Anjo caído -- Capítulo 11



               O dia raiava na mansão Berlusconi.
        Os habitantes daquele lugar não pareciam terem conseguido conciliar o sono. Pesadelos assolavam os que dormiam e também aos que não conseguiram pregar os olhos de jeito nenhum.
              Angelina banhou, vestiu-se, seguindo direto para a ala leste.
              Não descansara nada. Sua mente apenas trazia pensamentos conflitantes, assustadores.
           Caminhava pelos corredores escuros, pensando o que deveria fazer para resolver todos aqueles problemas. Talvez passara tempo demasiado deixando que outras pessoas assumissem seus conflitos. Sim, perdera tudo, mas o mais importante agora era tentar seguir, mesmo que esse caminho não lhe levasse a lugar nenhum. Nunca desejara a piedade de ninguém, nem mesmo que a vissem como uma pobre vı́tima, por isso se escondera de todos, porém achava que já chegava o momento de deixar aquele casulo.
             Chegou até o pequeno quarto, abriu-o, entrando lentamente.
           As velas ainda queimavam e em um canto era possível ver Maria Eduarda dormindo. Pensara muito nela naquela noite...
            Agachou-se.
           Ouvia a respiração tranquila, o rosto bonito que expressava paz e tranquilidade, mesmo estando ela em um lugar como aquele.
             Fez um gesto para lhe tocar a face, mas ao ver a própria mão, hesitou.
          Suas cicatrizes eram tão feias que chegavam a macular a beleza que ela exalava. De repente os olhos verdes se abriram lentamente.
           Eram lindos!
           Pareciam um mar de água tranquila.
          Duda permaneceu no mesmo lugar, pois não sabia se aquilo era um sonho ou se tratava de uma realidade. Passara toda a noite tendo aquela mulher em sua cabeça e mais uma vez lá estava ela.
            O rosto estava bem próximo ao seu.
            -- Bom dia, senhorita. – A voz rouca a cumprimentou.
        Não era um devaneio então, a médica estava ali. Pensou em se afastar, mas havia algo deliciosamente maravilhoso naquela proximidade, mesmo estando furiosa com a Berlusconi por ter lhe prendido ali, mesmo com ganas de matá-la.
       -- Bom dia, doutora... – Respondeu em um fio de voz. – O que deseja em minha humilde masmorra? – Gracejou. 
        Angelina sentiu vontade de sorrir, mas não o fez, apenas continuou ali, observando-a minuciosamente, deliciando-se com o encanto dela.
             -- Ontem saı́ sem cumprir a minha parte no nosso acordo.
             Duda pareceu não entender do que ela falava, seu semblante denotava surpresa.
       -- Eu pedi uma informação e não cumpri o prometido. – Sentou no leito minúsculo, aproximando-se bem dela, até chegar ao seu ouvido. – O seu pulguento está bem, apenas não muito cheiroso...
        A Fercodini sentiu os pelos da nuca se arrepiarem com aquele som delicioso. A voz daquela mulher era gostava de se ouvir, ainda mais quando sussurrada tão perto.
      -- Por que mentiu dizendo que... Que os ratos iriam comê-lo? – Questionou, sentindo o cheiro gostoso que se depreendia dela. – Eu fiquei desesperada em imaginar o Pig sendo trucidado por roedores.
      -- Você mereceu isso, deveria agradecer por eu ter sido boazinha e não ter cumprido a minha ameaça. 
         Eduarda umedeceu os lábios, tê-la falando tão próximo de sua audição era algo muito excitante.
        Cruzou os braços sobre os seios, pois a camisola fina deixaria a mostra os seios que se rebelavam dolorosamente.
       -- Vai me deixar sair daqui? – Tentava distrair a mente das imagens que começavam a se forma em sua cabeça.
      -- Só se me der sua palavra que irá se comportar... Se agir de forma errada ou contra as minhas regras, eu terei que ser muito má contigo.
         A jovem sentiu algo em seu estômago ao ouvir as últimas palavras.
        Angelina se afastou, mas não saiu da cama.
         -- O que eu devo fazer então? – Indagou em um fio de voz.
         -- Apenas não fuja novamente e tampouco tenha contato com esse Bruno, na verdade, não quero que fale de mim para ele.
         -- Por quê?
         A médica se levantou.
         -- Chega de perguntas!
       A Fercodini também saiu da cama. Não fazia parte de sua natureza calar, pior, não estava disposta a morrer de curiosidade.
        A doutora a fitou de baixo para cima, observando o tecido se moldar deliciosamente as formas juvenis. Desviou a vista.
           -- Farei o que quiser... Apenas me responda uma única coisa.
         A Berlusconi ainda pensou em se afastar e deixar aquela garota presa para sempre naquele lugar, assim não teria que lidar com sua bisbilhotice, mas a verdade é que não se sentia bem em tê-la detida naquele ali.
           Respirou fundo, encarando-a.
          -- O que deseja saber?
          -- Quem é a loira que aparece contigo em algumas fotos na internet?
       A jovem estava pronta para ser jogada mais uma vez contra a parede, preparou-se para a explosão, para a fúria que explodiria a qualquer momento.
         Fitou-a, tentando prever o ataque, mas apenas conseguia ver uma expressão fria, inflexível... Observou o maxilar forte, os olhos se estreitarem.
          Recuou, mas o que esperava não veio.
         Angelina deu as costas, segurando as barras frias.
         Mordiscou o lábio inferior, respirou fundo, voltou-se para a garota.
         -- Minha esposa!
        Eduarda não imaginou nada assim, uma relação tão séria, desconfiara de que tinham algo, pois era evidente a intimidade entre ambas.
         Esposa!
         E onde ela estava naquele momento? Não deveria estar ao lado da doutora?
         -- Mas...
        -- Já respondi e nada mais será dito. – Interrompeu-a. – Vá para a ala norte e fique lá, estude para tirar notas boas e mantenha distância de mim.
        -- Não irá me ajudar mais?
    Angelina foi até ela, segurando-a pelos ombros, mas daquela vez não foi brusca, o fez delicadamente.
        -- Eu não sou uma boa companhia, na verdade, eu não consigo controlar meu temperamento e acredite, acho melhor que evitemos nos cruzar, vai ser melhor para ti e para mim.
        Duda conseguia ver temor naqueles olhos, mas do que ela tinha tanto medo? Talvez fosse melhor fazer como ela dizia, afinal, já provara da fúria da doutora e sabia como podia ser incontrolável a ponto de não conseguir resistir aos seus apelos.
            Engoliu em seco!
            -- Eu farei como diz. – Falou em um fio de voz.
            -- Ótimo!
       Observou Angelina se afastar, porém continuou ali, parada, tendo a mente invadida por inúmeros questionamentos.
          Caminhou até a cama, sentando novamente. Ela era casada com uma mulher!
        Isso martelava em seu cérebro o tempo todo, ainda mais quando relembrava o que se passara entre elas, quando recordava dos beijos, dos toques ousados que recebera no dia anterior.
           O que se passava na vida daquela mulher?
           -- Deus do céu! – Suspirou.
        O melhor era fazer como ela dissera, manter distância, ficar na ala norte até que chegasse o momento de retornar para casa. Deveria se esquecer de tudo o que se passou, mas não sabia se seu corpo teria sucesso nesse quesito, pois apenas o simples e inocente toque dela incendiava algo dentro de si.
            Cobriu o rosto com as mãos!
           Aquilo não deveria estar acontecendo. Precisava tirar aquela mulher de sua cabeça e lutar para que ela não entrasse em seu coração.




           Patrı́cia desembarcou no aeroporto, seguindo direto para o apartamento que ocupara quando era casada com Angelina, mas tivera uma surpresa que não imaginara que aconteceria.
         Sua entrada fora barrada prontamente e por ordem da senhora Berlusconi. Sorte que não dispensara o táxi.
              Pensou em ir para um hotel, mas recordou de uma amiga da sua famı́lia, alguém que sempre lhe apoiara muito e sabia de tudo o que se passara.
              Passou o endereço ao motorista.
              Fechou os olhos, pensando em tudo o que aconteceria com seu retorno, mas não descansaria, lutaria com unhas e dentes para conseguir ter a mulher de volta. Provaria para ela que também fora uma vı́tima da situação e usaria a paixão que Angelina sempre sentira por si para dominá-la mais uma vez.


               Os dias passavam e as coisas pareciam ter voltado ao seu normal.
           Eduarda se dedicava aos estudos e como prometido, não se aventurara pela mansão ou invadira o espaço da médica. Realmente era aquela a melhor decisão para tomar, pois uma proximidade entre elas só causariam mais problemas.
                 Sentou na poltrona com Pigmaleão no colo.
               Estava esperando José, ele a levaria para fazer as últimas provas na universidade. Acariciou os pelos ralos do cãozinho.
              Esperava com todo o coração que Angelina estivesse bem, verdadeiramente gostaria de vê-la nem que fosse por uma fração de segundos.
             Sufocara a atração, mas isso não significava que sua mente tinha se esquecido de tudo o que passara. Sua boca ainda sentia o gosto dela, da forma que os lábios macios se moviam ou do jeito que a lı́ngua parecia querer dominar todos os recantos de si.
           Nunca uma carı́cia mexera tanto com seu autocontrole. Sentiu os mamilos enrijecer ao recordar do toque...
                O som do celular a despertou. José!
               Levantou-se, pegando as coisas e a sacola do pug. Ficariam na cidade naquele dia.
            Angelina observou da janela, o carro estacionar em frente à mansão. Esperou poucos segundos para ver Eduarda sair.
             Como de costume o olhar dela se voltou para onde estava, porém daquela vez a médica não se escondeu por trás das cortinas. Permaneceu lá, fitando-a, matando um pouco da saudade que jamais ousaria admitir em voz alta.
             Sentira falta dela todos aqueles dias. Desejara vê-la, ouvir sua tagarelice infernal, até mesmo irritar-se com ela. Ficaram alguns segundos se olhando, até que Duda entrou no automóvel, seguindo imediatamente com José.


             O motorista levara Duda para a universidade, em seguida fora ao aeroporto receber a chefe. Estava muito feliz por ela está de volta.
              Viu a médica se aproximar, seguindo até ela, sendo surpreendido por um abraço.
              -- Nem acredito que estou de volta.
              -- Seja bem vinda a sua terra. – Sorriu.
              -- E como está a Angelina?
              -- Está lá naquele lugar, continua isolada nas paredes daquela mansão. – Pegou as bagagens e colocou no carrinho.
            -- Quero vê-la, estou sentindo um desejo enorme de poder olhar para aquele anjo que perdeu as asas. José apenas assentiu.
            Ele sabia do amor que a patroa tinha pela a amiga. Desde quando eram adolescentes era claro esse sentimento e sempre torcera para que a Berlusconi percebesse isso, valorizando, porém nunca acontecera.
            -- Acho melhor descansar um pouco. – Aconselhou-a. – Duda está na universidade, fará as últimas provas hoje.
              -- Que bom! Espero que ela se saia bem, assim será um problema a menos. 
              Caminharam em silêncio até chegarem ao carro.
              -- Você sabe que a Patrı́cia está aqui?
          -- A senhorita não me disse nada. – Colocou as bagagens no porta malas. – Como ficou sabendo? Flávia entrou no veı́culo. Sentou na frente, como sempre gostara de fazer.
              -- Diga-me! – José deu partida no veı́culo.
            -- Eu preferi não te falar, são tantas coisas que acho que lhe sobrecarrego com tanto problemas. 
               O motorista sempre fora muito mais do que um empregado.
             A médica perdera a mãe ao nascer e seu pai morrera dez anos antes, então fora acolhida pela famı́lia da Angelina e pelo fiel escudeiro que sempre estava ao seu lado.
            -- O porteiro do prédio onde a Angel morava com ela me ligou avisando que ela chegara lá e exigira entrar.
             -- Nossa! Essa mulher parece que não tem noção das coisas. O que ela deseja? Ser recebida de braços abertos?
           -- Eu não sei... – Olhou para os carros, arrumou os óculos na ponta do nariz. – Acho que a Angelina vai ter que dá um basta em tudo isso.
               -- Então contará para ela sobre a chegada?
               -- Sim! – Suspirou. – Preciso falar.
             O resto do caminho fora preenchido com conversas sobre a estadia da loira em Nova York e os projetos que trouxera para implantar na rede de hospital que administrava.




             Eduarda caminhou por entre as inúmeras mesas da lanchonete. Terminara antes do que imaginara as avaliações e tirara ótimas notas.
               Sentou em uma das mesas, uma que ficava meio afastada dos demais estudantes. Abriu a bolsa retirando um livro de dentro, folheando-o distraidamente.
                Não entendia o motivo de não se sentir entusiasmada por ter se saı́do bem nas provas, talvez por saber que agora retornaria para sua vida real, para seu apartamento, para a sua rotina.
             -- Deseja alguma coisa, senhorita? – A garçonete lhe interrompeu os pensamentos. 
               Duda fitou a jovem sorridente, deveriam ter a mesma idade, retribuiu o gesto.
             -- Um suco de laranja.
             A moça anotou, afastando-se.



              Eduarda voltava a atenção para a leitura quando uma voz familiar lhe chamou.
              -- Amor!
            Ao virar a cabeça, deparou-se com Bruno, ele vinha todo sorridente, acompanhado da mãe e de... Era a esposa da Angelina!
             Sentiu a carı́cia rápida nos lábios, mas seus olhos não abandonavam a imagem da bonita loira que exibia um meio sorriso.
           -- O que faz aqui? – Abraçou-a. – Vem, quero te apresentar uma grande amiga da minha famı́lia. – Praticamente saiu arrastando-a.
               Patrı́cia reconheceu a jovem de imediato, mesmo não tendo tido nenhum tipo de contato com ela, viu muitas fotos, pois Antônio tinha uma verdadeira adoração pela menina.
               A mãe do rapaz, Adriana, cumprimentou a garota secamente, na verdade não era segredo que ela não gostava do relacionamento do filho com uma jovem sem nome e nem posição social.
              -- Sou Patrı́cia Berlusconi! – Estendeu a mão. – Você não deve me conhecer, mas eu sou a esposa de Angelina, filha do seu padrinho.
                Duda relutou, mas aceitou o cumprimento.
            A loira era mesmo uma verdadeira obra de arte. O vestido vermelho modelava as curvas suntuosas, deixando a mostra parte das pernas torneadas. Os cabelos pareciam ouro, o rosto lembrava o daquelas bonecas de luxo.
           -- O que faz aqui, amor? Desde a ú ltima vez que nos vimos, tento te ligar e sempre dá desligado. A doutora Flávia está lhe trancando em uma masmorra é?
                Eduarda soltou a mão da mulher.
                -- Realmente o sinal não está muito bom! – Tentou se justificar.
            -- A minha namorada está sendo mantida escondida pela doutorazinha. – Bruno torceu o nariz, abraçando a jovem pela cintura possessivamente.
           -- E Angel? – A psicóloga perguntou fintando a garota. – Onde está?
                  Duda não sabia a justificativa, mas não gostara daquela mulher.
             -- Bem, a senhora acabou de falar que ela é sua esposa, então acredito que deveria saber onde está sua mulher. 
                Patrı́cia não gostou da resposta, na verdade, sua expressão deixava claro isso.
                -- Eu preciso ir. – Desvencilhou-se do toque. – Te ligo depois.
                -- Te acompanho. – O rapaz segurou-lhe a mão, indo com ela. Adriana fitou a loira.
                -- Essa menina se acha, viu a forma que ela te respondeu! ?
                -- Não se preocupe! – Sorriu. – Eu tenho um plano que trará a Angelina direto para mim.
                -- Acha que vai conseguir?
                -- Sem dúvidas!




                O dia passava lentamente. Angelina estava em seu escritório.
                Sentada na cadeira, repousava a cabeça para trás, os olhos fechados.
          Não se alimentara ainda, nem sentia fome. Não entendia o motivo, mas algumas coisas pareciam ter mudados por ali.
                A enorme porta se abriu, ela chegou a imaginar que era a Duda, mas lá estava a Flávia.
             -- Olá, senhora Berlusconi. – A médica se aproximou com um enorme sorriso. – Sentiu minha falta? 
                  A morena fitou-a.
                  As luzes das velas iluminava a médica.
                Os cabelos loiros estavam presos em um coque, os óculos de aro dourado repousavam sobre o afilhado nariz.
                    Era uma mulher muito bonita.
                   -- Não vai falar comigo? Apenas vai me encarar com essa cara de má? – Sentou.
                -- Pensei que ainda estivesse viajando? – Disse simplesmente. – Não imaginei que retornaria tão rápido, se eu soubesse não teria sufocado minha raiva.
                   A jovem Tavares a sentia diferente, os olhos tinham um novo brilho.
                   Levantou-se, indo até ela. Acomodou-se sobre a escrivaninha, cruzando as pernas.
                -- E o que eu fiz para merecer isso? – Esticou o braço, tocando-lhe a face. – Você está mais bonita do que nunca. 
                   Angelina respirou fundo, levantando-se, tomou-a pelos ombros.
                   -- Eu deveria te jogar dentro do poço!
                   -- Por quê?
              -- Porque mandou uma pirralha para a minha casa, um cachorro e tudo o quanto foi problema.
                  -- A Duda não é uma pirralha, já uma mulher. – Tomou-lhe a mão que estava protegida por uma luva. – Não percebeu isso, Angel?
                     A morena a soltou, dando-lhe as costas, seguiu até a janela.
                    -- Não me chame assim! – Gritou.
                     Flávia respirou fundo, indo até ela, tocou-lhe o braço.
                  -- Não fique assim! – Acariciou-lhe sobre o tecido grosso. – Estou com saudades de ti. – Virou-a para si. – Sabe, eu estava me lembrando de algo que sempre adorava de você... Seu abraço... Era sempre tão gostoso.
                    A Berlusconi fitou os olhos claros.
                 -- Se você me der um, prometo que irei embora agora e a deixo em paz por hoje. – Abriu os braços.
             Alguns segundos se passaram. A loira já imaginava que não receberia a regalia, mas de repente, Angelina a aconchegou em seu peito.
             Flávia sentiu o coração bater mais forte, senti-la depois de tanto tempo era a coisa mais maravilhosa que poderia lhe aconteceu.
               Apertou-a forte, sentindo-a pulsar, inalando o cheiro gostoso que sempre fora caracterı́stico dela.
               Permaneceram ali por algum tempo, até a Angelina se desvencilhar, deixando o cômodo sem falar uma única palavra.




                  Eduarda soubera por José do retorno da médica, mas naquele dia não a viu.
             Pensara em procurá-la, queria saber se ainda teria que ficar com a Angelina ou se não voltaria mais lá, porém o motorista lhe falara que ela tinha ido até a mansão Berlusconi e só iria buscá-la à noite.
               Seguiu até o quarto que ocupava no apartamento, deitando-se na cama. Não parava de pensar na tal Patrı́cia.
                  Agora entendia porque a filha de Antônio a proibira de falar com o Bruno sobre ela, só não entendia o motivo de ela está se escondendo da própria esposa.
                    Estavam brigadas?
                Só em imaginá-las juntas, algo dentro de si doı́a. Imaginar que da mesma forma que fora beijada pela médica... Sacudiu a cabeça tentando se livrar desses pensamentos.
                 Angelina não deveria tê-la beijado, afinal, era comprometida com outra, havia uma relação séria que a ligava a loira.
                  Irritada, levantou-se.
               Iria tomar um banho e tentar esquecer aqueles dias que passara com aquela mulher e rezar para não ter que vê-la mais.


                 Dia seguinte...
                 Flávia estava sentada na mesa para o desjejum.
             Viu Eduarda entrar na sala, observando a expressão fechada, nem mesmo foi cumprimentada.
              -- Bom dia, Eduarda! Como vai? – Ignorou a expressão chateada. Duda tomou um pouco de suco.
             -- Por que você me mandou para aquele lugar e não me disse nada? O que queria quando me isolou lá com a sua amiga? – Indagou, fitando-a intensamente.
              -- Eu estava apenas te protegendo! – Levou um biscoito à boca.
              -- Eu não sou criança!
             A Tavares já se preparava para responder quando sua empregada apareceu muito assustada, tendo dois homens bem vestidos ao seu lado.
            -- Doutora Flávia? – Um homem alto, magro e com cabelos grisalhos perguntou. A médica se levantou.
           -- Sim, mas o que fazem aqui? Não podem invadir a minha casa desse jeito. O segundo homem retirou um envelope do bolso, entregando-a.
               -- Temos um mandato de prisão contra a senhora.
               Eduarda seguiu até a loira, em atitude de proteção, tomou a frente.
               -- De que a estão acusando? – Perguntou.
               -- Usurpação e sequestro da senhora Angelina Berlusconi! Flávia parecia chocada.
            -- Mas quem a está acusando de um absurdo desses? – A Fercodini mais uma vez tomou a iniciativa.
               -- A senhora Patrı́cia Berlusconi.

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