A condessa bastarda -- Capítulo 29

                 Valentina observava a cena e tinha quase certeza de que não se tratava de um suicı́dio, como pensara de inı́cio.
              Os peritos fiscalizavam tudo com olhar atencioso, mas a delegada já tinha sua própria conclusão ao ver uma pequena mala ao lado da porta.
                     Frederico Duomont estava fugindo e alguém quis se certificar que ele não fosse longe.
                    O corpo fora levado para o instituto de medicina legal. Esperaria a conclusão dos exames para liberar para o funeral.
                  Ao sair da casa, encontrou Felipe sendo amparado por Miguel. Havia muitos curiosos ali, a condessa levara Clara para a fazenda, não deixara que a moça visse acena trágica que se desenrolava a olho nu.
                Clarice parecia em choque, sentada em um dos batentes da grande escadaria externa. Era possível ver que aquela frívola mulher estava abalada com os acontecimentos.




                  A condessa banhou e retornou para o quarto.
                Observou a amada deitada, encolhida a um canto, dormindo. Ela chorara tanto, parecera tão desesperada que a ruiva sentira o coração sofrer com sua dor. Acomodou-se ao seu lado, abraçando-a.
                Conseguiu ver pela janela que a noite já se apresentava. Faria qualquer coisa para livrar a Clara daquele momento de tamanha tristeza.
               Pensou em Frederico Duomont e rezou silenciosamente para que ele não tivesse cometido suicı́dio, sabia que isso seria mais difı́cil de suportar para a sua Branca de Neve.
              O chá que a mulher de Batista fez fizera efeito rápido, mas já sentia a moça se rebelar em seus braços, virando-se para ela.
              -- Meu avô...
              Vitória mirou os olhos inchados e as lágrimas que já começavam a cair novamente.
              -- Calma, princesa... – Tocou-lhe a face. – Precisa ser forte nesse momento tão difı́cil.
              -- Por quê? – Falou chorosa, encostando o rosto em seu peito.
              -- Porque, às vezes, é a única coisa que nos resta.
          A ruiva sentia os espasmos dos soluços daquela que amava tanto. Embalou-a, buscando confortá-la, sabendo que isso não seria fácil, que só o tempo sanaria tamanha dor.


              Muitas pessoas compareceram ao velório do polı́tico. Em sua maioria, o povo humilde da cidade. Eles pareciam querer consolar a jovem neta de Frederico. Compadeciam-se de sua agonia.
              A condessa estava lá, observava Clara debruçada sobre o caixão. Chorando silenciosamente e fitando a foto do fazendeiro.
              Viu Marcos se aproximar e teve que controlar o impulso de ir até lá, tirá-lo de perto dela. Caminhou até a saı́da, ficando lá, observando a noite negra.
               Um carro estacionou em frente a casa, trazendo Miguel e Valentina.
          -- Algum problema? – A delegada notou a expressão da empresária. – Aconteceu algo? 
           O advogado tocou-lhe o ombro.
          -- Está tudo bem sim. – Encarou a mulher. – E então? Já sabe o que aconteceu com Frederico Duomont?
            -- Foi um homicı́dio e não um suicı́dio.
            A ruiva sentiu um alívio em seu peito ao ouvir aquilo.
            -- Quem o fez?
           -- Isso é o que temos que descobrir e não descansarei até que isso aconteça. – Virou-se para o marido. – Vamos entrar, quero prestar minhas condolências à famı́lia.
             -- Vem com a gente? – Miguel indagou à sobrinha.
             -- Depois vou, ficarei um pouco aqui. 
            O casal assentiu, entrando na mansão.
             Vitória se deixou ficar ali, observando as estrelas.
           Viu o carro de Marcelo estacionar e precisou se segurar para não partir para cima do miserável, Clarice vinha com ele.   
            -- Sua presença não é bem vinda, condessa! – O polı́tico falou, exibindo um cı́nico sorriso. – Frederico deve estar gritando por tê-la em suas terras.
               Clarice a fitou, demonstrando uma expressão de asco.
               -- Ele tem razão, sua presença é dispensável e não a desejamos aqui.
              -- A senhora fique calada, pois a sua opinião não tem valia nenhuma. – Apontou o dedo em riste para o ex-prefeito. – Quanto a ti... Irá pagar pelo que fez, cedo ou tarde eu o destruirei e o mandarei para a cadeia, pois lá é o seu lugar.
             Marcelo tentava mostrar indiferença com as palavras que ouvia, mas a mudança em sua tonalidade de pele denunciava a mudança de humor.
                 -- Como ousa ameaçar o sogro do minha filha? – A mãe de Clara se intrometeu mais uma vez. – Saia já daqui, saia da minha casa.
                  A ruiva relanceou os olhos, demonstrando o tédio que sentia.
                  -- Poupe meus ouvidos!
                O homem circundou o ombro da mulher, acompanhando-a até o interior. 
                 Vitória precisou usar todo seu autocontrole para não agir impulsivamente.




                -- Você precisa tomar um pouco de ar, meu amor. – Marcos segurava a mão da amada. – Não esqueça que não estás bem.
                  A jovem o fitou.
                 Os lindos olhos denotavam toda a dor que ela sentia naquele momento.
                 -- Quem fez isso com meu avô? – Indagava chorosa. – Ele não merecia. 
                 O rapaz a abraçou.
               -- Frederico tinha negócios escusos... – Sussurrou. – Não devemos nos meter nisso... Fique comigo, eu te protegerei. 
                 Clara o encarou.
                 -- Não permitirei que a morte do meu avô seja esquecida! – Disse firme.
                 -- Calma, linda, fique tranquila. – Voltou a abraçá-la.
                  A jovem Duomont levantou a cabeça e seus olhos se cruzaram com o da bela condessa.
Observou a expressão dela, parecia não só muito brava, mas decepcionada talvez. Encarou-a por alguns segundos, até não conseguir mais sustentar a força daquele olhar. Deitou a cabeça no ombro do noivo, se deixando ficar ali, deixando-se tentar aliviar a mente que parecia tão conturbada...
            Voltou a mirar para o mesmo lugar e lá não estava mais a ruiva. Sentiu-se aliviada, mas também não conseguiu não se sentir vazia por não encontrá-la. Fechou os olhos e recordou do abraço confortante, da forma doce que ela a tratara quando recebera tão cruel notı́cia.
                Observou a delegada se aproximar.
                Apoiou-se nas muletas, afastando-se alguns centı́metros de Marcos.
            -- Sinto muito, Clara. – Valentina tocou-lhe o ombro. – Tudo será feito para que o responsável ou os responsáveis por esse crime seja preso e pague pelo que fez.
           -- Bem, não sei como fará isso, se a envolvida for a condessa, afinal, todo mundo sabe a estreita amizade que une vocês. – O rapaz ironizou. – Comece investigando-a, ela tinha todos os motivos para querer o senhor Frederico morto. – Beijou rapidamente os lábios da moça. – Vou buscar um chá para ti.
                 A delegada observou o rapaz se afastar.
              -- Não escute o que as pessoas falam e ainda falarão sobre a Vitória, uma vez eu cometi o erro de acreditar nessas fofocas e fui muito cruel com a Mattarazi.
           Clara pareceu ponderar durante alguns segundos, sentindo o ar entrando em seus pulmões, depois voltou a fitar a mulher. 
             -- A condessa estava comigo no momento que tudo aconteceu, não tinha como ela está em dois lugares ao mesmo tempo.
                 Valentina estreitou os olhos.
               -- E se ela não tivesse estado contigo? Sei que estás sem memória, porém já teve a chance de conhecê-la um pouco, acreditas que ela seria capaz de fazer algo assim com alguém que você ama tanto?
                A Duomont mordeu a lateral do lábio inferior.
              -- Não, eu não acredito que ela seja capaz de fazer algo assim. 
              A delegada pareceu aliviada ao ouvir aquilo.
         -- Eu fico imensamente feliz. – Abraçou-a, sussurrando em seu ouvido. – A poderosa e arrogante condessa te ama mais do que tudo, ela seria capaz de mover céus para que você não sentisse a dor que sentes agora, ela seria capaz de ir até o fim do mundo para ser digna mais uma vez de um sorriso seu... – Afastou-se. – Sei que não lembras, mas o amor que uniu e sei que ainda une vocês é muito poderoso, pois muitas barreiras já foram quebradas, muitas regras foram esquecidas nesse jogo difı́cil que vocês travaram.
               A jovem Duomont nada disse. Apenas voltou a sentar, apoiando a cabeça na grande arca que levaria o corpo de seu avô para outras moradas. Sentia apenas vontade de ficar ali, chorando, sentindo não só a agonia da perda, mas também a agonia de um amor esquecido que a assombrava cada vez mais.


             Vitória permaneceu na enorme varanda da fazenda dos Duomont. Quedou-se ali, na parte menos iluminada, observando o céu estrelado e o som dos animais noturnos. Não retornou para a sala, pois temia ter que arrancar Clara dos braços daquele idiota do Marcos. Sentiu tanta raiva quando a viu nos braços dele.
                 Desgraçado!
               Sentiu uma mão pousar em seu ombro, ao virar-se, deparou-se com Felipe. O homem sentou ao seu lado.
              -- Não tenho como pagar e nem mesmo sei como agradecer por tudo que vem fazendo por minha famı́lia. – Falava sincero. – Conheço a sua raiva, seu ódio por nós, também sei que ele não é injustificável, por esse motivo admiro muito a forma que vem se comportando...
             Vitória continuava a olhar para as luzes que iluminavam algumas partes do grande pátio, parecia perdida em seus próprios pensamentos.
            -- Sei que tudo que faz é pelo amor que sente por minha filha... – Continuava. 
             Naquele momento a condessa o fitou confusa.
             Felipe esboçou um sorriso terno.
        -- Há tempos que vi as mudanças em minha Clara, ainda mais quando seu nome era pronunciado, sou testemunha de quantas vezes ela te defendeu, fazendo-o com tanta paixão... Então, quando ela sofreu o acidente pude examinar de perto a sua dor e de inı́cio fiquei atordoado, pois como alguém poderia sofrer tanto pela filha do inimigo... – Segurou-lhe a mão. – Tenha paciência... – Levantou-se. – Depois da tempestade sempre vem a calmaria...
           


              Já estava amanhecendo quando Vitória retornou ao salão. Poucas pessoas ainda continuavam lá. Clara continuava no mesmo lugar, enquanto o noivo jazia sentado no sofá, dormindo.
             A condessa caminhou até ela, tocando-lhe o ombro.
           A jovem não precisava virar para saber quem estava ali. Passara toda noite procurando por ela e ficara sabendo por Felipe que a ruiva estivera durante todo esse tempo na varanda, sozinha...
           Fitou-a.
           Ficaram mudas, apenas se olhando por alguns segundos.
         A Duomont mirou o rosto bonito, forte, percebeu a ausência de emoção, sabia que ela estava irritada, porém via um esforço que ela fazia para não demonstrar tal coisa.
           -- Vamos para a casa, você precisa descansar. – Vitória quebrou o silêncio.
           -- Não quero ir...
          -- Eu sei, entendo que deseje ficar, mas você ainda está convalescendo. Vamos, tome um banho, deite um pouco e depois pode retornar, pois o enterro só acontecerá à tarde.
             Clara abriu a boca para retrucar, mas acabou apenas assentindo.
             Seguiu até onde estava o pai e explicou que iria até a fazenda, mas retornaria logo.
           -- Não, filha, descanse um pouco. – Felipe abraçou-a. – Descanse e depois, se assim desejar, retorne. – Beijou-lhe a face.
             A condessa se despediu com um gesto de cabeça, enquanto conduzia a amada para casa.



            A esposa de Batista ajudou Clara a banhar, depois a levou para o quarto. Deixando-a no enorme leito.
             A Duomont sabia que aquele era os aposentos da fazendeira. O cheiro dela estava nos lençóis, cada canto daquele lugar exalava a presença da ruiva.
               Ficara sabendo por Maria que desde que fora morar ali, dividiam o mesmo ambiente... Não era um caso isolado está na suı́te principal.
                Respirou fundo...
           A porta se abriu e ela entrou usando apenas um roupão. Os cabelos estavam molhados, também tinha tomado banho.
           Observou-a caminhar até a janela, fechando as persianas, mergulhando o quarto na penumbra.  Virou-se de lado, fechando os olhos, tentando dormir.
                 Sabia que a condessa não desejava conversar, o percurso até ali fora feito em total silêncio.
              Percebeu-a se acomodar e mais uma vez sentiu aquele magnetismo de atração. Deveria ter pedido para ocupar outro quarto, mas não tinha forças para iniciar uma discussão sobre seus motivos para não dividir a mesma cama com aquela mulher.
             Alguns minutos se passaram, até ser surpreendida pelos braços lhe enlaçando a cintura, trazendo-a para bem perto de si.
              -- Tem ideia de como estou furiosa... – Sussurrou. – Tem ideia de como tive vontade de te arrancar dos braços daquele maldito engomadinho... A minha vontade agora é de te tomar para mim e te fazer de uma vez entender que você é minha...
                Clara se desvencilhou bruscamente do abraço, virando-se para ela.
              -- Eu não acho que esse seja o momento para isso. – Cerrou os olhos. – Não ouse fazer isso. – Advertiu-a.
             -- Então não volte a se aproximar daquele idiota. – A ruiva falou por entre os dentes. – Não acho uma boa ideia, pois minha paciência já está no limite.
              -- A senhora não manda em mim, condessa!
           A Duomont podia ver bem o estreitar ameaçadoramente dos olhos verdes, mas não se assustava com aquilo. Tentou virar-se, dando-lhe as costas, mas Vitória a segurou, abraçando-a forte, prendendo-a em seus braços.
            A jovem tentou empurrá-la, lutando para livrar das correntes que a prendia, acabou arranhando o rosto da Mattarazi, até que teve os braços imobilizados, tendo sobre si a odiosa mulher.
                  -- Solte-me! – Gritou. – Deixe-me em paz! – Exigia com a voz embargada.
            A ruiva pareceu voltar a si quando viu as lágrimas lhe banhar o rosto. Mesmo contra a vontade da garota, trouxe-a para si, deitando-a em seu peito, acalentando-a como se fosse uma criança.
                Clara pareceu cansar de se debater, recebendo o conforto que a empresária lhe dava naquele momento.


             Frederico Duomont fora enterrado naquele mesmo dia, enquanto Valentina buscava de todas as formas descobrir quem ceifara a vida de tão importante figura polı́tica.



              Os dias passavam tranquilos.
         Otávio já se apossava da prefeitura quando teve a desagradável surpresa de encontrar a condessa lá, examinando tudo minuciosamente, conta por conta, cada papel, tentando organizar a bagunça que Marcelo deixara.
            -- O que faz aqui? – O homem perguntou surpreso.
            -- Bem, eu acho que esse é o meu lugar, afinal, fui eleita prefeita. – Disse sem encará-lo.
          -- O trato não foi esse! – O polı́tico bateu forte na mesa. – Não me diga que está interessa no salário? Não sabia que suas finanças estavam tão ruins para precisar dessa mı́sera quantia.
           Vitória o fitou.
            -- Pode ficar com o dinheiro, ele não me interessa, apenas estou querendo retribuir a confiança que essas pessoas depositaram em mim.
            -- Você não tem experiência para isso!
            A ruiva apoiou os cotovelos na mesa, apoiando o queixo nas mãos cruzadas.
           -- E você tem? A sua gestão levou a cidade a total miséria... 
          O velho engoliu em seco.
            -- Marcelo será meu auxiliar, irá me ajudar...
         O som debochado da risada de Vitória era bem audível, mas ela parou de rir, encarando-o, fuzilando-o.
          -- Outro desgraçado que afundou isso aqui ainda mais. – Levantou-se. – Acostume-se com a ideia de que eu estarei aqui e cuidarei pessoalmente de tudo, quanto ao seu assistente, peça para que ele lhe preste assistência em sua fazendinha, pois aqui ele não pisará os pés... Pague-o com seu dinheiro, pois daqui não sairá um único centavo para ele.
            -- Como ousa me desafiar? – Otávio encheu o peito. – Quem pensas que é?
           -- Sou a condessa Vitória Elizabeth Fiaccadori de Mattarazi VI ou simplesmente... – Exibiu o sorriso arrogante. – A condessa bastarda e a prefeita dessa cidade!
            Otávio parecia que iria explodir a qualquer momento. Estava tão vermelho... O homem saiu pisando duro, batendo forte a porta.
               Vitória voltou a sentar continuando a exibir o ar de arrogância.


            Clara caminhou pelos estábulos. Ficou encantada ao ver o Bastardo, mas nada se comparava quando seus olhos fitaram a bela égua árabe.
            Quando lhe tocou, percebeu que o animal a reconhecia.
          -- Ela está sentindo muito a sua falta. – Batista se aproximou. – Até acho que ela está depressiva, nem mesmo come direito e tampouco demonstra a selvajaria que já faz parte dela.
             A jovem fitou o administrador.
           -- Eu não lembro dela. – Acariciou-lhe o flanco. – Mas ela é tão linda. Nunca tinha visto um bicho tão imponente.
               Como se chama?
              -- Branca de Neve! – O velho não conseguiu disfarçar o sorriso. – Perdoe-me.
             Clara sabia o motivo da risada, pois esse era o nome por qual a condessa lhe chamava. 
             O garanhão relinchou, parecendo reclamar por atenção.
            -- Esse é o da condessa, mas ele também gosta da senhorita, veja, desde que a derrubou ele parece triste.
              -- Ele me derrubou? – Virou-se para o animal negro. – Eu fiz algo para isso?
              -- Na verdade, a sela fora intencionalmente cortada e por esse motivo, teve o acidente.
             A Duomont recordou das palavras de Valentina que dissera que Marcelo estava envolvido naquele fato. Seria verdade aquilo?
              Batista pediu licença, afastando-se.
             Clara permaneceu por mais alguns segundos, até decidir retornar para o quarto, pois sua perna começou a incomodar.
             Deitou-se na enorme cama, lembrando de que vinha dividindo aquele lugar com a condessa.             Desde a última discussão, Vitória sempre voltava tarde, banhava, se acomodava ao seu lado, abraçando-a em silêncio.
            Felipe sempre a visitava, mas anda muito ocupado devido a papelada sobre a herança deixada por Frederico. Há uma semana seu avô tinha morrido e nada ainda fora descoberto sobre o assassinato.
              De repente, ela recordou de algo, o envelope!
            Estivera tão mergulhada em sua dor que nem se lembrara de que ele lhe entregara aquilo pouco tempo antes de ser morto.
            Levantou-se e seguiu até o armário de roupas, pegando o embrulho. Seu avô pedira que ela guardasse.
              Abriu, havia muitos papéis dentro, mas uma carta em especial lhe chamara a atenção.
             “ Vitória Mattarazi” 

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