A condessa bastarda -- Capítulo 31
O grito de Maria Clara assustou Vitória.
-- O que houve? – Levantou-se rapidamente sentando ao lado dela. – O que foi?
A ruiva observou o olhar arregalado da garota, parecia presa em outro mundo. Tocou-lhe a face.
-- Fale comigo, o que se passa?
De repente os olhos negros encararam a Mattarazi. Pareciam examiná-la, estudando cada parte dela, cada gesto, cada detalhe daquele rosto.
-- O que houve, amor, está sentindo dor? Diga. – Levantou-se. – Irei buscar o médico.
Mas a Duomont não a permitiu, segurando-lhe a mão, detendo-a.
-- Eu... eu estou bem... – Falou baixinho. A condessa voltou a sentar.
-- Tem certeza? Mas por que gritou? -- Tocou-lhe a face. – Teve alguma lembrança? Por isso se assustou? – Perguntou entusiasmada.
Clara sentiu o ar faltar aos pulmões.
Vitória imediatamente pegou a bombinha de ar, entregando-lhe.
Observou o semblante da amada e ficou a imaginar o que a teria chocado tanto. Será que fora algo relacionado a si ou outra recordação que a assustara?
Ajudou-a sentar, permanecendo pacientemente ao seu lado, até perceber que ela já parecia bem melhor.
-- Diga-me agora o que houve. – Pediu.
A garota deixou de lado o apetrecho, em seguida fitou as duas esmeraldas brilhantes. Clara umedeceu os lábios.
-- Vitória... – Começou relutante. – Como pude me entregar a ti se estava noiva de outro?
-- Então essa foi a visão que teve? Viu-nos fazendo amor?
A neta de Frederico passou as mãos pelos cabelos, parecia assustada.
-- Como pude fazer isso com o Marcos? Ele não merecia.
A condessa segurou-lhe o rosto carinhosamente, observando o olhar perdido.
-- Não se sinta culpada, acabamos nos apaixonando, fomos guiadas pelo sentimento.
A Duomont lhe afastou a mão, mostrando-se indignada.
-- Não você! Eu vi, ouvi suas palavras claras dizendo que dormia com a sua engenheira e depois fazia comigo.
Vitória ficou perplexa com o que fora dito.
-- De que você lembra mais?
-- Acho que já recordo o suficiente para saber que você não presta. – Dizia em lágrimas. – Como fui capaz de trair meu noivo com alguém como você?
A ruiva se levantou, pondo-se a caminhar de um lado para o outro pelo quarto, parecia um animal enjaulado.
-- As coisas não aconteceram assim... Eu juro, eu não fui pra cama com a Larissa... – Mirou-a. – Apenas falei aquilo em um momento de raiva, tinha acontecido coisas naquele dia e acabei não medindo minhas palavras. – Seguiu até ela, acomodando-se mais uma vez ao seu lado. – Eu não deveria ter dito aquilo, mas o fiz e você não imagina como eu me arrependo disso, pois foi por causa dessas malditas palavras que você saiu em disparada com o Bastardo e acabou sofrendo o acidente.
-- Não acredito! Você mente, mente para conseguir o que deseja, mas não me tocará mais.
-- Meu Deus, Clara, o que devo fazer para que não duvide mais de mim, que acredite que o amor que sinto é verdadeiro. – Sua voz estava embargada. – Eu nunca em minha vida senti o que sinto por ti, é muito mais forte do que eu, mais forte do que tudo, esse amor é tão grande que penso que não vou aguentá-lo em meu peito e vai explodir.
-- Mentira... – Falou por entre os dentes. – Mentira! – Gritou. – Se me amasse de verdade não teria me traı́do com outra. Eu sei o que vi, eu sei o que ouvi, posso não me lembrar de tudo, minha mente ainda está cheia de névoa, parece mergulhada na escuridão, porém depois de hoje, tive certeza do caráter de Vitória Mattarazi.
-- Não, meu amor, não, foi um engano... – Tentava se explicar, estava em total desespero.
-- Não há nenhum engano aqui, bem como a morte do meu avô. – Encarou-a. -- Eu não desejo mais continuar com essa palhaçada, amanhã mesmo irei embora daqui, pode ficar com tudo que era dele, nada disso me interessa.
-- Não! – Apontou-lhe o indicador. -- Você não irá embora, pelo menos até que a delegada descubra quem matou o Frederico. – Levantou-se. – Nem que eu tenha que prendê-la aqui, não saı́ra enquanto eu não souber que você não correrá nenhum risco.
-- Corro muito mais riscos estando em sua presença!
-- Você não está pensando que eu matei o seu avô, está? – Indagou perplexa. – Eu estava contigo naquele dia... Pensa que mandei alguém fazer isso?
Diante do silêncio da jovem, a condessa deixou o quarto, consternada. Desceu as escadas rapidamente, seguindo até o estábulo.
Sentou no feno.
Cobriu o rosto com as mãos, sentindo as lágrimas rolando copiosamente. Os soluços sacudiam seu corpo, era como se uma lâmina atravessasse seu peito, rasgando-a lentamente, lacerando-a pouco a pouco.
Não, não haveria mais como seguir por aquele caminho tortuoso. Não tinha mais como ficar ao lado de Clara, sabendo que ela não acreditava em si, pior, que ela imaginava que poderia ter algo com a morte de Frederico.
Mais uma vez o estigma de assassina manchava-lhe o nome, mais uma vez era vista como um ser cruel, desprovido de qualquer sentimento, porém isso nunca machucara tanto como naquele momento.
Deitou-se.
Tentaria de todas as formas descobrir quem matou o Duomont e quando tivesse segura de que a amada não correria mais nenhum tipo de perigo, iria embora de uma vez do Brasil, seguiria para bem longe, só assim Clara poderia ser feliz.
A Duomont não conseguira dormir. Passara a noite esperando a condessa retornar para o quarto, mas isso não aconteceu.
A dor que viu em seu olhar quando imaginou que a achava culpada da morte do avô. Não!
Sabia que ela jamais faria algo assim, tinha certeza disso. Sentiu-se injusta, pois repetira o que todos fizeram antes quando disseram que ela matara a própria famı́lia.
O dia já amanhecia quando Maria bateu, entrando em seguida.
-- Perdoe-me se te acordei. – A mulher a cumprimentou com um sorriso.
-- Não, já estava acordada.
-- A condessa me pediu para pegar algumas peças de roupas. – Seguiu até o armário. A Duomont sentou-se.
-- Onde ela está?
-- No estábulo. – Fez um gesto de cabeça, recriminando-a. – Batista disse que a encontrou dormindo lá. Só pode ter enlouquecido, fazia isso quando a bruxa da madrasta a expulsava de casa, porém agora não há necessidade de compartilhar o leito com os animais...
-- Como? – Indagou perplexa.
-- Eu não sei, apenas me mandou pegar algumas roupas e levar para o quarto que pertencia ao irmão. – Caminhou até a porta. – Tenha um bom dia, mocinha.
Clara tentou não demonstrar a tristeza que sombreava seu sorriso simpático.
Marcelo foi avisado por um dos seus empregados que a condessa deseja vê-lo. O homem rapidamente seguiu até a sala, encontrando-a.
Ficou fascinado com a imponência que ela demonstrava. Arrogância, sensualidade mesclada ao orgulho dos Mattarazis.
Fitou as botas de couro, o traje de montaria que delineava as pernas longas.
-- Bom dia! – Cumprimentou-a com um sorriso, aproximou-se, beijando-lhe a mão. – Como pode ser tão bela? A ruiva estreitou os olhos ameaçadoramente.
-- Não queira jogar seu charme barato para cima de mim. Eu já sei que era você o amante da Helena.
A cor pareceu abandonar a face do ex-prefeito, afastou-se dela.
-- Do que está falando? Enlouqueceu por acaso?
Vitória caminhou até ele, ficando parado bem próximo.
-- Eu tenho vontade matá-lo com as minhas próprias mãos por isso, mas esperarei que a justiça seja feita. – Disse por entre os dentes. – Irei até o inferno para que ela seja feita.
-- Você deve ter entendido as coisas erroneamente.
-- Não... – Esboçou um sorriso sádico. – O miserável do Frederico deixou claro isso na carta que me deixou antes de morrer.
Marcelo tentou manter a calma.
-- O que dizia nessa carta? Decerto um monte de mentiras.
-- Além de que você estava extorquindo o velho, algumas sujeiras a mais.
-- Não é bem assim... – Gesticulava nervoso. – Ele estava me devendo, pediu dinheiro emprestado e eu estava querendo tudo de volta. Era o meu dinheiro e ele se negava a saldar as contas.
A ruiva arqueou a sobrancelha esquerda.
-- Não foi isso que ele escreveu.
-- Vai acreditar nele? – Indagou surpreso. -- No miserável que te acusou de assassina e que fez tudo para tomar o que era teu. – Sentou. – Confesso que tive uma relação com a Helena, mas isso aconteceu porque Frederico a entregou pra mim, tudo por dinheiro, por poder... Ela era muito bonita... Acabei me apaixonando...
-- Não acredito em nada que você diz. – Bateu o chicote na poltrona. – Saibas que não descansarei até que a verdade seja descoberta, até que eu o veja atrás das grades.
Marcelo a observou se afastar, sentindo o pânico tomar conta de si. Definitivamente precisava se livrar de Vitória Mattarazi de uma vez por todas.
O tempo passava tranquilo.
A condessa fazia o possıv́ el para evitar Maria Clara, tanto que durante todos esses dias não a viu.
Quando não trabalhava até tarde, chegava cedo e seguia direto para o quarto para evitar o encontro desagradável. Sim, era uma covarde. Estava fugindo, pois sabia que não conseguiria se controlar se estivesse diante dela.
Clara estava na cozinha com Maria.
A empregada estava terminando de fazer um delicioso bolo de chocolate.
-- É o preferido da condessinha. – Dizia a mulher, recheando a iguaria. – Quando era criança corria para lamber o chocolate. – Sorriu.
A Duomont se divertiu ao imaginar a cena.
Deveria ter sido uma garotinha linda com aqueles cabelinhos vermelhos.
Há dias não a via e não tinha como negar que sentia um desejo enorme de encontrá-la, de poder dizer que não acreditava que ela fora responsável pela morte do Frederico. Não a procurara, deveria tê-lo feito, mas não fora corajosa o suficiente para isso.
Maria olhou pela janela.
-- O senhor Miguel acabou de chegar, trouxe o filho e a esposa. – Sorriu. – Vá receber as visitas, enquanto aviso menina.
-- Vitória está em casa? – Não conseguia esconder a surpresa e nem o entusiasmo de poder vê-la.
-- Sim, chegou ao anoitecer e se trancou no quarto. – Piscou. – Parece o Diabo fugindo da cruz nos últimos dias.
Clara percebeu a indireta, mas preferiu ignorar, seguindo até a sala.
Sua fisioterapia estava dando resultados. Necessitava apenas de uma muleta e em breve se livraria dessa também. Não tivera mais lembranças, mas as que povoavam a sua mente eram suficientes para deixá-la perturbada.
-- Boa noite! – Valentina cumprimentou-a.
O garotinho correu para a jovem.
A Duomont sentou, trazendo-o para seu colo.
-- Que criança mais linda. – Beijou-lhe.
-- Olha, tia. – Mostrou o boneco que era personagem de um desenho animado. – A tia Vitória me deu.
-- Nossa que lindo!
Ficou encantada vendo o filho de Miguel falar do novo brinquedo que nem notou a ruiva descer as escadas.
-- Boa noite!
O som rouco invadiu o ambiente.
-- Nossa, como está linda! – Miguel elogiou-a.
Naquele momento, Clara a fitou e sentiu o coração acelerar diante da imagem esplendida que se apresentava diante dos seus olhos. Ficou boquiaberta diante de tanta sensualidade.
A condessa estava arrasadoramente fatal usando um vestido preto, sustentados apenas pelos seios fartos, delineando a cintura fina, terminando um pouco antes dos joelhos, deixando à mostra as lindas pernas. Os cabelos estavam presos em um coque no alto da cabeça e apenas alguns fios emoldurava o rosto bonito.
-- Vai sair? – Valentina indagou.
-- Na verdade, tenho uma recepção para ir. – Retirou Miguelzinho dos braços de Clara. – Por que não avisaram que viriam? E você, hein, tá cada vez mais bonito, nunca mais apareceu, abandonou sua tia?
-- Na verdade, viemos porque ele só falava em ti e queria agradecer pelo presente.
-- Não precisa agradecer. – Beijou-o, depois se acomodou ao lado da Duomont. – Por que não vai à cozinha ver o que a Maria tá cozinhando. – Falou baixinho. – Senti um delicioso cheiro de chocolate.
O garoto a retribuiu o carinho em sua face, saindo em disparada em direção sugerida.
Clara se sentia atraı́da e sufocada pelo cheiro dela.
As pernas de ambas se roçaram, deixando a jovem Duomont totalmente arrepiada.
-- Bem, me despeço de vocês. – Levantou-se. – Não desejo chegar atrasada. Boa noite a todos.
Miguel e Valentina se entreolharam, perceberam que a neta de Frederico tinha sido totalmente ignorada pela ruiva.
-- Algum problema? – O advogado a fitou.
-- Não que eu saiba. – Disfarçou a tristeza. – Vão ficar para o jantar? – Disfarçou o desgosto.
Ambos fizeram um gesto afirmativo.
A refeição transcorria tranquilo, enquanto o garotinho se enchia de bolo de chocolate.
-- Já chega! – A delegada o repreendeu. – Vai ficar doente de tanto comer isso.
-- Ah, deixa ele, parece até a minha Vitória quando era um bebê... – Cobriu a boca como se tivesse cometido uma indiscrição.
-- Não precisa disso, eu já sei dos laços sanguı́neos que une vocês. – Falou olhando para Miguel. – Meu avô deixou claro na carta pra mim que você é irmão da mãe da condessa.
Todos pareceram boquiabertos.
-- Não precisam ficar assim, jamais falaria algo para a Vitória, mas acho que já está mais do que na hora de você falar.
Valentina segurou a mão do marido.
-- As coisas não são tão fáceis assim, Clara. – A delegada explicava. – Não estamos falando de qualquer pessoa, esse segredo precisa ser guardado por algum tempo ainda.
-- Como disse não falarei nada, mas continuo achando que a verdade deve ser dita.
A conversa seguiu por mais algum tempo, até que as visitas se despediram indo embora.
A Duomont seguiu desanimada até o quarto, não se sentia bem. A única coisa que desejava naquele momento era poder dormir durante muitos anos e esquecer tudo que aconteceu.
O desprezo de Vitória estava doendo muito e só em imaginar que ela tinha saı́do com alguém, a deixava possessa.
Decerto, estava com a tal engenheira, em seus braços...
Deitou na cama, sentindo o cheiro dela.
As lágrimas começaram a lhe banhar o rosto.
Tinha certeza que não a teria mais em sua vida, conseguira ver naqueles olhos penetrantes que se havia algum sentimento por ela, com certeza seria riscado e arrancado de seu coração.
Lembrou-se do dia que acordou no hospital e viu seu olhar... Sua forma de demonstrar que a amava, mesmo diante dos seus desprezos, ela continuara ao seu lado... Apoiou-a em tantos momentos difı́ceis, mas agora acabou.
-- Que bom que decidiu vir. – Larissa segurou-lhe a mão.
A recepção estava acontecendo no clube da cidade, um dos maiores divulgador de marcas estava presente e convidara a condessa, devido ao sucesso de sua cachaça.
-- Confesso que não estava muito interessada, mas decidi vir para tentar me distrair.
O lugar estava repleto de empresários de outras cidades, até mesmo do exterior. Todos desejando que suas marcas fossem bem vistas pelo grande ramo midiático.
As luzes iluminava o espaço.
Havia garçons servindo as melhores bebidas, petiscos e uma pista de dança fora montada.
-- Pierre está encantado contigo. – A engenheira a conduziu para onde havia algumas pessoas dançando. – Acompanha-me?
A ruiva assentiu e ambas começaram a seguir o ritmo que o DJ tocava.
A condessa não se animou de inı́cio em sair, mas acabou cedendo à insistência da jovem, pois assim poderia se distrair e esquecer um pouco dos seus problemas.
Cada dia que passava era como se estivesse morrendo pouco a pouco. Passava o dia trabalhando duro, quase sempre virava a madrugada fazendo isso, seja resolvendo problemas de suas empresas ou cuidando da administração da cidade.
O municı́pio atravessava um momento difı́cil, havia muitas dívidas e ela precisava saldar todas para poder começar a fazer algo por aquelas pessoas.
Otávio vinha travando uma batalha árdua, fazendo de tudo para atrapalhar seus planos.
Tentaria uma reunião com a bancada de vereadores, faria tudo para convencê-los a ficar do seu lado, pois sabia que era necessário esse apoio.
Não falara mais com a neta de Frederico. Evitava vê-la, até aquela noite tinha obtido êxito...
Lembrou-se de ter ficado encantada ao vê-la com o Miguelzinho nos braços e por um momento imaginou como seria maravilhoso se tivessem um filho... Fruto de um grande amor que um dia existira.
Talvez tenha sido covarde em desistir dela, mas não tinha mais forças para lutar por aquele sentimento, não conseguia mais seguir em frente diante do desprezo que viu em seu olhar. Assim que descobrisse e mandasse para a prisão o assassino de Frederico e constatasse que a jovem não corria mais perigo, partiria imediatamente para a Itália. Sim, fugiria, pois era esse o único caminho a seguir.
-- Deseja beber algo? – Larissa parecia impaciente. A ruiva a fitou.
-- Perdoe-me, estava pensando em alguns problemas que preciso resolver. – Justificou a distração.
A engenheira sorriu ao ouvir a música lenta.
Colou seu corpo ao da condessa, colando os lábios em seu ouvido.
-- Deixe-me te fazer esquecer... – Sussurrava. – Dê-me uma chance.
Vitória sentiu os lábios tomarem os seus e não esboçou nenhum tipo de reação. Apenas se deixou guiar por aquela bela mulher.
Marcos seguiu até a fazenda dos Duomont assim que o sol nasceu.
Naquele dia, realizaria seu maior desejo e sabia que podia contar com a sogra.
Vitória Mattarazi não lhe roubaria a mulher que amava. Otávio lhe contara sobre os sentimentos que a condessa demonstrava sentir por Clara. Inicialmente, pensara em matar a odiosa mulher, mas não agiria tão impulsivamente, sua vingança seria dada em doses homeopáticas... E naquele dia seria a primeira de tantas.
Clara despertou cedo.
Na verdade, teve uma terrível noite de insônia. Não conseguira descansar, ainda mias quando pensava que Vitória não dormira em casa, passara toda noite esperando e nem sinal do seu retorno.
Não entendia por que ela ainda lhe mantinha naquele lugar, afinal, já está claro que não a desejava mais ali. Tinha acabado de banhar.
Deixou a muleta de lado e começou a dá alguns passos sem o auxı́lio do apoio. Em breve estaria totalmente recuperada fisicamente.
Vestiu-se.
Naquele dia teria que ver a neurologista, decerto Miguel a levaria até a capital. Tinha certeza que a condessa não gastaria seu precioso tempo ao seu lado.
Ouviu o toque do celular, reconheceu o número da mãe, atendendo-a rapidamente.
-- Bom dia, mamãe, tudo bem? – Cumprimentou-a feliz.
-- Filha, preciso que venha imediatamente me encontrar. – A voz aparentava preocupação.
-- Mas eu terei que ir ao médico, estou me aprontando para viajar.
-- Não se preocupe com isso, eu mesma a levarei depois.
-- Mas o que houve? Aconteceu algo?
Clarice falou tanto que acabou por convencê-la a encontrá-la em um restaurante no centro da cidade.
Vitória despertou com uma terrível dor de cabeça.
Demorou em reconhecer o lugar onde passara a noite, mas aos poucos seus olhos identificaram o escritório da usina.
Sentou-se.
Passara quase toda a madrugada bebendo e dançando na companhia de Larissa, mas acabara não aceitando o convite de ir para o apartamento da engenheira. Seu corpo não cedera aos encantos da bela morena, pois em sua cabeça e em seu coração outra pessoa habitava e dominava.
Olhou o relógio, quase dez horas.
Precisava ir para casa, buscar a Clara e seguir para a capital. Usaria o helicóptero ou chegariam atrasadas.
Seu fiel advogado não poderia se ausentar da cidade, por esse motivo, a ruiva não tinha outra alternativa a não ser ir ela mesma com a Duomont. Uma tortura mais para anotar em seu caderninho.
Levantou, caminhando até a mesa, pegou o telefone, discando para a fazenda. Maria atendeu.
-- Avise a Clara para se arrumar, passo aı́ em dez minutos para pegá-la para irmos à capital. – Falou sem cumprimentar a empregada.
A esposa de Batista não respondeu imediatamente, fez-se um silêncio, uma relutância em dizer algo.
-- Ela saiu, o motorista a levou...
A mulher nem mesmo terminou de dizer, o clique de encerramento de chamada pôde ser ouvido.
Clara seguiu com a mãe e ficou surpresa quando ela ordenou ao motorista que estacionasse em frente ao fórum.
-- O que vamos fazer aqui? – Indagou receosa.
Clarice não falara nada durante todo o encontro, apenas alegara que precisava conversar com ela.
-- Resolver um problema que há tempos deveria ter sido feito. – Deu a volta no carro. Estendeu a mão para ela. – Venha.
A jovem hesitou mais acabou seguindo como fora ordenado.
Ao entrar, ficou surpresa ao encontrar Marcos, algumas outras pessoas que não conhecia e o advogado de Marcelo. O rapaz seguiu rapidamente até ela, beijando-lhe os lábios.
A Duomont permaneceu estática, com o olhar perdido.
-- Hoje definitivamente nos uniremos em matrimônio, vamos seguir o mesmo caminho, vamos formar nossa própria famı́lia.
Clara não conseguiu esconder a surpresa diante daquilo.
-- Mas... Mas como? As coisas não são assim, é necessário de muita coisa para que um casamento se realize, tempo para a papelada... – Falava rapidamente.
-- Isso já foi providenciado, enquanto você estava no hospital. – Clarice sorriu vitoriosa. – Eu mesma entreguei todos os seus documentos para o Marcos e ele rapidamente resolveu tudo. – Abraçou os dois. – Agora vocês se unirão em um casamento feliz e vamos morar bem longe daqui.
-- Não, não... – A Duomont se afastou. – Eu não posso, não posso...
-- Claro que pode! – O rapaz lhe segurou o braço. – Nós temos um compromisso de muitos anos e esse é o momento de concretizá-lo. – Não parecia mais um cavalheiro.
-- Não, eu não posso me casar contigo, pelo menos não enquanto eu não recuperar a memória.
-- Não será preciso, você me ama, da mesma forma que eu te amo. – O jovem insistia.
A neta de Frederico pareceu ainda mais confusa, ela sabia que aquilo não era toda a verdade, pois não era por aquele homem bonito que a fitava que seu coração pulsava acelerado. Não era por ele que suspirava e não era por ele que seu corpo queimava com tanta intensidade.
-- Eu não posso... – Disse baixinho.
Marcos a fitou surpreso, mas foi Clarice que se adiantou.
-- Você deve se casar, não entende que só assim eu e seu pai teremos um lugar para viver, não se importa conosco? Te demos tudo o que tinha de melhor e esse é o momento de retribuir ou acha que seu pai vai conseguir um bom emprego? Ele não sabe fazer nada, vamos viver na miséria, é isso que quer pra gente?
-- Mamãe, eu irei trabalhar, com o que eu ganhar poderei sustentar vocês. – Dizia com calma. – Sou veterinária, conseguirei algo assim que estiver totalmente recuperada.
-- Não! – A mulher gritou. – Não quero viver como uma pobretona... – Disse em lágrimas. – Estou doente, preciso de dinheiro para o tratamento.
-- Doente de que? – perguntou preocupada. – Por que não me disse?
-- Eu não sei ainda, Marcos está me ajudando. – Limpou as lágrimas. – Case-se com ele, faça isso por mim, ele está me ajudando e fará ainda mais com o dinheiro que ganhará de herança.
Clara passou a mão pelos cabelos.
Sentia-se perdida, não sabia qual caminho seguir naquele momento. Não sabia se tinha a ver com a amnésia, porém o que podia dizer é que não amava o homem que a olhava impaciente. Sentia um carinho grande, mas nada que pudesse ser suficiente para sustentar uma relação tão séria.
Observou o semblante da mãe. Ela parecia destruı́da, desesperada. Conhecia-a bem para saber que ela não suportaria uma vida sem luxo, mas o pior era o fato de estar doente e se realmente necessitasse de dinheiro, como poderia fazer algo?
-- Eu não posso... – Repetiu baixinho.
Marcos a segurou forte pelos ombros.
-- Você não só pode, como irá. – Gritou. – Não serei feito de idiota, enquanto você cai nos encantos da assassina do seu avô. – Apertou-a mais. – Nos casaremos hoje.
Clara nunca viu os olhos do noivo apresentarem uma expressão de ódio.
-- Case-se comigo e iremos embora daqui, esquecerei tudo o que aconteceu e seremos felizes juntos, mas se não o fizer, eu matarei a condessa com minhas próprias mãos e você carregará essa desgraça em sua cabeça por toda a vida. – Disse em seu ouvido.
Vitória chegou diante do fórum e viu o motorista parado, na verdade, aquele era o segurança que Miguel havia contratado para cuidar da segurança de Clara.
-- Onde ela está e por que a deixou sozinha? – Indagou furiosa.
Ligara para ele e ficara sabendo que a jovem se encontrara com Clarice.
-- Não achei que havia riscos, afinal, ela está com a mãe, sempre as deixo sozinhas, a senhora nunca falara que a mulher apresentava um perigo.
A ruiva praguejou alto, seguindo para o prédio rapidamente, tendo o brutamonte ao seu lado.
Não precisou caminhar muito para encontrar o que desejava. Em uma sala lateral, onde casamentos eram oficializados, encontrou a jovem ao lado de Marcos, enquanto um homem vestido formalmente parecia finalizar um ritual de enlace.
-- Que ingratidão! – Sentou-se em uma das cadeiras que eram para os convidados. – Não fui convidada para o matrimônio.
Os olhares dos presentes se voltaram para a empresária. Clara a encarou e sentiu o chão fugir dos pés.
-- Onde devo sentar-me? – Cruzou as pernas. – Em qual dessas fileiras a amante da noiva deve ocupar? – Esboçou um sorriso sádico.
-- Como ousa? – Clarice seguiu até ela. – Saia já daqui, respeite minha filha, sua desavergonhada.
-- Senhora Duomont... – Fitou-a. – Faça-me o favor de ir para o inferno... – Levantou-se.
A ruiva passou pela esposa de Felipe e quase a derrubou.
-- Estamos casados. – Marcos disse triunfante. – Nada poderá fazer contra isso, então saia daqui, temos que embarcar para a nossa lua de mel. – Provocou-a.
Vitória fitou a jovem e teve que se segurar para não perder a calma.
-- Pena que não será você a desfrutar dessa comemoração... Porque esse mel me pertence... Mas pode ficar com a lua. – Mordeu o lábio inferior.
Clara precisou se apoiar nos braços do esposo. Fechou os olhos por alguns segundos e quando voltou a fitar a fazendeira, suas lembranças retornaram ao lugar que pertencia. Tudo estava claro, parecia que a venda que encobriam seus pensamentos tinha sido retirada.
A ruiva interpretou erroneamente a cena. Deu a volta, seguindo para fora, enquanto fazia um gesto para Cloud, o segurança.
Ainda conseguiu ouvir os gritos e alguns barulhos de soco, mas não se voltou para ver o que acontecia. Caminhou até o carro, esperando.
Instantes depois viu o segurança carregando Maria Clara e pondo-a no carro, enquanto uma Clarice histérica gritava, tentando entrar no veı́culo.
Marcos jazia no chão. Levara um soco quando tentara impedir que o homem levasse a amada. Os presentes apenas olhavam a cena, sem esboçar nenhuma reação.
Clarice voltou correndo, ajoelhando-se diante dele.
-- Eles a levaram.
-- A Clara já é minha esposa, a maldita nada poderá fazer, agora mesmo irei denunciá-la para a delegada, afinal, a minha mulher foi sequestrada por Vitória Mattarazi e tenho muitas testemunhas que afirmarão isso.
A neta de Frederico fora colocada na aeronave. Sentia-se tonta.
Sentou-se!
Cloud ficou ao seu lado, ajudando-a a colocar o cinto de segurança.
-- Onde está a condessa?
O homem apontou para frente, então ela viu Vitória sentada ao lado do piloto.
-- Preciso falar com ela... – Tentou se levantar. O segurança segurou-lhe a mão.
-- Fique onde está, não acho que seja uma boa ideia falar com ela agora. – Advertiu-a. – A senhora Mattarazi não parece muito acessível nesse momento.
A jovem ainda pensou em retrucar, mas ao ouvir os motores do helicóptero ser ligado, decidiu permanecer onde estava.
Valentina estava na delegacia.
Leu mais uma vez a carta deixada por Frederico, tinha quase certeza que Marcelo poderia estar por trás do assassinato do velho.
Ouviu um barulho, até que o policial apareceu acompanhando de um furioso Marcos e uma Clarisse histérica.
-- Exijo que a senhora prenda Vitória Mattarazi. – O rapaz exigiu. A delegada se levantou.
-- Você não manda em mim e não admito que chegue aqui agindo como se fosse o dono do mundo.
-- A senhora precisa fazer alguma coisa! – Clarice se intrometeu. – Essa mulher deve ser detida imediatamente.
-- E que mal a condessa fez? – Perguntou calmamente.
-- Sequestrou a minha esposa. – Mostrou a aliança que repousava em seu anelar.
-- Que esposa? – Perguntou confusa.
-- Maria Clara Duomont de Ferraz! – Disse orgulhoso.
Durante toda a viagem, Clara, em nenhum momento teve contato com a fazendeira.
Observou o lugar, não estavam na capital, mas deveriam estar longe, pois fora quase duas horas de voo.
-- Onde estamos? – Observou pela janelinha. – Que lugar é esse? Tinham pousado em uma pista, em meio a muito mato.
A condessa se levantou, seguindo até onde ela estava. Cloud se afastou.
Os olhares de ambas se encontraram.
A Duomont engoliu em seco diante daqueles olhos que pareciam escurecidos. Observou o maxilar se mover.
-- A sua lua de mel começa agora. – Segurou-lhe o pulso, levantando-a. – Espero que goste.
-- Vitória... – Hesitou. – Preciso dizer...
-- Cale a boca... – Disse por entre os dentes. Fitou o anel de compromisso. – Ainda falta eu te dar o meu presente. – Empurrou-a.
A neta de Frederico caiu sentada.
-- Cloud! – Gritou. – Leve-a para a cabana e não deixe que ela saia de lá.
O homem assentiu.
O jipe levou–as por entre as árvores, até chegarem a uma clareira onde uma pequena cabana se erguia. Era rústica, toda feita em madeira, pequena.
Ao entrar, percebeu que havia apenas uma mesa, uma esteira forrava ao chão de terra batido. Cobertores estavam dobrados ao lado, não havia eletricidade, mas pode ver alguns lampiões.
Havia uma porta lateral e lá havia um banheiro que não combinava com o resto do lugar. Havia um Box, uma tina de madeira, um espelho... Tolhas... Um pequeno pote de barro, lá havia água.
Voltou para o outro cômodo, sentando em uma cadeira.
Instantes depois, a porta foi aberta e o piloto entrava trazendo consigo uma bolsa.
-- Seu almoço! – Deixou sobre a mesa.
O homem já estava saindo quando ela o deteve.
-- Onde está a Vitória? Quero falar com ela.
-- Resolvendo problemas. – Disse simplesmente indo embora.
Clara bateu forte contra a palma da mão. Estava perdendo a paciência...
Miguel encontrou com a esposa na delegacia.
-- O que houve? – Ele se adiantou preocupado.
-- Onde está a sua sobrinha? – Valentina passou a mão pelos cabelos. – Preciso que ela venha aqui imediatamente. – Respirou fundo. – Já virei a cidade atrás dela e não a encontrei.
-- Por quê?
-- Há uma denuncia contra ela... – Sentou, cobrindo o rosto com as mãos, entregando-lhe a intimação. – Miguel, a Clara casou com o Marcos e a condessa a raptou do fórum.
-- O quê?! – Falou perplexo.
-- Eu não sei se me preocupo em prender a ruiva indomável ou me preocupo com o que ela vai fazer com a Duomont.
Miguel sentou, os olhos mostravam o terror que passava em seus pensamentos.
Clara esperou impacientemente durante todo o dia. Ao anoitecer, banhou com a água que Cloud tinha trazido. Quando retornou ao cômodo. Observou que um colchão fora colocado lá, com alguns travesseiros e cobertores. Um dos lampiões tinha sido aceso, deixando a cabana um pouco iluminada.
Retornou para a cadeira.
Decerto já havia escurecido lá fora.
A porta se abriu violentamente e lá estava ela.
A poderosa condessa entrou, trazendo consigo a imponência de sua presença forte.
Ela tinha trocado de roupa. Agora usava roupa de montaria, os cabelos estavam molhados, mas onde ela tinha passado todo aquele tempo?
A ruiva caminhou até ela, colocando sobre a mesa uma garrafa de cachaça e dois copos. Sentou-se.
-- Vamos comemorar seu casamentinho! – Sorriu diabólica. – Essa é das boas, a Larissa me garantiu que não tinha melhor. – Encheu os copos. – Beba! – Tomou tudo de uma vez.
-- Não quero essa porcaria que sua amante preparou especialmente para ti. – Empurrou o copo. – Quero ir embora daqui agora mesmo.
-- Ah, não diga que não comemorar porque o noivinho não está aqui... – Debochou.
Clara sentia o ciúme queimar seu peito.
Desejava contar para a ruiva que tinha recobrado a memória, mas a raiva começava inflamar.
-- A é? – Debochou. – Só vai voltar quando eu quiser. – Encheu o copo mais uma vez, levando aos lábios.
-- Engraçado que até ontem você me ignorava completamente e agora me traz para o meio do mato e me prende aqui. – Apoiou-se na muleta, levantando-se. – Deixe-me ir Vitória, não ficarei aqui observando e nem sendo salvo de sua raiva.
-- Raiva? Alvo da minha raiva? – Bateu forte na madeira. – Logo eu que fui um cordeirinho durante todo o tempo de sua amnésia, eu que fiz tudo para não te assustar, que agi como uma verdadeira santa...
-- Vitória, eu...
-- Beba! – Ordenou, interrompendo-a.
A Duomont respirou fundo, se apoiou na mesa, pegou a garrafa, levando a boca, tomando grandes quantidades de uma vez só.
Ao terminar jogou o vasilhame contra a madeira.
-- Está satisfeita? – Gritou. – Agora me deixe em paz.
Mattarazi se levantou, deu a volta à mesa, caminhando até ela, segurou-lhe o pulso. Observou o anel repousar ali, como se fosse uma faca em seu peito.
Bruscamente o tirou dela, jogando-o fora.
-- Desdenhou do meu amor durante todo esse tempo para casar com aquele engomadinho às minhas costas. – Tentava conter a fúria. – Mas agora eu vou me vingar de ti. – Pressionou-a ainda mais contra a mesa. – Eu fiquei quieta durante todo esse tempo, me mantive distante... Fugindo. – Rasgou-lhe a camiseta, deixando os seios redondos livres. – Acha que vai se entregar àquele miserável. – Apertou os montes fortemente. – Eu sou a sua dona...
Clara gemeu, tentando afastá-la em vão. Fitou-a.
Agora entendia porque as pessoas temiam tanto àquela mulher.
O rosto estava transformado, não havia resquı́cios de qualquer tipo de sentimentos em sua expressão. Apoiou as mãos na madeira, temendo cair.
-- Eu tenho vontade de te matar, mas a vontade de te comer é ainda maior... – Abocanhou o seio esquerdo.
A Duomont mordeu os lábios para não gemer, sentindo o corpo em brasas.
Odiou-se por isso. Odiou-se por não ter forças para resistir a ela.
Vitória a sentou sobre a mesa.
A boca da ruiva lambia gostosamente, mamando, deliciando-se com os mamilos, mordiscava... Apertava-os.
-- Eu sei que você quer... – Encarava-a. – O seu cheiro diz isso... – Abriu-lhe o short, colocando mão dentro. – Veja... – Dizia com a respiração ofegante. – Você me pertence...
Clara tentou se livrar do toque, mas a ruiva foi muito mais persuasiva.
-- Tomarei o que é meu... – Sussurrou em seu ouvido. – Se lutar, eu vou amar, tomá-la à força... Então você escolhe como vai ser...
-- Vitória, por favor, deixa eu te dizer que...
-- Calada! – Gritou. – Estou cansada das suas palavras, você fere, tem essa carinha de anjo, mas é cruel...
A neta de Frederico pareceu aceitar a derrota, suspendendo os quadris para que ela lhe tirasse o resto da roupa, abrindo-se para ela. Dando-lhe o que mesmo quando estava desmemoriada sabia que lhe pertencia.
Sim, deveria se revoltar contra a forma que a condessa agira consigo, sabia que deveria empurrá-la e não permitir que ela a tomasse daquele jeito, porém como ganharia aquela batalha?
A empresária passou os dedos por todo sexo úmido, lambuzando-lhe os dedos, depois levou a própria boca, chupando o lı́quido abundante.
Clara mordeu o lábio inferior, estreitando os olhos diante das ações de sua amada que parecia degustar um sorvete... Lambendo toda a cobertura presente em sua mão.
Sentiu-a invadir forte e gritou diante do impulso poderoso.
Vitória segurou-lhe firme os cabelos, em seguida tomou os lábios em um beijo impulsivo.
A veterinária sentia as investidas bruscas, enquanto sentia a boca sendo esmagada, machucada sensualmente...
-- Já que é uma mulher casada, não posso fazê-la minha esposa... – Ouviu-a gemer, quando meteu mais forte. – Então vai ser a minha puta... Minha puta... – Gritou.
A jovem tentou empurrá-la, mas a condessa lhe segurou os braços sobre a mesa.
-- Tá bravinha, Branca de Neve. – Mordiscou-lhe o pescoço. – Assim vai me deixar ainda mais excitada.
Levantou-lhe uma das pernas, apoiando-a sobre o tampo, deixando-a totalmente aberta para si.
Clara viu-a agachar, se posicionando entre seu corpo vibrante, sua sexualidade gritando pela respiração que se encontrava tão próxima.
-- Veja como estou molhada... Veja como treme por mim... – Depositou um beijo rápido.
Explorou a virilha, cravando os dentes na lateral de sua coxa, torturando a jovem que parecia ter perdido total consciência do que se passava naquele momento.
-- Quero sentir sua boca... – Pediu. – Chupa... Preciso senti-la... Eu preciso...
A gargalhada arrogante encheu o pequeno espaço, mas o pedido estava prestes a ser atendido. A pontinha da lı́ngua tocou o centro do prazer... Brincando... Sentindo-o enrijecido... Beijou-o...
A Duomont mexeu o quadril querendo mais, implorando por mais...
Vitória entendeu o recado... Agora, sugava o mel que escorria deliciosamente... Chupou-a... Obedecendo ao vai e vem imposto por ela... Penetrou-a com a lı́ngua... Invadindo o espaço... Explorando... Inalando o aroma de desejo...
Afastou os grandes lábios para ter maior acesso, degustando... Sentindo o sabor de tamanha iguaria, sentindo a fome ficar ainda maior...
-- Ain... – Branca de neve fechou os olhos se deliciando com o toque ousado. – Condessa... – Dizia rouca. Seu sexo vibrava... Parecia não poder resistir por tanto tempo a tanto prazer...
Mattarazi continuou a sugar enquanto a penetrava mais uma vez... Meteu um dedo... Depois outro... Colocando mais um...
-- Deseja rasgar-me...-- Clara gemeu alto, mas de repente o ato foi interrompido.
A condessa se afastou, despindo-se rapidamente, ficando totalmente nua.
A bela morena sentiu uma vontade louca de tomar aquela mulher para si... Tentou descer, mas foi impedida. A ruiva caminhou elegantemente até ela, ainda com as botas de cano alto. Pôs-se em meio as suas pernas.
A neta de Frederico tocou os seios rosados, sentindo a maciez em suas mãos, enquanto os sexos se uniam... Encararam-se...
-- Você quer... – Rebolou, esfregando-se a ela. – Você é minha, princesinha de contos de fadas... – E se eu quiser rasgá-la o farei...
A Duomont circundou o mamilo com a lı́ngua, enquanto mexia gostoso o quadril, não afastando o olhar do seu rosto.
Mamou gostoso, enquanto sentia-se a pele toda lambuzada pela excitação da poderosa ruiva... As fricções aumentavam cada vez mais...
-- Sente como estamos encaixadas... Veja como nos completamos... – Acelerava mais os movimentos... – Você foi feita pra mim... – Dizia com a respiração acelerada a ruiva. – Você vai ser minha por todos os dias da minha vida... Quantas vezes eu desejar... Não vai se negar a mim ou a tomarei... Vai dar pra mim sempre que eu quiser...
A morena a fitou.
-- Eu te amo, condessa... – Falava por entre os dentes. – Sou sua e seria por todos os dias das nossas vidas, mas para ter-me a hora que quiser vai ter que fazer por onde, vai ter que merecer...
Então a dor e a angustia de todos aqueles dias explodiram em um delicioso orgasmo, unindo-as em um abraço forte...
Clara arranhou-lhe as costas, trêmula nos braços da amada que ainda continuava a rebolar, até seu grito de satisfação invadir a noite escura.
Caraaleo!! esquentou geral! kkkk
ResponderExcluirlindas!!
Tu és a maga da escrita kkkkk
Adoro
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