Anjo caído -- Capítulo 12
Os corredores escuros da enorme mansão Berlusconi exalavam apenas os sons do silêncio que se instalara em seu interior.
Angelina ouvia o eco dos próprios passos, sentia a respiração agitada, o sangue correr mais rápido em suas veias. A médica se mostrava inquieta, ansiando por algo que deveria esquecer para que mais problemas não surgissem em sua vida.
Seguiu para os aposentos, chegando lá, se dirigiu até a janela.
Rusticamente, puxou a cortina, permitindo que a luz do sol iluminasse todo o ambiente.
Por alguns minutos permaneceu ali, observando o vazio da estrada, a solidão que seus domı́nios estavam mergulhados em meio ao nada.
Passou as mãos pelos cabelos em desalinhos.
Por que tudo estava pior? Onde estava a sensação de passividade que adotou em todos aqueles anos de isolamento?
Antes não sentia falta de nada, era como se o mundo não lhe interessasse, mas agora ela penava com lembranças de fatos recentes.
Impaciente seguiu até o leito, deitando-se pesadamente de costas.
Não entendia o que se passava, afinal, há tempos deixara a fase da adolescência. Era uma mulher de trinta anos que já provara de muitas coisas e percebera como as pessoas eram cruéis e egoı́stas. Tivera o coração esmagado, quebrado totalmente e sabia que jamais se recuperaria do que passara... As cicatrizes de sua alma superavam as das suas mãos.
Observou como aquelas paredes estavam acabadas, sentia a frieza que saia delas e sabia que não chegavam aos pés do gelo que se apossava de si.
Eduarda olhava impaciente para Flávia.
A médica jazia sentada, a cabeça entre as pernas, evitando assim um contato maior com a estudante.
A cela ainda era algo acolhedor, individual, mas o delgado já começava a se irritar com a teimosia da loira de não falar onde estava a herdeira dos Berlusconis.
-- Diga a eles de uma vez onde está a Angelina! – Insistia mais uma vez a jovem.
O advogado conseguiu uma permissão para que ela entrasse e tentasse convencer a Tavares de colaborar com as investigações, antes que tudo ficasse pior.
Patrı́cia era esperta, fizera a denúncia de forma bem feita e articulada, tentando mostrar que todas as decisões referentes ao patrimônio da esposa tinham sido feitas pela médica e não havia nenhum tipo de registro ou pista de onde a morena se encontrava. Aproveitara a posição de esposa para angariar simpatias.
O advogado da psicóloga batia na tecla de assassinato como forma de se apossar da herança. Eduarda estava tão irritada que bateu nas barras que as separavam.
Flávia e fitou surpresa.
-- Se não falar, eu mesma falarei! Eu direi onde está a sua amiga, assim, essa loira esnobe para de besteiras.
A médica seguiu até ela.
-- Não fará nada ou eu mando você e seus amigos para a prisão. – Ameaçou-a. – Deixe-me em paz! Volte para a casa e permaneça lá, não preciso que arrume mais problemas para a minha vida.
-- Problemas?! – Falou incrédula. – Acho que estou tentando ajudar.
-- Não precisa! – Voltou a sentar. – Deixe-me em paz e volte para a sua rotina.
A jovem respirou fundo, afastando-se de lá.
Sabia que seria impossível conseguir algo dela, mas também não poderia permitir que a loira permanecesse presa.
Passou direto pelo advogado, ainda conseguiu ver a tal da esposa de Angelina. Ela estava lá, agindo como uma verdadeira viúva.
Pensou em ir até ela, mas sabia que não controlaria a própria lı́ngua, assim sendo, seguiu para fora, encontrando- se com José.
O motorista estava encostado à porta do carro, tinha os braços cruzados sobre o peito.
-- E então? – Indagou, não demonstrando muita esperança.
Ele fora proibido também de abrir a boca.
-- É uma pergunta retórica não é?
-- Eu disse que seria inútil.
-- Sim, mas não podemos a deixar ficar ali, presa, enquanto aquela azeda fica acusando-a de tudo o que não presta.– Caminhava impaciente pela calçada. – Temos que fazer algo. – Retornou para ele.
-- Deixe as coisas assim, a dona Flávia já disse para não nos metermos.
-- Como pode ficar tão calmo sabendo que sua patroa está presa? – Questionou com as mãos na cintura. – Por que não podemos dizer logo onde está a fera? Afinal, a esposinha está atrás dela, qual é o problema? Por que ela se esconde hein? – Estava cada vez mais curiosa. – O que há nessa história toda?
O motorista respirou fundo, ignorando a avalanche de perguntas. Duda voltou a caminhar de um lado para o outro, até que parou. Os olhos verdes brilhavam.
-- É isso!—Sorriu confiante. -- Vá buscar a fera, assim, ela resolve tudo, aparece e a Flávia sai da prisão e nós não teremos problemas com a loira.
José fez um gesto negativo com a cabeça.
-- Minhas ordens não permitem isso!
-- Vai deixar a sua patroa mofar lá? – Apontou para o prédio. – Sabia que regras foram feitas para ser quebradas pelo menos uma vez na vida?
-- Entenda que não posso agir contra as ordens dela, sem falar que não acredito que a dona Angelina viria. – Disse tristemente. – Como a convenceria? – Indagou incrédulo.
-- Como não? Meu Deus! Essa mulher não se preocupa com ninguém. Conte o que se passa, basta que ela venha rapidinho, dê um “ Olá, eu to viva” e depois pode voltar para a caverna.
O motorista precisou se segurar para não desatar a rir.
-- Vá para casa, menina, eu ficarei aqui e verei o que a doutora Flávia vai ordenar.
Eduarda respirou fundo, foi até ele, pegou a chave do carro que estava no bolso.
-- Bem, eu tentarei fazer algo! – Deu a volta entrando no automóvel rapidamente. José foi até ela, mas as portas já estavam travadas.
-- Abra, não esqueça que sua habilitação foi suspensa.
-- Então reze para que eu não seja pega em uma blitz.
O motorista se afastou, pois a garota saiu em alta velocidade.
-- Acho que minhas orações serão para Angelina não apertar o seu pescoço até lhe tirar a vida, isso sim. – Cobriu o rosto com as mãos. – O que direi a minha patroa?
Patrı́cia esperava ansiosamente para ouvir o que tanto desejava.
Fora esperta, seu plano era algo digno de um prêmio, mas ainda não obtivera o sucesso que desejava, pois a Flávia se negava a dar a informação necessária, pior para ela, ficaria naquela jaula, assim se vingaria da forma arrogante que fora sempre tratada.
Odiava a maldita loira e jamais permitiria que a esposa ficasse com ela, faria tudo o que estivesse alcance para destruı́-la.
Pegou o celular.
Havia algumas ligações de Adriana, mas preferiu não retornar naquele momento. Esperava ansiosamente que o advogado conseguisse a ordem para poder ver a médica.
Angelina levantou-se, tinha dormido um pouco, pois há dias não conseguia conciliar o sono.
Despiu-se totalmente, seguindo até o banheiro. Desejava um banho demorado, mesmo sabendo que a água deveria estar gelada como de costume.
Quedou-se lá. Deixando-se lavar, deixando-se relaxar os mú sculos. Levantou a cabeça, sentindo o lı́quido correr...
De repente sua mente fora assolada por lembranças de outro banho...
Apoiou-se nas paredes, pressionando as mãos, como se desejasse empurrar a estrutura.
Aquilo era desejo reprimido, afinal, sua vida sexual sempre fora muito ativa e esse celibato a deixava sensível a qualquer proximidade feminina.
Desligou o registro.
Os seios estavam tão excitados que o contato com o lı́quido era doloroso.
Hesitante, levou o polegar até o mamilo... Estavam rijos, desejosos de serem tocados...
Fechou os olhos... Teve a impressão de vê-la ali... Pensou nos lábios rosados, assumindo o lugar que suas mãos ocupavam naquele momento.
Ensinaria a forma que lhe deixava totalmente lânguida... A levaria consigo a explorar todas as formas de prazer. Imaginou a lı́ngua circundando-os, lambendo-os, mordiscando-o... Apertou-os...
Trincou os dentes para não gemer alto... Encostou-se ao concreto.
Deveria ter jogado aquela garota para fora no primeiro dia que ela parecera lá.
Uma das mãos desceu até o abdome liso, sentindo a aspereza de suas cicatrizes com a pele sedosa... Arrepiou-se.
Desceu mais... Sentiu os pelos ralos...
Recordou de como a mão atrevida de Duda já procurava lhe livrar da calça naquela madrugada... Mordiscou o lábio inferior...
Se ela tivesse tocado em si teria visto o tamanho do desejo... Tocou o próprio sexo...
Estava demasiadamente molhada... Fechou os olhos...
Pensou em como seria ser penetrada pela bela estudante... Possuı́da impetuosamente... Tocou-o de leve, apenas o clitóris... Apertou-a... Esfregou mais...
Afastou as pernas...
Gemeu... Chamou o nome dela baixinho... Apenas um sussurro quase inaudível.
Eduarda permanecia diante da porta do banheiro. Os olhos verdes arregalados, os lábios entreabertos.
Tivera que escalar o portão para entrar na mansão, pois não tinha a chave, sem falar no tempo que perdera buscando a médica por todos os inú meros cômodos, até se lembrar da janela que sempre a via.
Entrou lentamente, mas o quarto estava vazio, apenas roupas jaziam ao chão.
Recolheu o sutiã de seda... Instintivamente levando ao nariz, sentindo a essência dela que estava presente nele. Ouviu alguns gemidos...
Lentamente caminhou até o cômodo adjacente. Não entrou, apenas se manteve por trás da porta para não ser notada.
Pensou em voltar, mas a visão daquela mulher totalmente nua, com a cabeça inclinada para trás, tendo os olhos fechados lhe hipnotizou.
Observou-a minuciosamente. Seria ela uma deusa?
Como alguém podia ser tão bela?
Os seios eram tão redondos, bem formados... Suculentos... Prendeu a respiração para não despertá-la...
Baixou os olhos, examinando todos os cantos...
Ouviu o próprio nome... Ou estava sendo traı́da por sua audição?
Sentiu uma pressão no estômago... Ainda mais quando viu os dedos longos invadirem-na, soltando um gemido... Lentamente retornou ao quarto.
Sentou-se na cama!
As pernas estavam bambas... As faces queimavam... Pressionou as pernas uma contra a outra...
Sentia alguns espasmos...
A boca estava seca... Pigarreou para tentar se recuperar, mas o fez baixinho para não denunciar sua presença. Conseguia ouvir o respirar acelerado da médica ou seria a sua própria?
Fechou as mãos tão fortes que percebeu que estava se ferindo, aliviou a pressão. A verdade era que desejava voltar lá e assumir o que ela fazia tão deliciosamente.
-- Deus! – Sussurrou.
Aquilo era uma loucura, nem mesmo se entregara a alguém em sua vida, mas sabia por quem seu corpo ansiava.
Levantou-se!
Estava decidida em retornar, mas de repente a médica entrou no quarto. Angelina saiu do banheiro ao ouvir alguns sons.
Seguiu amarrando o roupão preto, ocultando a nudez. Ambas se encararam por infinitos segundos.
A morena observou o rosto corado, a expressão de surpresa que transparecia no rosto juvenil. Teria ela visto ou ouvido algo? O que fazia ali?
Tentou manter a calma, afinal, seu corpo não fora totalmente satisfeito e encontrar a mulher que povoou a sua imaginação, dominando-a por completo era um risco grande.
Fitou os lábios rosados, recordando que os imaginara em uma parte peculiar de sua anatomia.
-- O que quer aqui? Quem te deu permissão para entrar em meu quarto?
Duda fitou os olhos negros, viu um brilho diferente neles. As maçãs do rosto pareciam mais coradas... Sentiu curiosidade... Teria ela terminado o que fazia?
Aproximou-se.
-- Precisava... Precisava lhe falar... – Sussurrou.
-- Quem te trouxe ? Pensei que já não teria que vê-la mais.
Eduarda não imaginou que seria tão rechaçada, pois nos últimos dias que ficara lá imaginou que tudo estava bem...
Pelo menos da última vez que conversaram não fora tratada tão mal.
Respirou fundo para não perder a paciência com a forma que a outra lhe falava.
-- Preciso que venha comigo. – Falou diretamente. – A Flávia está presa e necessita da sua ajuda.
A morena estreitou os olhos ameaçadoramente, tomando-a pelo braço.
-- O que houve?
-- Estão acusando-a de ter dado um fim na herdeira dos Berlusconis. – Tentou se desvencilhar do toque, mas a pressão só aumentava.
-- Quem está acusando-a? – Indagou por entre os dentes. Duda não titubeou.
-- Sua esposa, Patrı́cia Berlusconi. – Enfatizou o nome da mulher, observando a reação da médica.
Os olhos pareceram ainda mais escuros, implacáveis... Notou o maxilar enrijecer.
-- De quem está falando?
-- Já disse, sua esposa está acusando a Flávia de ter sumido contigo, então preciso que venha comigo e mostre sua linda carinha.
Angelina a soltou, afastando-se.
-- Vá embora daqui agora! – Apontou a porta. – Deixe-me em paz, não deveria ter ousado aparecer.
-- O fiz por sua amiga, afinal, ela se nega a falar algo sobre ti para o delegado.
A morena seguiu até a porta, abrindo-a.
-- Saia! – Gritou. – Afaste-se de mim de uma vez por todas, deixe-me em paz!
A jovem Fercodini caminhou até ela, fitando-a intensamente.
-- Eu juro que não entendo como pode ser tão fria e ingrata. – Levantou ainda mais a cabeça, mesmo diante do olhar irado. – A Flávia sempre fez tudo por ti, até mesmo aceitou ficar em uma cela para não ter que dizer onde você se encontra, enquanto a sua esposinha a acusa das piores coisas... – Balançou a cabeça decepcionada. – Vocês formam um belo casal.
Antes que deixasse o quarto, a porta fora fechada violentamente e a jovem se viu praticamente jogada contra a estrutura de madeira.
Duda arregalou os olhos, assustada. Tentou se desvencilhar, mas a outra parecia possuı́da por um demônio.
-- Irei contigo... – Pronunciava com os dentes cerrados. – Farei o que for preciso para tirar a Flávia da cadeia... Mas quando terminar... – Levou as mãos ao pescoço da jovem. – Vou estrangular você com minhas mãos, quem sabe assim não paras de me perturbar.
Eduarda observou os olhos ficarem ainda mais negros. Os lábios tão próximos aos seus, o aroma gostoso da boca que demonstrava irritação.
Sentiu a morena aumentar a pressão em seus ombros, até soltá-la.
-- Espere-me lá embaixo, irei me vestir para que me leve onde desejar.
A estudante apenas fez um gesto de assentimento, antes de sair rapidamente do quarto.
-- E então, vai ficar calada para sempre?
Flávia levantou a cabeça, deparando-se com a odiosa psicóloga. Seguiu até as grades.
-- Acha que não sei que a minha entrada no edifı́cio foi barrada por sua ordem e não da minha esposa? – Acusou-a. – A pergunta é: O que você fez com a Angel?
A médica sorriu, gargalhando.
-- Imagino que você adoraria que ela estivesse morta, afinal, deve imaginar que herdaria algo... Sinto muito, linda, mas seu nome não consta no testamento.
-- E quem está? Você? Se nem na cama ela te queria...
Um policial adentrou o espaço, pedindo licença a Patrı́cia, abriu a cela.
-- O que está fazendo? – A loira questionou irritada. – Não pode soltá-la.
-- O delegado a espera em sua sala.
Flávia seguiu, tendo a outra ao seu lado.
Continuava irredutível. Não falaria nada sobre a amiga, nem que isso lhe custasse a liberdade. Ambas ficaram surpresas ao ver quem estava de pé, encostada em uma das enormes janelas.
Angelina usava as costumeiras roupas pretas, mas o sobretudo agora estava amarrado na cintura de forma elegante.
As mãos descansavam nos bolsos. Os cabelos soltos.
-- Bem, o que mais preciso fazer para provar que estou viva? – Indagou sarcasticamente fitando a esposa.
A Tavares parecia mais do que surpresa.
Jamais imaginou que ela viria ali.
Patrı́cia fitava a mulher. Lentamente seguiu até ela, encarando-a. Seu sorriso se desfez ao ver a expressão gélida da cirurgiã.
-- Angel... – Falou baixinho.
A Berlusconi passou por ela, sem ao menos fitá-la, parando diante da mesa do delegado.
-- E então? Podemos ir?
O homem apontou a cadeira.
-- Espere apenas que eu termine de preencher algumas coisas.
Eduarda observava tudo em silêncio.
Percebeu o olhar de Patrı́cia sobre a morena. Viu como ela fora totalmente ignorada pela médica. O que se passara entre elas?
Devia ter sido algo muito grave, mas então por que continuavam casadas?
Viu a forma como Flávia fitava a amiga e teve a impressão que havia muito mais por trás daquela amizade. Ao fitar Angelina, viu os olhos negros lhe inspecionando insistentemente.
O caminho até a cidade fora feito em total silêncio. Nem mesmo tivera coragem de iniciar uma conversa, temendo uma nova explosão, porém inúmeras vezes tivera a impressão de estar sendo observada de soslaio.
Sustentou o olhar forte, mas ao notar que ela mirava o decote da camiseta que usava, cruzou os braços sobre os seios, pois se sentia invadida desavergonhadamente.
-- Estão liberadas!
A Berlusconi foi a primeira a deixar o recinto, a psicóloga seguiu rapidamente atrás dela. Flávia foi até Duda.
-- Quem a trouxe?
Mas não esperou que a jovem respondesse, preocupada com o encontro das duas mulheres, caminhou até elas.
Angelina seguia até o carro, mas sentiu uma mão detendo-a pelo braço.
Voltou-se e se deparou com a mulher que um dia povoara todos os seus sonhos e pesadelos. Desvencilhou-se do toque.
-- Eu imploro que me escute.
Angelina chegou perto o suficiente. Era mais alto do que a loira.
-- E eu exijo que suma da minha vida novamente e deixe de usar o meu nome como se ainda tivéssemos algo.
-- Ainda sou sua esposa! – Disse com a boca cheia. – Ainda somos casadas! – Mostrou o anelar onde continha a aliança.
A morena a segurou pelo braço, arrastando-a praticamente até o carro, pressionando-a contra ele. José pensou em interferir, mas diante do olhar da médica, continuou no mesmo lugar.
Flávia e Eduarda se aproximaram.
Patrı́cia não parecia se assustar com a explosão, na verdade, seu olhar demonstrava desejo.
-- Lembra-se de quando você me tomava assim? – Sussurrou.
-- Sim... E isso me causa asco...
-- Não acredito!
-- Mas você vai acreditar quando receber a notificação do divórcio. – Soltou-a. – Enquanto isso, mantenha distância de mim!
Deu a volta entrando no carro, quando a loira fez menção de ir até lá, Flávia a deteve.
-- Deixe-a! – Exigiu.
Patrı́cia se soltou da médica, seguindo até onde estava a esposa.
-- Por hora te deixo, mas te provarei que fui tão vı́tima quanto você de tudo o que aconteceu. Duda apenas observava tudo perplexa.
Imaginava o que se passara entre elas e não conseguiu evitar sentir uma pontada de ciúmes quando a loira denotara a intimidade de ambas.
Seguiu até o veı́culo, junto com a Tavares.
Decidiu sentar no banco da frente, enquanto pelo espelho viu quando a loira tomou a morena em um abraço, consolando-a em silêncio.
Fechou os olhos porque vê-las era algo doloroso para si.
Pela primeira vez percebera um brilho diferente no olhar de Flávia. Era óbvio que ela estava apaixonada pela a amiga.
Mordiscou o lábio inferior, rezando para poder chegar logo à casa da loira.
Sabia que já podia voltar para o próprio apartamento e se livrar de uma vez por todas daqueles sentimentos que andavam lhe assombrando.
Alguns minutos depois, o carro entrou no rico edifı́cio.
Desceu e ficou surpresa quando Angelina fez o mesmo. Pensou que ela retornaria para a mansão imediatamente. Mais uma vez os olhares se cruzaram, mas ela não perdeu tempo tentando decifrar a expressão da mais velha.
Rapidamente seguiu para o apartamento, mas ao chegar ao elevador, teve que esperar, pois demorou. Pensou em ir pelas escadas, porém ao lembrar que teria que enfrentar quase trintas andares, desistiu.
Sentiu um alívio quando as portas se abriram, mas ao ver que Angelina também entrou, sentiu um pouco de pânico.
Apenas as duas estavam lá.
A médica seguiu até o painel, mexendo em alguns botões, fazendo a máquina parar. Antes que pudesse falar algo, foi tomada pelos ombros, sendo obrigada a encará-la.
-- O gato comeu sua lı́ngua? – Provocou-a. – Afinal, depois de tudo que se passou não ouvi nenhuma pergunta, mas consegui ver em seus olhos um mar de curiosidade.
Duda engoliu em seco.
-- Sua vida e seus problemas não são do meu interesse. O sorriso alto da médica era recheado de sarcasmo.
A jovem tentou se desvencilhar do toque, mas delicadamente foi pressionada contra a estrutura metálica.
-- Essa é uma piada nova? – Arqueou a sobrancelha esquerda.
-- Olha, doutora, deixe-me em paz e, por favor, faça esse elevador voltar a funcionar, pois desejo pegar as minhas coisas e voltar para o meu apartamento.
-- Quem disse que vai voltar para lá?
-- Já cumpri minha parte no que a Flávia mandou.
Angelina tocou o pescoço esbelto, baixando a mão até o decote.
Quando a garota tentou se afastar, foi surpreendida pelos lábios colando aos seus. Colocou as mãos entre ambas, evitando um contato mais intimo, porém foi surpreendida por um abraço.
Tentou resistir à carı́cia, mas acabou acolhendo a boca na sua, permitindo a dominação e buscando também dominá-la.
Encontrou a lı́ngua sedenta, tomando-a para si, chupando-a, sugando-a com sofreguidão. Angelina gemeu contra ela, surpreendida pela forma que o carinho a acendeu imediatamente.
Colocou as mãos por baixo da camiseta, sentindo os seios protegidos pelo sutiã. Abriu o fecho frontal, tomando-os...
-- Tire as luvas... – Duda pediu com a respiração acelerada.
A morena sorriu, afastando-se.
-- Pensei que tivesse um namorado? – Debochou. – É comum se entregar apenas diante de tão pouco?
Eduarda seguiu até o painel, acionando o botão para abrir a porta.
-- Pelo menos eu não me toco chamando o seu nome...
Antes de sair, ainda pode ver a médica boquiaberta e com o rosto vermelho.
Ahhh... estou amando essa história.
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