A condessa bastarda -- último capítulo


                      A condessa fitou cada um dos rostos ali presente.
                    Contrariara as ordens médicas para estar ali naquele momento, tivera que discutir com a Maria Clara, pois ela temia por sua segurança, porém nada e nem ninguém a impediria de estar naquele lugar.
                 Sentiu uma pressão nas costelas, ainda doı́a, mesmo com os analgésicos que tomava. Talvez quando saı́sse da delegacia retornasse ao hospital, mas naquele momento não arredaria os pés dali.
             Encarou os olhos arregalados de Clarice e mesmo tendo muita raiva daquela mulher, observando-a agora, também sentia pena, pena por ela ter que conviver com a dor que causara a filha, pena por ela ter perdido tudo em nome de sua ambição cega.
                Recordou-se de Felipe que fora de grande ajuda, ele colocara um microfone na roupa da respeitada senhora e através dele, conseguiram recolher as provas necessárias para detê-los.
            Fizera questão de ouvir a gravação e ficou impressionada com a maldade daquele trio. Esboçou um meio sorriso para Alex.
               Conhecia-o desde que era uma criança e fora morar na fazenda. Ele sempre demonstrara interesse em sua pessoa e quando ficara viúva ainda tentara se aproximar, devido a isso muitas histórias foram inventadas sobre eles, tudo mentira! Jamais tivera qualquer tipo de interesse por tal critura, jamais se viu em seus braços.
                  Meneou a cabeça decepcionada.
                Não chegara a pensar que ele fosse tão desgraçado a ponto de tramar algo tão macabro.                          Estreitou as duas esmeraldas ao encarar Marcos.
                 Aquele não esboçava nada, apenas a covardia que era a mãe de suas ações.
                Sempre tivera certa raiva dele, achava-o oportunista, até manipulador, porém esquecera que personalidades como a dele trazia também junto a fraqueza de espı́rito.
               Lembrou-se de que suspeitara da forma amigável que ele aceitara o processo de anulação, agira como as cobras, traiçoeiros e preparando o momento certo para dar o bote.
             Não sabia como demonstrar a gratidão que sentia por estar ali naquele momento, por ter conseguido sobreviver e por ter alguém que a amava tanto ao seu lado a ponto de arriscar a própria vida por si.
            Quando tudo aquilo terminasse iria pedir, implorar se assim fosse preciso para que sua princesa a aceitasse como esposa, como sua companheira e dona por todos os dias de sua vida.
                -- Como?????? – Clarice balbuciou. – Você estava morta...
             Vitória observou as algemas que os prendiam e percebeu como eles tinham perdido aquela guerra.
              -- Não... Graças ao anjo que é a sua filha, estou aqui diante de ti... – Caminhou lentamente e com ajuda de Miguel, sentou. – Não tenho raiva por ter tramado contra mim, seus sentimentos nunca foram os melhores. – O tom baixo e rouco soava ameaçador. -- Porém quando penso que a Clara poderia ter morrido na tentativa suicida de me salvar, sinto vontade de apertar teu pescoço até ver se esvair teu último suspiro.
                A Duomont se encolheu diante daquela possibilidade.
                -- A culpa é sua... Minha filha se enfeitiçou por você... Sua culpa... – Dizia chorosa.
           A ruiva pareceu não acreditar na cena feita pela sogra. Deu de ombros, mirando os dois homens.
               -- Quanto a vocês... Gastarei até meu último suspiro para que nunca saiam da cadeia, pois é lá o lugar de lixos... 
               Marcos tentou atacá-la, mas um dos policiais o tomou, derrubando-o e imobilizando-o no chão.
                  -- Podem levá-los! – Valentina apontou a porta.
                 Podia-se ouvir os gritos da Clarice, suas lágrimas que naquele momento pareciam tão falsas quanto uma nota de quinze.
               -- Não sabe como estou feliz em vê-la. – A delegada parecia emocionada. – Peço que me perdoe por tudo o que passou, acho que fui injusta em muitos momentos e acabei não percebendo que era você a vı́tima de toda essa história.
                   A condessa estendeu as mãos sobre a mesa, tendo as da esposa do tio nas suas.
               -- Eu só tenho que te agradecer, você fez muito mais do que devia... – Piscou. – Hoje eu entendo o seu desejo secreto de me trancafiar em uma dessas celas.
                  Os três caı́ram na risada diante do comentário.
                  -- Acho que a Clara terá essa vontade... – Miguel provocou.


                  Dias depois...
            A condessa precisou retornar ao hospital devido às costelas, ficando por um tempo sob observação. Clara brigou até não ter mais fôlego com a amada e naquela manhã retornaram para a fazenda.
               

                 -- Acho que não vai ficar bom...
                Julieta fitou o rosto da jovem todo sujo de farinha de trigo.
                 Ficou horrorizada ao ver a bagunça que se encontrava a cozinha.
              -- Menina, em nome de Deus, que estás fazendo? – Começou arrumar algumas coisas. – Parece que um furacão passou por aqui.
                   A Duomont mordiscou o lábio.
               -- Queria fazer um bolo para a Vitória... – Limpou as mãos no avental. – Hoje é o aniversário dela... E mesmo eu estando muito brava e ainda não tê-la perdoada por ter sido teimosa, queria preparar algo, lembrei que você tinha dito que ela adorava bolo de chocolate.
                A empregada se encostou à pia, tentando não cair na risada diante da cena que se apresentava.
                         -- Onde está a condessa?
                         -- Dormindo! Está emburrada por eu ter dado uma bronca e...
                       Levou a mão a boca quando percebeu que quase dizia que tinha dormido no sofá, pois a ruiva tentou agarrá-la. Maria observou o rosto da veterinária ficar vermelho.
                        -- Ok, ok, eu irei te ajudar, mas por favor, tente não fazer tanta bagunça.
                         Clara ficou tão feliz que abraçou a boa senhora.
                         -- Suas mãos já estão boas? Não quero que as machuque.
                         -- Estão sim. – Beijou-lhe a face.


                        O quarto estava mergulhado na penumbra.
                 A condessa despertou, felizmente ao se mexer não sentiu mais a dor incômoda nas costelas.
                Não aguentava mais ficar em repouso, ainda mais quando a mulher que amava nem se aproximava, porque achava que a machucaria.
                  Discutiram na noite passada devido a isso, mas até tentava entender a posição da amada de não desejar machucá- la, porém seu corpo estava em desespero para tê-la em seus braços.
              A porta se abriu, Julieta adentrou o recinto, seguiu até a janela abrindo as cortinas, em seguida lá estava Clara. A morena trazia um bolo de chocolate cheio de velinhas.
                   Sorriu!
                   Nem mesmo se lembrava que era o dia do seu aniversário.
                Ficou emocionada quando as duas cantaram parabéns pra você e se sentiu grata por Maria está ali. Durante todos os seus anos, ela sempre lhe preparava um bolo e Vitor as acompanhava naquele momento.
                   Recebeu o abraço da esposa de Batista.
                  -- Que Deu lhe dê muitos e muitos anos para continuar perturbando as nossas vidas.                               Vitória sorriu tocada pelo carinho que via no olhar da sua fiel escudeira.
                   -- Obrigada!
                  A empregada deixou-as sozinhas.
                   A ruiva fitou o ar doce e determinado da jovem.
               Clara colocou a bandeja sobre a cama, em seguida sentou bem próximo a ela. 
                  A empresária limpou-lhe a ponta do nariz que tinha resquı́cios de farinha.
                   -- Feliz aniversário, meu amor. – Colou os lábios nos dela delicadamente.
             A condessa saboreou a maciez daquela boca carnuda e a forma suave que sua lı́ngua se movimentava. Segurou-lhe a nuca, trazendo mais para perto de si, abraçando-a forte, sentindo o contato dos corpos. Aprofundaram ainda mais a carı́cia, até que necessitaram parar para respirar.
                  -- Obrigada, meu amor... Esse é o melhor aniversário da minha vida. 
                   Clara pegou a bandeja colocando sobre o colo dela.
            -- Nossa, esse bolo tá lambuzado de chocolate, do jeitinho que eu gosto. – Passou o dedo levando até a boca. 
                 A Duomont observava, fascinada, os movimentos que ela fazia, lambendo tão deliciosa iguaria.
                Desde o incêndio não se amaram mais, aconteceram tantas coisas, ainda mais pelo fato da ruiva ainda estar convalescendo.
                  Meneou a cabeça para se livrar dos pensamentos conflitantes.
             Ainda não tinha tido coragem de ver a mãe, porém Vitória insistiu em pagar um bom advogado para tentar amenizar a pena.
                    A Duomont foi tirada de suas divagações por sua amada tossindo e cuspindo o alimento.
                    -- A Maria deixou queimar...
                    A expressão da veterinária foi de constrangida até não conseguir segurar a risada.
                   -- Fui eu que fiz. – Dizia sem conseguir segurar o riso.
                  A condessa a viu segurar a barriga de tanto gargalhar e acabou sendo contagiada por aquele som gostoso. 
                   Afastou o bolo, trazendo a jovem para os seus braços.
                  -- Perdão, moh, a Maria até que tentou... Mas eu acabei queimando... Então, a gente encheu de chocolate pensando que você não iria perceber.
                  -- Que safadas! – Fez cócegas nela. – Achas que não perceberia, eu amo bolo de chocolate, sei o sabor dele.
                      -- Eu pensei que ficaria bom...
                      -- Sei!
                      Vitória a deitou, pondo-se sobre ela.
                     Clara ainda gargalhava... Então a ruiva levantou-lhe a camiseta, abriu o sutiã, lambuzou a mão com chocolate, passando nos seios dela.
                 A Duomont a encarou, pensou em protestar, mas quando sentiu os lábios lhe tocarem a pele cálida, permaneceu quieta.
                   A Mattarazi circundou os mamilos, melando-os, depois lambeu um a um. Repetiu o ato de cobri-lo, porém a boca agora se demorou mais, sugando... Chupando até ouvir a amada gemer baixinho.
                    Retirou-lhe a camiseta, passando a mão pelo abdome firme.
                    -- Já sei como usar esse bolo... – Passou o dedo entre os seios até a braguilha da calça. – E já que você o queimou... Eu preciso comer algo...
                    A garota se apoiou no cotovelo, fitando-a.
                    -- Faça o que desejar, poderosa condessa, devo me redimir diante da senhora.
                 -- Ah, se vai se redimir, Branca de Neve... Eu exijo uma compensação. 
                 Clara mexeu o quadril, auxiliando-a a livra-lhe a vestimenta...
             A ruiva tocou a calcinha de seda... Sentindo a maciez... Beijou o tecido demoradamente, aspirando aquele aroma único.
                 Delicadamente, retirou-a, deixando-a totalmente despida.
                 -- Você é a mulher mais linda de todo o mundo... – Ajoelhou-se entre suas pernas. – Poderia se mostrar para mim? 
                A Duomont dobrou o joelho, em seguida, abriu-se, mostrando toda a sua essência feminina.
                  A empresária mordeu o lábio inferior cheia de desejo.
              Levantou-se, seguiu até a porta, fechando-a. Colocou a bandeja com a sobremesa sobre a cabeceira da cama. Mais uma vez retirou grande parte do doce, espalhando em sua coxa.
                 Cravou os dentes na pele, mas não de forma violente... Passou a lı́ngua...
             Clara se apoiou mais uma vez em seu braço para ficar observando tudo o que a outra lhe fazia.
               Rezou para que ela subisse mais e pareceu demorar um século para que isso acontecesse... Viu-a seguir até sua virilha... E implorou mentalmente por mais...
             Vitória a fitou, enquanto pegava uma grande quantidade de chocolate, passando na parte externa do seu sexo, enquanto com o polegar, sentia-a molhada...
                -- Sentiu minha falta? – Penetrou-a, enquanto lambia o chocolate. – Também necessitou desse momento? – Substituiu os dedos pela lı́ngua.
                 A Duomont abriu-se ainda mais e quase desfaleceu ao senti-la se movimentar no interior do seu corpo...
               Gemeu ao sentir o vai e vem delicioso, maneou o quadril mais rapidamente para senti-la mais forte, ouvia o som do sexo sendo arrebatado e ficou ainda mais excitada diante de tudo aquilo.
                  Segurou-lhe a cabeça para que ela não se afastasse...
            -- Ain, delı́cia... Eu sou sua... Sua mulher... Faça o que quiser comigo... Sua... 
                  As estocadas eram cada vez maior... Até os suspiros ficarem mais fortes...
             A condessa sabia que me breve sua mulher gozaria, porém desejava compartilhar aquele momento único com ela. Afastou-se, deitando-a de bruços, mesmo sob os protestos apaixonados.
                 Clara a sentiu se posicionar sobre suas nadegas, levantou um pouco para que a mão da ruiva pudesse tocar seu sexo.
                 -- Você me pertence... – Sussurrava em seu ouvido. – Sempre irá me pertencer... Minha... – Invadiu-a... – Minha. –
                 Invadiu-a mais uma vez.
              A Duomont a sentiu esfregar em si, movimentando-se mais e mais... Não demorou muito para que ambas gritassem em puro êxtase.


                 Alguns minutos depois, Clara descansava nos braços da amada.
               -- Acho que vou querer que você cozinhe mais vezes. – Sussurrou em seu ouvido. A jovem a fitou.
             -- Não, ainda me sinto decepcionada por meu bolo... Queria tanto te fazer algo de aniversário.

             -- Mas você fez, princesa, eu amei... – Arrumou-lhe o cabelo. – Esse é o melhor aniversário de todos. – Beijou-lhe os lábios. – Eu te amo...
                -- Eu te amo muito mais, Vitória Mattarazi.


               Já era noite.
               Valentina observava o marido se arrumar impecavelmente diante do espelho, seguiu até ele, abraçando-o por trás.
                -- Assim vou ficar com ciúmes... Estás um gato. 
                O advogado se virou para ela.
                -- Preciso caprichar, é o aniversário da minha sobrinha. – Deu-lhe um beijo rápido.
                 -- Imagino que ela vai amar o presente que você leva.
                 -- Com certeza! – Sorriu.


                 Clara seguiu até a casa de Maria e Batista.
                 -- São ordens da condessa que jantem conosco.
                 -- Mas, menina, de onde veio esse absurdo agora? – Batista protestou.
                 -- Bem, quero saber quem falará isso para a Vitória.
                  Depois de algumas discussões, acabaram aceitando, seguindo até a casa grande.


                  A mesa estava cheia de iguarias. Tudo fora preparado com muito esmero.
               A condessa ocupava a ponta, tendo ao seu lado sua amada, Além de Batista e Maria, também estavam presentes Felipe, Miguel e Valentina com o pequeno Miguelzinho.
               -- Tá uma delı́cia... – A delegada elogiou. – Vai ter bolo de chocolate? Vitória não pode evitar o sorriso malicioso ao fitar a Duomont.
                  -- Não sei, a Clara que anda se aventurando em fazer essas sobremesas.
                  Todos os olhares se voltaram para ela, observaram a face avermelhar-se instantaneamente.
                  -- E então, filha? Estou ansioso para provar da sua receita. 
                  A ruiva mordeu o lábio para não cair na gargalhada.
                  -- Eu... – Gaguejava a jovem... – Eu... A Maria fez. – Disse por fim.
               -- Sim! – A ruiva segurou-lhe a mão. – Mas a Maria que me desculpe, mas o seu bolo é muito gostoso. – Piscou atrevida.
                  Clara levou o copo a boca, tentando conter o aquecimento da pele.


                O jantar transcorreu animado e ao final seguiram até a sala.
            -- E como vai a fazenda, Felipe? – Serviu a todos com vinho, depois sentou na poltrona. – Sabe que em Junho necessitarei de cana de açúcar para a produção.
               Clara acomodou-se ao seu lado, sentindo os carinhos feitos em seus cabelos.
              -- Não terá que se preocupar quanto a isso. – O homem bebericou. – Eu mesmo cuido de tudo.

                 A ruiva assentiu.
                Miguel se levantou.
           -- Como hoje é o seu aniversário, trouxe-lhe um presente. – Abriu a parta, retirando um envelope. – Aqui está! – Entregou-lhe.
A condessa aceitou, abrindo-o, leu o conteúdo, esboçando um sorriso de felicidade.
               -- Esse foi o segundo melhor presente que ganhei hoje... – Deu-lhe a Clara. – Agora basta que o seu pai me dê a permissão de fazê-la oficialmente minha esposa.
                 -- Pode ter certeza que aceitarei todas as decisões da minha filha. – Levantou o copo em um brinde. – Que todos possamos ser felizes.


                    Dois dias depois a condessa precisou se ausentar devido um grave problema em uma de suas filiais.
               Desejou levar consigo a futura esposa, porém teve que deixá-la, pois a jovem estava resolvendo todos os tramites do casamento que aconteceria o mais rápido possível, sem falar que ela ficará  responsável por administrar a cidade.
                    Miguel estacionou em frente a fazenda.
                 Clara pedira que ele a acompanhasse até o lugar onde a mãe estava presa. Toda a trajetória fora feita em silêncio.
             A Duomont parecia perdida em seus próprios pensamentos, até chegarem a enorme construção de muros altos.
                   Vitória conseguira com um desembargador que o encontro das duas não fosse de forma tão fria, mas como a mulher ainda não tinha sido julgada, ele abriu uma exceção.
                      O advogado a deixou sozinha na sala e não demorou para que a mulher entrasse.
                   A jovem de inı́cio apenas ficou a observar e ficou consternada ao ver como aqueles quinze dias tinham apagados a energia e vigor que sua mãe sempre exibia.
                       Levantou-se e foi até ela.
                   Clarice parecia envergonhada, recuada e temente, então se sentiu abraçada fortemente pela filha, permaneceu quieta, os braços caı́dos nas laterais do corpo e as lágrimas lhe turvando a visão.
                    Lentamente, estreitou-a e pareceu que o tempo voltava no dia que a teve pela primeira vez em seus braços.
                  -- Por que veio? – Indagou, afastando-a. – Não desejo que volte a esse lugar. 
                  Clara lhe tomou a mão, fazendo-a sentar ao seu lado em uma poltrona.
                  -- Precisava te ver... – Disse em o fio de voz.
               -- Eu não mereço... – A mulher soluçava. – Não mereço o seu amor, arrisquei sua vida... Perdoe-me... – Ajoelhou-se diante dela. – Por favor, me perdoe.
                   A Duomont a levantou, fazendo-a se acomodar novamente.
                    -- O advogado irá ajudá-la, em breve sairá daqui.
                    -- Não! – Levantou-se. – Não desejo sair daqui.
                    -- Como não, mamãe? – Seguiu até ela.
                  -- Preciso pagar por tudo o que fiz. – Tocou-lhe a face. – Quando penso que por mina culpa você poderia ter morrido, sinto-me o pior ser do mundo, pois até os animais irracionais protegem suas crias, e eu não.
                      -- Mamãe... – Protestou.
                     Clarice fez um gesto para que ela silenciasse.
                     -- Seja feliz e deixe que sua mãe possa seguir o melhor caminho.
                     As lágrimas de ambas selaram aquele momento, o único em que a jovem Branca de Neve saboreou realmente o sentimento de amor materno.


                          Dias depois.
                          A noite já estava alta, as estrelas enfeitavam o imenso abobado.
                    Clara estava na varando do quarto, não conseguia dormir. Ansiava para que o dia seguinte chegasse, não apenas porque seria o momento de se unir oficialmente com a mulher que amava, mas também o seu regresso.
                        Deitou na rede.
                        Fitou o celular.
                      Esperava a ligação da amada, como fazia todos os dias desde que viajou. Esperava que ela não demorasse no dia seguinte, pois não gostara de jeito nenhum de saber que a futura esposa só chegaria no dia do enlace.
                        Pontualmente a viu chamar em vı́deo. Atendeu!
                        -- Boa noite, princesa Branca de Neve! 
                      A Duomont sorriu.
                     Observou-a.
                   Decerto tinha acabado de sair do banho, pois os cabelos estavam molhados, usava um roupão negro, estava deitada em sua cama.
                     -- Boa noite, senhora condessa. – Piscou. – Espero que suas malas já estejam prontas.
                     -- Acredite, meu amor, por mim, viajaria hoje mesmo, meu corpo clama pelo seu... Meus lábios necessitam dos seus beijos...
                     Clara sentiu um arrepio percorrer a espinha.
                      -- Amanhã estaremos juntas e saiba que não permitirei que viaje sozinha.
                      -- Nem eu quero! – Sorriu. – Desejo apenas ficar contigo... 
                        A jovem princesa bocejou.
                      -- Fica comigo?
                      -- Sim, meu anjo, durma que ficarei aqui velando seu sono.
                      -- Te amo, meu amor...
                      -- Te amo muito mais...
                  Vitória permaneceu ali, ouvindo a respiração da amada ficar mais tranquila, observou a expressão de paz em seu semblante.
                    Abraçou o travesseiro, fechou os olhos e ficou a imaginar que estava nos braços da veterinária.




                     Valentina e Miguel recepcionavam os convidados.
                    A celebração do casamento seria no pátio de trás da fazenda. O gramado verde forrava o a terra. Foram colocadas muitas cadeiras e toda a população da cidade fora convidada.
                     Havia flores em toda extensão, vermelhas e brancas.
                      As pessoas pareciam felizes e ansiosas para ver as noivas.
                      -- O juiz já está esperando. – A delegada avisou ao marido. – Onde está a sua sobrinha.
                  -- Já deve está vindo, o helicóptero já pousou. – Fitou o arco que fora montado para a passagem das noivas. – Nossa, a Clara está parecendo uma verdadeira princesa.
                        Todos os olhares se voltaram para a Duomont.
                   O advogado viu o celular tocar e lá estava a mensagem que precisava. Fez um gesto afirmativo para Clara.
                   A Duomont usava um vestido branco, de alças finas, e a seda se ajustava ao seu busto, sendo um pouco mais solto até os joelhos. Seus pés estavam descalços, usava uma coroa de flores e seus cabelos estavam soltos.
                      Felipe a levava e demonstrava o orgulho de conduzi-la pelo braço.
                    Miguel seguiu até onde estava a sobrinha e ficou maravilhado com a beleza estonteante da ruiva. O vestido era idêntico ao da futura esposa, usava a coroa de lı́rios, as madeixas ruivas brilhavam como fogo ao sol.
                       O advogado conduzia a bela Mattarazi.
                    Clara a fitava enamorada, demonstrando em seu olhar o encantamento por vê-la. Os de ambas pareciam atraı́dos por imã, os verdes agora demonstravam toda a felicidade daquele momento, os negros o amor tão intenso que trazia em seu peito.
                      Chegando diante da noiva, Miguel uniu a mão das duas.
                 Agora era vez de Miguelzinho. Todo vestido de branco, trazia uma pequena cesta as alianças do casal.
                O relinchar de Bastardo, fez com que as duas mulheres mirassem em sua direção. O garanhão exibia sua melhor cela e ao seu lado estava a linda Branca de neve.
                 -- Estamos aqui reunidos para unir em matrimônio essas duas jovens que através do amor decidiram seguir o mesmo caminho...
                  Valentina abraçou o marido, vendo como seus olhos pareciam emocionados, mas não era só ele, viu uma lágrima solitária banhar a face do Duomont e também sentiu essa mesma vontade de chorar, afinal, foram tantas barreiras para que elas chegassem até ali, tantos medos superados, ódios e mentiras, porém o amor fora mais forte e vencera aquela difı́cil batalha.


                   Três anos depois...
                   -- Conta, mamãe, quelo ouvir a histólia da condessa má.
                   Vitória sorriu, observando pela porta entreaberta a esposa inclinada sobre o enorme berço onde repousava duas garotinhas.
                   Suas filhas: Aline e Alice.
                Elas nasceram praticamente na mesma época, com dois dias de diferença. As duas mulheres decidiram fazer a inseminação e foram abençoadas com as duas crianças. Aline fora gerada por Clara e nascera com os cabelos vermelhos da condessa e olhos azuis, Alice fora gerada pela ruiva e essa trazia os traços da Duomont, melhor, da Duomont de Mattarazi.
                -- Contarei rapidinho, pois já está na hora de dormir. As meninas gritaram de felicidade.
              -- Era uma vez uma condessa muito linda que morava em um castelo cheio de escuridão... Ela era arrogante, orgulhosa... Uma dama de gelo! – Clara fitou os olhos das garotinhas, pareciam hipnotizadas.
                    -- Ela comia “kiancinhas”? – Aline indagou temerosa.
                    -- Não, mas era assustadora, ainda mais quando subia em seu garanhão negro...
                    -- Não esqueça de falar sobre a princesa de olhos de feiticeira.
                 As crianças vibraram em ver a empresária, dando os braços para serem pegas no colo. A ruiva inclinou-se, trazendo as duas para seus braços.
                  -- Mamãe ta contando a histólia da condessa de cabelo de fogo... Os olhares das duas mulheres se encontraram.
                       -- Eu sei... – Disse Vitória, fitando a esposa. – Ela adora esse enredo...
                     -- Termine de colocá-las para dormir, preciso banhar para descansar. – Piscou atrevida.                           A veterinária beijou cada uma das filhas, deixando-as sozinha com a Mattarazi.
                     -- Vai terminar a histólia, mamãe? – Alice beijou a face da empresária.
                     -- Sim, vou contar como a condessa má se tornou um cordeirinho doce e inofensivo.




             Era quase madrugada, a lua iluminava o quarto do casal, os gemidos de prazer podiam ser ouvidos, cheios de paixão.  Clara deitou nos braços da amada, exausta.
             -- Acho que precisamos dormir... – Fitou-a. – Amanhã terei muito trabalho na clı́nica. 
               Vitória lhe enlaçou pela cintura.
                -- Não esqueça que a Branca de Neve está quase para ter o herdeiro do Bastardo.
                -- Amor, é o segundo filho dele, você fala como se fosse o único. 
                   A ruiva tomou-lhe a boca.
                 -- O Bastardo é rico precisa de muitos herdeiros.
                  -- Igual você que já está a pensar em outros filhos?
               -- Bem, vai dizer que não adora isso? Nossas filhas correndo pela fazenda, brincando felizes.
                -- Lógico que adoro, mas ainda não decidi se gosto quando a mãe delas é muito permissiva.
             -- Ah, mais isso só acontece algumas vezes... – Tomou os seios da amada em suas mãos. – Mas eu te ajudo a cuidar delas... – Levou um dos montes à boca. – Até as levo comigo para o trabalho em alguns momentos.
                 Clara mordeu o lábio inferior, sentindo o corpo se excitar novamente.
            -- Acho até bom porque nenhuma sirigaita fica dando em cima de ti... 
            A ruiva girou, posicionando-se sobre ela.
               -- Não tem do que reclamar, até transferia a Larissa para Roma só para fazer suas vontades. – Desceu a mão até o sexo molhado.
           -- Depois disso, nunca mais você pisou na Itália sem a minha companhia. – Abriu-se mais. – Tenho que cuidar do que é meu... – Beijou-lhe. – E você me pertence, condessa bastarda...
                  Mattarazi sorriu, mordiscando a orelha.
               -- Eu te amo, Branca de Neve... Minha princesinha de contos de fadas...
               E naquela noite, mais uma vez o amor reinava no lugar onde um dia só houvera dor e tristeza, a felicidades começava deixar seus frutos.

Comentários

  1. Não tem como não amar essa história. Obrigada por posta lá novamente.

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  2. A melhor história, se bem que sou suspeita pois adoro todas...obrigada gen Padilha por ter voltado com sua escrita maravilhosa!!!!!😍😍😍💟💞💕❤😘

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  3. Essa é a terceira vez que eu leio essa história, e nas três vezes eu me emocionei. Já li muitas histórias, mais essa me prendeu de um jeito que não sei explicar, eu simplesmente amo essa história, amo as personagens, de todas as histórias qe eu já li, sem dúvidas essa foi e sempre será a melhor. 😍❤️

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  4. Essa história é simplesmente a melhor que já li e eu leio a tempos, li a primeira vez no lettera e nunca mais abandonei. Mas autora, como boa leitora, notei que falta um capítulo, o anterior desse, estou louca pra ler

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  5. Amo demas essa história já perdi a conta d quantas vzs a leio dsd o projeto lettera essa é a minha preferida

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  6. Confesso que também tenho uma paixão secreta pela condessa, eu mesma já reli inúmeras vezez e sempre que tenho tempo faço isso, amo essa história.
    Abraços!

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