitou a porta que jazia trancada, em seguida mirou a deusa morena que se exibia em toda sua perfeição. Linda!
Arrogante e orgulhosa, imponente como uma deusa. Trêmula, livrou-se das vestes diante do olhar quente. A médica voltou a sentar.
-- Venha... – Falou em tom imperioso.
A estudante caminhou até ela, posicionando-se de frente, encarando os olhos negros.
-- Tem certeza que não se tocou pensando em mim? – Desceu a mão parando sobre o sexo que já se mostrava molhado, porém deteve-se. – E então, diga-me...
A garota assentiu.
-- Sim... – Falou baixo, a respiração parecia acelerada. – Uma vez eu despertei com desejo de ti, então o fiz, fechei meus olhos e te imaginei lá...
A morena passou as costas mãos pela pele molhada... Observando-a aberta e totalmente úmida.
-- Como fez? – Questionou. – Assim? – Penetrou-lhe com o indicador. Ouviu-a gemer, como se sentisse dor.
-- Devo comê-la com mais frequência... – Retirou, invadindo-a de novo. – Está tão apertadinha... – Movimentou o dedo dentro dela.
Eduarda sentiu a face em chamas, mas ao mirar aquele rosto cheio de tesão, maneou o quadril.
-- Você gozou pensando em mim? – Depositou a boca no seio direito, continuando os movimentos.
-- Ahn... – A garota esboçou o som.
-- Diga! – Ordenou. – Gozou... Imaginando que eram os meus dedos fundidos em ti. – Invadiu-a mais impetuosamente.
Duda gemeu manhosamente, fazendo um gesto de assentimento com a cabeça. Movimentou os quadris, fazendo movimentos de vai e vem.
Cerrou os dentes para não gritar.
A neurocirurgiã segurou-lhe os cabelos que estavam presos, obrigando-a a fitá-la.
-- Você é minha... Minha... Minha... – Penetrava repetidamente.
Angelina sentia o próprio sexo latejar, implorando pelo mesmo que estava dando. Duda pareceu ler os pensamentos dela... Seguindo pelo caminho que já conhecia...
-- Serei sua... Da mesma forma que a requisitarei para mim...
Escorregadia... Pronta para si... Deliciou-se ao saber que a médica a queria tanto.
-- Também me pertencerá, doutora? – Penetrou-a delicadamente. Um sorriso se desenhou na face da Berlusconi.
-- Como posso pertencer a uma pirralha? – Provocou-a, não parando de tocar o sexo apertado. – Ainda é apenas uma menina...
A Fercodini estreitou os olhos.
-- Sou? – Retirou o dedo, invadindo-a em seguida duplamente. – Sou? – Impulsionou com mais força. Angel gritou surpresa.
Seu corpo moveu-se sob ela, sentindo-se trêmula. Eduarda beijou-lhe os lábios, sem cessar os movimentos. Mordiscou a lı́ngua da médica...
Invadiu-a novamente, depois retirou os dedos molhados, levando-os à boca da Berlusconi... Voltando em seguida ao sexo exigente.
-- O seu gosto é delicioso... – Sussurrou. – Passando a lı́ngua pelos lábios ú midos, demorando-se na cicatriz que repousava gloriosa sobre o superior.
A morena sorriu, segurando-a pelos quadris, sentando-a sobre a escrivaninha, de frente para si.
-- Mostre-se pra mim... – Ordenou. – Eu quero muito mais do que só isso. A jovem levantou um das pernas, exibindo-se totalmente para a amante. Angelina puxou a cadeira para mais perto, estando na altura perfeita.
Beijou intimamente os grandes lábios, deliciando-se com os pequenos... Mordiscou o clitóris. Agindo pacientemente, degustando a iguaria que decerto era presente dos deuses.
-- Veja o que eu imaginei nas minhas noites solitárias...
A lı́ngua lambia de baixo até em cima... Fazia como se experimentasse um picolé que estava derretendo e precisava ser rapidamente chupado para que nenhuma gota fosse desperdiçada.
Duda apoiou-se nas mãos, temendo cair... Quando sentiu a lı́ngua dentro de si, gritou...
Ela movia-se, explorando o caminho, deslizando... Em seguida, invadia-lhe mais impetuosamente... Mais fortemente...
Angelina decidiu usar também o dedo maior... Sentiu-a enrijecer, mesmo assim continuou...
-- Ain... Ah...Ain... Por favor... – Sussurrava com a respiração acelerada. – Termine... – Segurou-lhe a cabeça. – Eu preciso... Eu necessito... Ah... Ain... – Gemia.
A morena ouvia a respiração rápida, sabia que ela gozaria em breve e não desejava que isso ocorresse tão rápido... Cessou os movimentos, levantando-se. Ficando entre as pernas dela...
-- Darei o que deseja... Ah, como eu darei... – Afastou-se sobre protestos. Duda a observou.
Viu-a pegar as roupas para forrar o assoalho. Viu-a estender a mão, chamando-a e mesmo sentindo as pernas tremer, caminhou até ela. Deitando-se no leito improvisado.
Abriu os braços para recebê-la.
Angelina se ajoelhou diante dela, afastando-lhe as pernas. Levou dois dedos à boca, molhando-os bem para em seguida, fundi-lhes dentro dela.
Ouviu o grito... Mas esse não fora de dor... Viu a expressão de puro deleite, invadindo-a mais uma vez... Sentindo-a acompanhar os movimentos... Entregando-se sem pudor...
Quando a viu pronta, posicionou-se sobre ela, abrindo-lhe os grande lábios, buscando acolhida.
Duda sentiu os sexos se unirem e teve a sensação de que uma corrente elétrica passava por todo seu corpo. Moveu-se mais, acompanhando a dança que a outra executava.
A Berlusconi a fitava, a arrogância brilhava em seu olhar desfigurado pelo desejo e pelo prazer. Apoiava-se sobre os braços, enquanto balançava sobre o clitóris enrijecido.
-- Diga que me quer... – Falou contra os lábios rosados. – Diga que sentiu minha falta... – Esfregava-se a ela... Diga... – Ordenava.
A Fercodini tentou falar, mas não conseguiu de imediato, até sentir as palavras se formarem.
-- Sim... Eu a quero mais do que tudo e senti sua falta do amanhecer ao anoitecer... Senti sua falta...Ain... Senti... – Cravou as unhas sobre os ombros. – Senti sua falta... – Repetia debilmente.
Angelina sorriu, aumentando ainda maios os movimentos... Encostou a cabeça em seu ouvido, sussurrando:
-- Sinta... Sinta meu orgasmo explodir dentro de ti... Ah... – Gemia mais alto... – Goze dentro de mim, pois agora marcarei o meu território... Ah... Ain... Os meus domı́ni..os...
Os sons dos corpos se intensificaram ainda mais e entre o céu e o inferno, as amantes atingiram o ápice do prazer...
Gritando como animais em seu ato mais supremo.
A Berlusconi desabou sobre a estudante, enquanto a ouvia chamar repetidas vezes seu nome. “ Doutora Angel...”
Sentiu o beijo doce, desejando nunca maia deixar sua pequena tagarela.
Que escrita espetacular, parabéns !
ResponderExcluirVocê é uma escritora incrível. Melhor não tem!
ResponderExcluir