A condessa bastarda -- Capítulo 33



                Miguel seguiu apressadamente atrás de Vitória, mas ela correu até o automóvel, saindo em alta velocidade em seu carro.
                O advogado retornou frustrado para onde estavam todos.
               -- Não a alcancei. – Disse tristemente, passando as mãos nos cabelos. – Ela não parou quando a pedi para parar. Clarice sentou despreocupadamente, como se não tivesse feito nada.
               -- Por que fez isso, mamãe? Por que disse aquelas coisas para ela? – Clara indagou mostrando total decepção.
              -- Só disse a verdade, afinal, a bastarda precisava saber que era sobrinha desse aı́. 
              Valentina caminhou ameaçadoramente até ela.
              -- Como ficou sabendo disso? Quem te contou?
              A nora de Frederico folheou despreocupadamente a revista.
              -- Ouvi a Clarinha falando com o pai, simples. – Sorriu para a delegada. Clarice se levantou.
              -- Agora vamos embora, Clara, o Marcos está louco atrás de ti. – Segurou-lhe o braço.
              A jovem se desvencilhou furiosamente do toque.
             -- Eu não irei a lugar nenhum, ainda mais atrás do Marcos, entenda uma coisa de uma vez por todas. – Encarou-a. – Esse casamento será anulado, só assinei aquele maldito papel porque temi pela vida da Vitória, mas agora nada me fará levar à frente essa palhaçada.
             -- Está louca? – A mulher parecia escandalizada com as palavras da filha. – Ele é o seu marido, foi prometida a ele desde que era uma menina.
             -- E acredite, eu nunca quis machucar ninguém, mas não podemos mandar em nossos corações. – Passou a mão pelos cabelos. – Eu estou apaixonada pela condessa, sim, pela bastarda como tu a chamas, eu a quero em minha vida e farei tudo para ficar ao lado dela.
               -- Só pode ter perdido o juı́zo...
              A Duomont não se preocupou com o surto demonstrado pela mãe.
              -- Dê-me as chaves do seu carro, Miguel, irei atrás da Vitória, tentarei falar com ela.
               O advogado pareceu relutante, mas sabia que se alguém podia falar com a ruiva naquele momento, essa seria a sua amada.
             -- Por favor, tente acalmá-la e me avise assim que a encontrá-la. 
             Clara assentiu, saindo em seguida.
             -- Ela está louca! – Clarice comentou ao vê-la se afastar. – Tudo culpa dessa miserável, vou matá-la. 
             Valentina a segurou pelo pulso.
              -- Saia daqui antes que eu a prenda porque já estou cansada dos seus ataques.
              A esposa de Felipe arregalou os olhos, mas ao ver a determinação no olhar da delegada, afastou-se imediatamente.
              -- Como a Clara pode ser filha dessa mulher?! – A delgada se aproximou do marido. – Tudo vai se resolver, pode ter certeza disso.
             -- Eu deveria ter falado a verdade para ela, esse tempo todo e eu nunca tive coragem de falar.-- Você temeu que ela não aceitasse bem, teve medo da reação dela.
             -- E agora? – Encarou-a.
             -- Agora temos que ter paciência e rezar para que a Duomont consiga acalmar a fera e quando isso acontecer você falará com ela e contará toda a verdade. – Abraçou-o. – Mas toda a verdade e não essas barbaridades que essa louca acabou de dizer.


            A condessa dirigiu, dando voltas por toda a cidade. Decidiu seguir até a fazenda, seguindo para o estábulo, nem mesmo selou Bastardo, montando em pelo.
            Batista foi a sua direção, mas ela passou por ele feito um raio.
            A ruiva sentia os cabelos sendo despenteado pelo vento. Não demoraria ao sol se por, mas a única coisa que desejava era ficar sozinha, longe de todas aquelas pessoas que fingiam demonstrar qualquer tipo de sentimento por si.
            Esporeou mais o garanhão, sentindo-o dar o máximo naquela cavalgada sem destino.
            Nunca em sua vida se preocupara em saber quem a trouxera àquele inferno. Nem mesmo tinha uma imagem dela, nem mesmo seu nome sabia.
            Passara toda vida odiando-a secretamente, odiando-a por tê-la trazido ao mundo, odiando-a por tê-la deixado sozinha, odiando-a por ter partido sem se importar em deixá-la com uma famı́lia que nunca a amara.
             Quem fora essa mulher que fora envolvida pelas teias de Vitório Mattarazi?
              Em toda sua vida, sua madrasta se referia a ela como sendo a empregadinha, a prostituta... Dentre tantos outros predicativos pejorativos.
              Estava tão distraı́da em seus pensamentos que nem percebeu que Bastardo a tinha levado até o rio. Permaneceu sobre o animal durante algum tempo, até que desmontou.
             Observou o enorme rio.
             Aquele fora um dos seus refú gios durante toda a vida...
            Sentou sobre uma enorme pedra, observando a água agitada, assim como ela estava naquele momento. Teria realmente sido fruto de uma relação de estupro?
              Sabia que o conde era um devasso, um canalha que não poderia ver uma bela mulher que corria para a sua cama. Quantas vezes ouvira as discussões da orgulhosa Kassandra? Quantas vezes a viu gritar com Vitório, ameaçando-o deixá-lo ou pior, ameaçando-o acabar com sua vida?
               -- Maldição!
                Por que as coisas não podiam ser diferentes para si?
               De tudo que se passou, só algo fora verdadeiramente maravilhoso e verdadeiramente valera a pena. Maria Clara Duomont!
             Temia destruir a vida da sua linda princesa, temia que seu gênio lhe afastasse... Temia feri-la... Destruı́-la com a escuridão que habitava em sua alma.


             Clara seguiu até a fazenda e descobriu que a condessa tinha saı́do com o Bastardo. Não podia seguir de carro, pois o automóvel não teria acesso a todos os lugares.
           Sabia que ainda não estava bem completamente, mas precisava de um cavalo e era isso que faria. Seguiu até o estábulo, não havia ninguém lá, só sua linda Branca de Neve.
          Observou que o animal pareceu feliz em vê-la, mas será que não seria jogada ao chão se a montasse? Bem, iria arriscar.
              Selou rapidamente a égua.
          -- Por favor, princesa, não me jogue, pois não sei se minhas pernas aguentariam mais uma queda...


             Alex seguiu até a delegacia.
             Valentina pareceu surpresa com a presença do jornalista, mas o recebeu.
             -- Preciso lhe entregar algo. – Depositou uma pasta sobre a mesa.
             -- Do que se trata? – Indagou curiosa, pegando o envelope.
            -- Queria falar com a Vitória, mas não tenho tempo para isso, então lhe entrego as provas que necessita para prender Otávio e Marcelo. Faça-o antes que eles tentem algo contra a condessa.
             -- Do que está falando? – Abriu o envelope.
           -- Não posso dizer muita coisa. – Levantou-se. – Aı́ tem gravações e documentos, tudo que precisa.
             -- Por que está fazendo isso?
          -- Por quê? – Virou-se para ela. – Porque eu passei a minha vida apaixonado pela poderosa ruiva. – Sorriu. – Passei a vida admirando a forma maravilhosa dela agir e não aceitarei que uma covardia a mate.
             -- Você era amigo do covarde... – Constatou.
             -- Não, eu tinha negócio com ele e agora não me interessa mais.
             A delegada observou o homem se afastar, abrindo rapidamente a encomenda deixada por ele.


            Clara já estava desistindo da sua busca quando se lembrou do rio e seguiu até lá, encontrando sua amada. Desmontou, seguindo até onde estava a amada.
             Vitória ao vê-la aceitou o abraço.
             Apertou-a junto ao seu peito sem nada a dizer, apenas sentindo o conforto de tê-la ali.
          Mesmo que vivesse mil anos era aquela mulher que desejava que estivesse ao seu lado, era aquele olhar doce e ao mesmo tempo forte que a sustentara por tanto tempo.
          -- Ah, minha condessa... – Sussurrou em seu ouvido. – Que bom que te encontrei. 
           A ruiva a fitou, segurando a face bonita em suas mãos.
      -- Você sempre vai me encontrar, não é, minha Branca de Neve, mesmo quando estou tão perdida... Clara circundou-lhe a cintura.
          -- É porque eu te amo tanto que te sinto. Vitória lhe acariciou os cabelos.
          -- Já está anoitecendo, não quero que corra o risco de uma cobra te atacar.
          -- Ela não se atreveria, todos temem a poderosa Mattarazi.
          -- Você também? – Arqueou a sobrancelha em zombaria.
         -- Com certeza... – Esboçou um enorme sorriso. – Vamos para casa? A empresária se afastou, mordendo o lábio inferior.
          -- Não quero!
          A Duomont deu a volta, ficando mais a sua frente.
         -- Meu amor, dê uma chance para o Miguel, deixe que ele explique tudo, não cometa o erro de acreditar nas palavras amargas da minha mãe.
          -- Você já sabia?! – Voltou a sentar na pedra. – Por que não me disse?
         -- Porque esse segredo não me pertencia, porque eu não poderia simplesmente te contar algo que fazia parte da história de outra pessoa.
           Vitória pegou um pedaço de cascalho jogando forte dentro da água.
          -- E por que ele não me disse? Nos conhecemos há muito tempo, ele viu o que eu passei, viu como fui massacrada pro todos...
            Clara tomou-lhe as mãos mais uma vez.
        -- Sim, ele viu e sempre esteve ao seu lado, mesmo quando reprovava suas ações, nunca te abandonou, nunca te deixou sozinha, mesmo quando sua arrogância era maior do que tudo, mesmo quando seus atos iam contra a tudo que ele acreditava. – Disse firme.
          A ruiva baixou a cabeça, parecia ponderar o que lhe fora dito naquele momento. Sim, ela estava certa.
         O amor do Miguel sempre fora incondicional e nesses anos todos ele nunca se mostrara interessado em seu dinheiro, chegara mesmo a se negar a receber um salário e só aceitou quando ela ameaçou demiti-lo.
          Quando Vitor morreu fora em seus braços que achara apoio, que encontrara um carinho fraternal. Tirando o irmão, fora aquele homem que lhe mostrara o que era o amor incondicional.
                 Levantou-se, estendendo-lhe a mão.
                 -- Vamos? Te dou uma carona no Bastardo. – Disse simplesmente. 
                 Clara deu um assovio e a bela égua apareceu.
                 -- Bem, condessa, acho que não será necessário.
                 -- Sua perna?
             -- Bem, essa já está mais do que perfeita, ainda mais depois dos exercı́cios de ontem... – Piscou ousada, montando no animal.
                -- Em seu currı́culo tem alguma especificação em domar feras? – Subiu no garanhão.
                -- Isso eu aprendi sozinha. – Saiu em disparada. A ruiva sorriu, seguindo-a.


                Valentina sabia que precisava redobrar a segurança de Vitória.
             Sua equipe já estava em busca de Otávio e Marcelo, mas os dois homens pareciam terem sidos tragados pela terra. Teve um encontro desagradável com Marcos, mas infelizmente não havia nada que o ligasse ao plano sujo do pai, porém havia algo nele que a inquietava, ainda mais depois de ouvir o depoimento da Maria Clara.
          Seguiu com os policiais até a delegacia, enquanto outros ficaram fazendo plantão nas residências dos dois homens. Discou o número de Felipe, precisava falar com ele, precisava fazer umas perguntas que deixavam o assassinato de Frederico um pouco solto.
                  Depois de algumas chamadas, ouviu a voz simpática do homem.
                 -- Preciso vê-lo. – Disse depois de cumprimentá-lo.
              -- Bem, delegada, não estou na cidade, vim ver um emprego aqui numa cidade vizinha. Então ele não deveria saber de nada que aconteceu com a filha.
                 -- Quando o senhor retorna?
                 -- Mas o que houve? – perguntou preocupado. – Aconteceu algo com a Clara?
                 -- Não, não, ela está bem, mas preciso do seu depoimento sobre a morte do seu pai.
                  -- Ok, amanhã mesmo estarei aı́.
                  Valentina agradeceu, encerrando a chamada.
               Pensou em ligar para o Miguel, mas imaginou que naquele momento ele deveria estar na fazenda Mattarazi tentando conversar com a Vitória.
                   Precisava ir para lá, precisava avisar do risco que ela estava correndo.
                   


                   Miguel estava na sala.
                  Julieta já tinha lhe dado um chá para que ele mantivesse a calma, mas ele estava cada vez mais aflito. Olhou para o relógio, já era tarde.
                   Estava decidido a ir atrás delas quando ambas apareceram.
                 -- Deixarei que vocês conversem. Vitória segurou-lhe a mão.
                  -- Não! Fique... – Pediu.
                  A Duomont assentiu, sentando-se ao lado dela. O advogado também se acomodou.
                   -- Quer que eu comece da onde?
                   -- O começo seria interessante...
                   Miguel fez um gesto afirmativo com a cabeça.
                -- Sua mãe e eu somos órfãs. – Começava pensativo. – Fomos criados em um abrigo. Eu era mais jovem do que ela...
                  -- Como era... – Relutou. – Como era o nome dela?
              -- Aline... – Sorriu. – Ela era linda, parecia um anjo, os seus lábios e nariz você herdou dela... – Fitou-a. – Ela era uma sonhadora, queria conhecer o mundo, trabalhar e me levar para morar com ela... Então por intermédio de outras pessoas, ela soube que uma famı́lia tradicional italiana necessitava de uma babá para cuidar de uma criança, então ela foi...
                  Entregou-lhe algumas cartas, voltando para o lugar.
               -- Ela não foi estuprada por seu pai como a Clarice disse... Você foi fruto de um grande amor que a sua mãe sentiu por Vitório Mattarazi... – Uma solitária lágrima escapou. – Ela se apaixonou pelo jovem garboso, poderoso e bonito... Ela o amou mais do que tudo e teria dado a vida por ele...
                  A condessa engoliu em seco.
                  Abriu um dos tantos envelopes e viu uma foto...
              Era uma bela mulher de cabelos negros. Ela sorria e tinha o olhar apaixonado, o conde a abraçava.
               -- Eu não posso dizer se o seu pai a amou, mas pelas palavras que ela me dizia, posso te garantir que houve muito mais entre eles do que apenas um caso...
                  A ruiva levantou-se.
                  -- E por que não me disse quem era? Por que passou todos esses anos calado?
                 -- Porque eu tive medo do seu desprezo, eu via como você se referia a sua mãe, via a mágoa que trazia e temi ser rejeitado.
                   -- Quem mais sabia disso? – Indagou com as mãos na cintura.
                   -- O seu irmão sabia e em muitos momentos pediu para eu te falar.
-- Por que não o fez? – gritou irritada. – Eu pelo menos teria alguém para estar ao meu lado, para saber que fazia parte da minha história. Você sabe como foi difı́cil para mim todo esse tempo... Não vou me fazer de vı́tima, pois esse papel não foi feito para mim, o que digo é que não suporto mentira, não suporto enganações e é assim que eu estou me sentindo.
                Miguel ainda abriu a boca para retrucar, mas diante da firmeza das palavras que ouviu, apenas fez um gesto afirmativo com a cabeça.
                    Vitória levantou-se.
             Seguiu até a lareira que enfeitava a sala, encostando-se a ela, dando as costas para os presentes. Clara fitou o advogado e percebeu o olhar desolado que ele exibia, depois observou a ruiva.
                 Conseguia ver que ela tentava controlar a raiva, podia perceber a tensão em seus músculos, em suas mãos que pareciam querer derrubar a parede.
                  Seguiu até ela, tocando em seu ombro. Sentiu se retesar.
                -- Mesmo não dizendo quem era, o Miguel sempre esteve ao seu lado... Não leve isso como uma traição, somos seres humanos e sentimos medo... Nem todo mundo é Vitória Mattarazi...
                  A condessa a fitou, mas antes que respondesse algo, Valentina apareceu afoita.
                -- Vitória, preciso que você siga para um lugar segurou, leve a Clara consigo, vá para Roma, pelo menos até eu conseguir solucionar os problemas.
               -- De que está falando? – A ruiva a encarou. – Não me esconderei de nada e nem de ninguém. Explique o que está acontecendo de uma vez por todas, delegada.
                   Valentina entregou as provas que Alex lhe deixou, em seguida, pediu que todos sentassem, falando detalhadamente o que estava se passando.
                    A condessa não parecia surpresa e tampouco alarmada com o que era dito, ao contrário de Clara.
                  -- Eu não acredito que o Marcelo seja capaz de tramar algo assim. – A Duomont começava. – Eu o conheço desde que era uma criança e sempre o achei o homem de caráter impar.
                     -- Com certeza... – Mattarazi falou em tom irônico. – Um caráter tão impar que dormia com a Helena, enquanto ela era casada com meu irmão, melhor, tão impar, que estava extorquindo o seu querido vovô.
                   A jovem Branca de Neve pareceu não só surpresa, mas também magoada com as palavras.
                     -- Do que está falando? – Levantou-se.
                    -- Frederico disse isso na carta que deixou para a Vitória. – Miguel se adiantou, tentando controlar o clima tenso que parecia se instalar.
                  -- Por que não me disse? – Encarou a condessa. – E você estava falando em não guardar segredos. 
                    A ruiva fitou-a por alguns segundos.
                -- Isso não vem ao caso agora. – Passou a mão pelos cabelos. – Mandarei a Clara para Roma, eu ficarei aqui, pois desejo acompanhar esse processo de perto.
                   O advogado se impacientou.
                    -- Você não entende que corre risco ficando aqui? Não percebe que é o alvo deles?
                    -- Ele está certo, Vitória. – Valentina intercedeu. – Pelo menos até que os prendam.
                    -- Eu não irei, ficarei aqui e continuarei vivendo minha vida.
                Todos pareceram frustrados com a atitude da ruiva que subiu as escadas sem falar mais nada.
                 -- Como pode ser tão teimosa! – A delegada fitou Clara. – Por favor, tente convencê-la. – Virou-se para o marido. – Vamos embora, tenho muita coisa para fazer.
                  Miguel abraçou a jovem Duomont.
                  -- Obrigada!
                  A jovem sorriu, observando-os partir.


                  A condessa sentia a água lhe massagear os músculos.
            O dia fora longo e parece que os acontecimentos não paravam. Clara chegou ao quarto, sentando na cama.
              Observou que a porta que dava acesso ao banheiro estava aberta e era possível ouvir o barulho da água.
               Pensou em ir até lá, mas sabia que se o fosse não haveria conversa entre elas. Sabia como seu corpo era traiçoeiro quando se tratava daquela mulher.
               Esperou pacientemente, até que a viu adentrar o espaço enrolada em uma toalha. A ruiva a fitou com um sorriso preguiçoso.
                 -- Por que não me fez companhia? 
                  A Duomont se levantou.
                 -- Eu não desejo brigar, então deixe seu sarcasmo de lado.
                 O sorriso da Mattarazi ficou maior. Prendeu-a em seus braços.
                  -- Você é linda... – Tocou-lhe os lábios, até senti-la corresponder ao beijo.
                Clara a abraçou pela cintura, sentindo-a a lı́ngua brincar atrevidamente, explorando cada canto... Chupando forte... Espalmou as mãos em seus seios, afastando-a.
                  -- Vamos para Roma, irei contigo, ficaremos lá até que tudo seja resolvido.
                 -- Não irei. – Balançou a cabeça. -- Estou começando as obras para a encanação das águas do rio, logo essas pessoas terão o que é necessário as suas vidas.
                 Clara se sentiu feliz em saber disso, mas a preocupação falava mais alto em seu coração.
                  -- Amor, vai ter tempo para isso, em breve tudo será resolvido e voltaremos para cá, por favor. – Encarou-a. – Eu morreria se algo de ruim acontecesse com você.
               Vitória segurou-lhe a mão, levando-a consigo até a cama. Sentou-se, colocando-a em seu colo. Escondeu o rosto em seu pescoço, inalando o cheiro da amada.
             -- Case-se comigo, Branca de Neve... – Mirou-lhe intensamente. – Seja minha esposa... Minha mulher... Te quero na minha cama... Em minha vida... Mesmo que seja para me desafiar ...
                  Os olhos da Duomont brilharam... Sentiu a garganta seca...
                 -- É o que eu mais quero... – Tocou-lhe os cabelos molhados. – Mas precisa se cuidar.
              -- Me cuidarei. – Sorriu. – Ainda mais agora que terei a honra de tê-la só para mim. – Beijou-lhe a mão. – Você irá para Roma, ficará  lá  e eu te encontrarei o mais breve possível.
                  Clara se levantou, irritada.
                    -- Você é terrivelmente teimosa.
                   Vitória a observou seguir até o banheiro e permaneceu onde estava.
                Não desejava discutir mais com a sua princesa, porém não fazia parte de sua personalidade se esconder de nada e nem de ninguém, lógico que tomaria todas as precauções para se manter em segurança, todavia sua maior preocupação era com a Duomont. Temia que eles pudessem, de certa forma, afetá-la, era ela o seu elo fraco.
                   Ouviu o som de água correndo, levantou-se, deixou a toalha cair e foi até a jovem.
               A Duomont estava irritada, tremendamente fora de si devido à forma da condessa encarar tudo como se fosse uma brincadeira. Será  que não percebia que estava a correr perigo? Ou será  que achava que era inatingível?
               Fechou os olhos tentando controlar a respiração alterada, mas sentiu mãos lhe abraçarem pela cintura. Sentiu a pele toda se arrepiar.
                   Desligou a água.
              -- Pensei que já tivesse tomado banho... – Tentou manter a voz firme. A ruiva pousou as mãos nos seios nus, beijando-lhe o lóbulo da orelha.
                  -- Senti calor...
                A morena sabia o que ela estava fazendo. Os mamilos se atiçavam diante das carı́cias, sentia os movimentos que a ruiva fazia em seu bumbum.
             -- Então... – Mordeu o lábio inferior. – A sua central deve estar com algum problema... Vitória beijou-lhe o pescoço esguio... Apertou-a mais contra a própria pele.
                   -- Acho que você quem está me incendiando... – Pressionou-a contra o Box.
                Clara espalmou as mãos no vidro... A lembrança do que acontecera na capital... No dia em que a empresária viajara para a Itália.
                  Sutilmente foi conduzida para mais perto da hidro.
            Observou uma das mãos deslizar por seu obdome... Descendo até seu sexo... Empinou o quadril, maneando-o lentamente... Ouvi-a gemer baixinho... Continuou...
           Vitória observou o olhar da amada... Fitou os olhos negros... Sentia-se fascinada em ver naquela face tão linda e doce o desejo estampado tão selvagem.
                -- Está bravinha comigo? – Sussurrou, sentindo a umidade em seus dedos.
             A veterinária continuou encarando-a... Apoiou a perna no batente que levava a banheira, desafiando-a.
              Rebolou... Sentiu-a molhada... Ouviu o grunhido animal... Sabia que ela estava entregue, mas a Duomont estava lutando para não se render ao desejo. Usaria todas as suas fichas para tirá-la totalmente do controle.
               Recordou da época que fizera aulas de dança, ficara encantada com a liberdade que a dança do ventre lhe proporcionava...
             A condessa abriu-se mais, o suficiente para senti-la presa em seu próprio prazer. Esfregou-se... Clara a sentiu totalmente fora de si...
             Tomou-lhe os lábios cheios, beijando-a, saboreando o gosto divino da ruiva... Vitória segurou-lhe os cabelos, mantendo-a cativa...
                  De repente, a Duomont cessou os movimentos, segurando-lhe as mãos.
               Viu os olhos verdes ficarem mais escuros do que a noite tempestuosa, observou o estreitar animal. Afastou-se.
                 -- Quê... – A ruiva parecia confusa.
                A veterinária pegou o roupão, vestindo-se e só depois a fitou.
               -- Enquanto a senhora não aprender a ser flexível em suas decisões, não farei amor contigo.
               Mattarazi observou-a se afastar... Seu corpo doı́a... Sedento por sua Branca de Neve...

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