A condessa bastarda -- Capítulo 20
Vitória se deliciava com a expressão furiosa de Clara. Não conseguira resistir à vontade de provocá-la mais um pouco, afinal, ela estava exibindo uma superioridade incompatível com a posição que estava a ocupar naquele momento.
Ajeitou-se na poltrona e pode sentir a respiração pesada da Duomont.
-- Você disse que eu não teria que dividir a cama contigo. – Falou tentando controlar o tom.
-- Não, não... Você falou em sentido sexual. – Levantou-se se espreguiçando lentamente. – Realmente quanto a isso nem precisa se preocupar, não vamos ter nenhum contato ı́ntimo.
Clara sentiu a face arder só em imaginar o que ela estava insinuando naquele momento. Será que ela ousava a pensar que essa era a sua vontade?
-- Por que eu preciso dormir aqui? Isso não estava no contrato.
-- Não se preocupe, é por pouco tempo. – Chegou mais perto dela. – Os quartos estão fechados desde o acidente, de toda a casa, só esse é aberto.
Realmente aquilo era verdade. Os cômodos não eram usados há muito tempo, pois Vitória não permitia, até os móveis tinham sido retirados, apenas os aposentos de Vitor permanecia intacto.
-- Posso dormir no escritório ou sei lá, na sala, tem espaço. – Tentou negociar.
-- Não! – Seguiu para a varanda. – Suas coisas estão no armário junto com as minhas, irá usar esse quarto, irá dormir aqui e não se preocupe que sua “ pureza” não será maculada.
A jovem Duomont ainda abriu a boca para retrucar, mas sabia que seria impossível dialogar com aquela mulher. Sentou pesadamente sobre a enorme cama e ficou parada, observando tudo com olhar perdido.
Vitória Mattarazi era o ser mais odioso que deveria existir em todo o mundo. Agia sempre com aquela imponência, arrogância e egocentrismo.
Examinou melhor o ambiente. Tudo ali era muito impessoal, nada denunciava a presença da condessa. Não havia fotos, só alguns quadros de artes abstratas. Alguns livros enfeitavam a pomposa cabeceira da cama. Os temas eram compatíveis com a ruiva.
Sorriu!
“ Dez passos para domar uma égua”
Em poucos segundos, o riso que veio manso, tomou proporções de gargalhadas. Quando o folheava, algo caiu de dentro.
Uma rosa!
Seria a mesma que lhe dera em outrora?
Tocou-lhe as pétalas, levou-a ao nariz e inspirou. Será?
A condessa deitou na enorme rede que estava armada na varanda do quarto. Raramente se dava o luxo de ficar ali, porém sentiu uma necessidade de se acomodar e ficar observando o céu.
A enorme casa dos Mattarazis contava com dois andares e o quarto da ruiva ficava no pavimento superior o que lhe dava uma maravilhosa vista de suas terras.
Ultimamente, tinha praticamente adotado aquele lugar para viver, antes estava sempre viajando e raramente parava ali, porém algo a prendia, melhor, alguém que estava a poucos metros de si.
Respirou fundo!
Estava brincando com fogo, sabia bem disso, mas na verdade, nunca tivera medo de se incendiar.
-- Isso é um absurdo! – Valentina foi logo dizendo ao entrar no quarto.
Miguel estava deitado, examinava alguns papéis.
-- Por que não me disse o que a sua sobrinha estava aprontando? – Indagou com as mãos na cintura. – Não acredito que você a apoiou em algo tão sujo.
O advogado retirou os óculos, colocando-o na mesinha.
-- Amor, eu tentei dissuadi-la disso, porém foi impossível. – Falava calmamente. – Por favor, não esqueça que esse é o meu trabalho. – Tentou se justificar.
-- Seu trabalho? – Falou por entre os dentes. – Você entregou a Maria Clara nas mãos da condessa. Não dói a sua consciência ao pensar o que ela capaz de fazer com aquela menina? Não te deixa perturbado essas atitudes tomadas por ela?
– Maneou a cabeça negativamente. – Ela é um milhão de vezes pior do que Vitório Mattarazi.
O conde não era bem visto na região.
Todos conheciam o caráter duvidoso que ele apresentava, sem falar no seu total desrespeito por mulheres. Para ele não havia negativas, bastava se interessar por uma e a tomava para si como se fosse um objeto. Sem falar em seus negócios escusos, sua irresponsabilidade diante de pessoas que necessitavam de si.
-- Não, ela não é. – Levantou-se. – Saiba que se não fosse pela Vitória, a famı́lia Duomont estaria em maus lençóis.
-- Pior do que está? – A mulher ironizou.
-- Para sua informação, se não fosse por minha sobrinha, os agiotas teriam cobrado as dívidas de Frederico de forma diferente. – Deu uma pausa para estudar o choque presente no rosto da esposa. – Isso mesmo que está ouvindo. Agiotas não seriam tão pacientes como a condessa está sendo.
Valentina parecia perplexa com o que ouvia, mas pareceu se recuperar rapidamente.
-- E você acha que a condessa foi altruı́sta? – Debochou.
-- Amor, por favor, eu não quero que briguemos. – Tentou se aproximar.
-- Vou tomar um banho.
Miguel suspirou.
Odiava quando aconteciam essas discussões desnecessárias, pois sabia que eles nunca se entenderiam quando o assunto era Mattarazi. Decerto, não estivera de acordo com o que fora feito, mas quando pensava no que Frederico Duomont tinha se envolvido, imaginava que Vitória dos males era o menor.
Já era um pouco tarde quando a ruiva decidiu voltar para o quarto.
Estava se preparando para uma nova discussão com a neta de Frederico, sabia que não seria fácil aquela convivência, a princesinha se mostrava ser bem petulante, mesmo com aquela carinha de encantada.
Abriu a porta e teve que se segurar para não rir.
Maria Clara estava dividindo a cama com travesseiros e parecia tão empenhada que nem percebeu a chegada da outra.
-- Posso saber o motivo disso? – Apontou para a barreira improvisada.
A jovem Duomont, assustada, interrompeu o que fazia. Encarou a mulher. Vitória estava parada no meio do quarto com os braços cruzados.
-- Já que você diz que preciso dormir aqui, estou fazendo o possível para evitar um contato maior entre nós.
-- Ah não diga! – Debochou, relanceando os olhos. – Chega de gracinhas, Branca de Neve, não estou com paciência para essas besteiras.
A ruiva seguiu até o leito, tentando destruir a barreira, mas a morena tentou detê-la, segurando-lhe os braços, o que as levou a se enrolar nos cobertores, deixando Maria sobre a Mattarazi.
-- Como ousa? – A ruiva indagou furiosa, tentando se livrar dela.
-- Ora, foi a senhora quem começou. – Segurou-lhe os pulsos. – Não tinha nada que mexer no que eu estava fazendo.
A empresária estreitou os olhos ameaçadoramente.
-- Não preciso do muro de Berlin dentro do meu quarto, afinal, eu já disse que não tenho nenhum interesse na sua pessoa.
-- E eu nenhum interesse em dormir tão próxima da senhora.
Os olhos verdes escureceram ainda mais quando percebeu que estava presa sob o corpo da neta do inimigo. Tentou controlar suas reações diante de tamanha proximidade, mas levando em conta que estava totalmente nua debaixo do roupão, isso não parecia uma tarefa simples, ainda mais quando a outra estava em meio as suas pernas, mantendo-a cativa com a coxa.
Clara observou o lábio superior da jovem. Nunca viu em toda sua vida uma boca tão rosada e tão linda. Levantou-se antes que cedesse a tentação e acabasse a beijando.
-- Acho melhor eu ir dormir em outro lugar.
Vitória se apoiou no cotovelo.
-- Você vai dormir aqui e é minha ú ltima palavra.
A jovem Duomont batia o pé no chão de forma impaciente.
-- Ok, condessa! – Disse por fim. – Sua vontade será feita.
A ruiva a observou deitar e se encolher.
Sorriu ao perceber a calça de moletom branca com florzinhas e a camiseta branca colada ao corpo. As formas femininas eram por demais tentadoras.
Respirou fundo para tentar conter o tesão.
Seu corpo tinha respondido tão rapidamente que sabia que estava molhada.
Apagou as luzes, retirou o roupão, seguiu até o banheiro e logo retornou vestindo uma camisola preta.
Acomodou-se no enorme leito e ficou ali de olhos fechados e sentindo aquele doce cheiro invadindo suas narinas. Sentiu uma vontade imensa de abraçá-la, de tocar aquela pele delicada com seus lábios...
Clara a ouviu praguejar.
Tentou não se importar com aquilo, mas sabia que aquela noite seria terrível.
Ao dia seguinte, Frederico seguiu até a capital. Ele conseguira falar com alguns amigos e estava confiante que conseguiria o dinheiro para pagar a Vitória Mattarazi. Um conhecido lhe indicara um empresário que sempre estava disposto a fazer generosos empréstimos.
Quando Clara despertou, estava sozinha.
Banhou e se vestiu, seguindo rapidamente para baixo, dormira muito, na verdade, só conseguiu conciliar o sono quando já era madrugada, pois não era fácil ter aquela mulher ao seu lado.
-- Bom dia! – Beijou Maria. – Estou atrasada, preciso seguir para ver os animais antes que a condessa me mande para o tronco. – Gracejou.
-- Sente que vou lhe servir algo para comer.
-- Não posso! – Negou-se. – Estou atrasada.
A empregada colocou as mãos na cintura roliça.
-- Sente-se, pois vai ficar doente se não se alimentar.
A garota assentiu.
Então sentiu o cheiro delicioso do café e dos pãezinhos quentes, sua barriga roncou.
-- Não se preocupe com a menina Vitória. – Sentou-se. – Ela saiu cedo e disse que não sabia quando retornaria. A Duomont levou um biscoito à boca. De repente, perdeu a fome.
-- Foi para onde? – Indagou sem querer demonstrar interesse.
-- Itália, bem, eu acho. Ela não explicou muito bem. Acordou cedo e pediu que Batista pegasse a mala e levasse para o carro.
Clara se sentiu decepcionada por isso, mas fez o possıv́ el para não mostrar.
-- Bom dia, senhorita Duomont. – O administrador tirou o chapéu, cumprimentando-a.
-- Bom dia! – Ela sorriu. – Não precisa me chamar assim, basta Clara ou se preferir Maria Clara.
O velho senhor maneou a cabeça em gesto afirmativo.
-- Quando terminar, quero que venha comigo para lhe entregar algo.
A morena assentiu.
Com certeza alguma tarefa deixada por Vitória.
Felipe estava se arrumando para sair quando foi interceptado pela esposa que entrava no quarto. Clarice tentou beijá-lo, mas o homem desviou da carı́cia.
-- Está indo aonde?
-- Ver minha filha, porque ao contrário de ti, eu me preocupo com ela.
A nora de Frederico ainda abriu a boca para retrucar, porém o vereador já tinha saı́do. A mulher sentou e ficou a pensar no que estava acontecendo.
Não sabia por que o marido a culpava, quando na verdade era Frederico e a condessa quem inventaram toda aquela história. Se tivesse dinheiro, com certeza não teria permitido que a filha fosse envolvida em algo tão sujo.
Pegou o telefone, iria ligar para Marcos, pediria para ele tentar conversar com o sogro para tentar explicar aquilo.
Clara estava maravilhada com as coisas que estava no escritório da Vitória.
Todos os materiais que necessitaria para exercer sua profissão estavam ali diante dos seus olhos.
-- A condessa disse para que a senhorita escolhesse o lugar para construir a pequena clı́nica.
A garota o fitou, entusiasmada, apenas assentiu.
-- Ah, ele deixou isso aqui. – Entregou-lhe um bilhete.
Ao abrir, um lindo sorriso iluminou o belo rosto.
“ Agora você tem tudo para cuidar dos meus animais, faça-o com carinho, Branca de Neve, caso contrário será castigada...
A condessa bastarda
Só ela para assinar usando aquele nome. Como alguém podia ser feita de pura provocação, deboche, arrogância e beleza?
-- Algum problema? – Batista indagou preocupado.
-- Não! – Respondeu saindo do transe. – É , traga a égua branca para o centro de treinamento. – Pediu.
-- A Branca de Neve? – Perguntou perplexo.
A Duomont precisou morder o lábio inferior para não gargalhar.
-- Sim, a Branca de Neve.
-- Olhe, menina, ninguém mexe com aquele bicho a não ser a condessa. Ela é um animal selvagem, acho melhor não se meter com ela.
-- Não se preocupe. – Colocou a mão em seu ombro. – Eu sou uma exı́mia amazona, sem falar que também sou veterinária.
Batista assentiu, mas ainda se pode ouvir o resmungar dele. “ Tão cabeça dura quanto a condessa.”
Felipe procurou Miguel, pois sabia que sua entrada não seria liberada facilmente, então os dois se dirigiram para lá.
Quando chegaram, foram informados que Maria Clara estava no centro de treinamento, então seguiram diretamente a direção indicada.
Sentaram na cerca de madeira e ficaram observando a perı́cia que a jovem tinha ao lidar com a égua.
Clara entregou uma maçã para o animal. Não a montaria naquele dia, pois sabia que seria jogada longe, tentaria ganhar a confiança dela, conquistando-lhe pouco a pouco.
Acariciou-lhe a crina brilhante. Nunca viu uma égua tão linda e suntuosa. Domaria e assim a teria para si. Deixou-a lá e seguiu até onde estava o pai e Miguel.
Recebeu um abraço apertado de Felipe e foi bombardeada com inúmeras perguntas.
-- Calma, papai, eu estou ótima, não tem motivos para se preocupar. – Apertou a mão do advogado. – Obrigada por tê-lo trazido até aqui, mas não quero que tenha problemas.
-- Não se preocupe, sei que a condessa está viajando. Ela me ligou cedinho pedindo para ficar de olho em ti. – Sorriu.
-- Para onde ela foi? – Indagou sem conseguir conter a curiosidade.
-- Eu não sei, deve tá resolvendo problemas ou se divertindo nas boates de Roma.
Felipe teve a impressão de ver no rosto da filha algo parecido com tristeza e decepção ao ouvir as palavras do advogado, porém achou que era apenas coisas da sua cabeça, pois depois começou a ouvir Clara falar entusiasmada sobre o fato de poder cuidar dos animais.
Preferiu não contar sobre Frederico ter ido viajar. Quando a jovem perguntou por Clarice, ele deu de ombros e desconversou, não desejava falar sobre a esposa, estava decepcionada com ela, decepcionado com a mesquinhez que via em seu jeito de agir.
Os dias passavam rápidos.
Maria Clara não tinha o que reclamar, pois até um clı́nica fora montada em uma área da fazenda. Tudo muito moderno e com materiais de última geração.
A cada dia que passava, obtinha mais sucesso com a Branca de Neve e em breve tentaria montá-la. Tomou banho e deitou na enorme cama.
Ia fazer um mês que a condessa tinha partido. Realmente, deveria tá fazendo algo muito bom para demorar tanto para retornar, porém de acordo com a Maria, Vitória era acostumada a passar muitos dias longe de casa, às vezes ficava meses em Roma, onde tinha um apartamento.
Virou para o outro lado, estava inquieta.
Vitória estacionou em frente à mansão Mattarazi.
Eram quase duas da madrugada. Chegara cedo, porém decidiu ficar na cidade e teve que ir falar com Otávio e com Alex, demorara mais do que o necessário e só agora pode chegar a casa.
Teve dificuldades para sair do veı́culo, tinha bebido mais do que o suficiente, raramente ficava bêbada, mas dessa vez tinha exagerado.
Conseguiu entrar e subiu as escadas até o quarto. Desejava apenas deitar, pois sua cabeça parecia não parar quieta.
Clara assustou-se com o baque sobre o leito.
Levantou rapidamente, acendeu a luz e ficou surpresa ao ver a condessa ali.
-- Você está bem? – Indagou preocupada.
Observou-a para ver se tinha algum machucado, porém ao mirar o rosto corado, sentiu o cheiro de bebida. Os olhos verdes se abriram e era possível ver neles a embriaguez que assolava seu cérebro.
-- Branca de Neve... – Falou com dificuldade.
-- O que faz aqui? E olhe o estado que se encontra. – Sentou-se na cama. – Precisa de um banho. Como veio até aqui nesse estado?
Vitória tentou se apoiar no cotovelo, mas era um esforço demasiado para suas forças naquele momento. Clara ouviu a gargalhada que a ruiva deu ao tentar levantar e não conseguir.
-- Como pode ter ficado tão porre? – Levantou-se. – Não irei dormir contigo assim.
Pensou em chamar Batista e Maria para ajudá-la a banhar a condessa, porém era muito tarde e não desejava incomodá-los.
Cruzou os braços e ficou a observá-la.
Usava uma calça de couro marrom, camiseta e jaqueta combinando com a calça. As botas estavam sujas.
O melhor a fazer era ir dormir no corredor ou no escritório, pois ali seria impossível com aquele cheiro de bebida.
Tinha decidido pegar o lençol para sair, quando viu que a ruiva conseguiu sentar e para piorar, ela conseguiu ficar de pé, mesmo trôpega.
Imediatamente a amparou para que não fosse ao chão.
-- Está doida? – A morena a repreendeu. – Quer cair e quebrar a cabeça?
-- Não, eu quero fazer amor contigo... – Sussurrou.
Maria a encarou e ficou ainda mais brava.
-- Você precisa de um banho, precisa tirar esse cheiro podre de bebida. – Desviou os lábios de um beijo. – Comporte-se, condessa.
-- Eu quero você sob meu corpo... Quero chupar sua...
-- Chega! – A Duomont corada a interrompeu. – Vou te jogar naquele banheiro e só vai sair de lá quando esse álcool sair do seu sangue.
Com muito esforço, chegaram até o banheiro. Clara conseguiu sentá-la na banqueta, em seguida lhe tirou a roupa, deixando-a apenas de calcinha e sutiã. Tentava não se distrair com as palavras ousadas e obscenas que ouvia, sem falar que precisava se desvencilhar das carı́cias.
-- Seus seios são lindos... – Tentou tocar a camiseta da garota. – Você é a mulher mais bonita que já vi...
Clara a fitou, ajeitando-se entre as pernas dela, temendo que ela pendesse para frente e acabasse caindo.
-- Sou? – Arqueou a sobrancelha esquerda. – Abriu-lhe o sutiã, livrando deles.
Mordeu o lábio inferior ao ver os dois montes redondos e de bicos rosados. Precisou de toda força interior para não ceder ao desejo de tocá-la.
-- Te quero pra mim... Quero que seja só minha, quero amá-la todos os dias... Não sabe como isso dói, como queima aqui. – Apontou para o peito. – Mas você é uma maldita Duomont e eu a odeio por isso. – Disse entre lágrimas.
-- Xiii. – Tentava acalmá-la. – Vamos banhar e tudo isso vai passar.
Nunca em sua vida vira tanta fragilidade ao fitar a ruiva. Abraçou-a e depois tocou-lhe os cabelos afogueados.
Ajudou-a e conseguiu colocá-la sob a ducha, teve que ficar lá, abraçada a ela, pois Vitória parecia ainda mais embriagada e não acreditava que ela conseguisse se sustentar sozinha. Sentia a água molhar seu corpo, mas também havia as lágrimas da poderosa mulher, ouvia os soluços e sentia um desejo enorme de cuidá-la, tomá-la em seus braços para sempre e não deixá-la sofrer...
Desligou a água, pegou a toalha, enrolando-a, em seguida, livrou-se das próprias roupas, vestiu o roupão, levou-a de volta a cama, deitando-a.
A linda condessa caiu em um profundo sono, enquanto a princesinha de contos de fadas ficou acordada, velando seu descansar e pensando em tudo que ouvira naquela noite. Sabia que não seria fácil a convivência, porém o seu amor por aquela arrogante criatura só fazia cada vez mais crescer...
Abraçou-a.
-- Eu te amo, condessa... Eu te amo mais do que qualquer coisa, Vitória Mattarazi.
Os olhos verdes se abriram ao ouvir as palavras, mas pareceram se entregar mais uma vez aos encantos de Morfeu.
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