A condessa bastarda -- Capítulo 14
Otávio se empenhava ainda mais na reta final da eleição. Dentro de um mês, aconteceria o pleito. Precisara inventar uma desculpa pela ausência da candidata principal, ligara inúmeras vezes para ela e nenhuma resposta fora lhe dada. Cada dia que passava tinha mais certeza que perderia a disputa e isso não era algo que lhe agradava.
Alex tentava lhe acalmar, mas em alguns momentos não tinha como conter a fúria do fazendeiro. Também tentara entrar em contato com a Mattarazi, mas ela apenas dizia que tinha muitos problemas para resolver.
Maria Clara continuava empenhada em sua candidatura, agora corria de um lado para o outro em busca de maiores adeptos a sua causa. Ao seu lado estava sempre seu avô e o seu noivo, as coisas se acertaram entre eles, não houve mais problemas e todos pareceram chegar a um denominador comum.
A jovem Duomont não estava disposta a abrir mão daquela paixão que a polı́tica pareceu tomar na sua vida. Agora entendia o avô e o pai e naquele momento tinha certeza que não se negaria de estar à frente da prefeitura daquela pequena cidade, faria tudo o que estivesse ao seu alcance para ajudar e mudar a vida daquelas pessoas que pareciam acreditar tanto em si.
Naquele dia chegou a casa quase meia noite. Estava cansada, seguiu direto para o quarto. Jogou-se na cama e ficou olhando para o teto por alguns segundos.
A penumbra envolvia o ambiente, deixando-o mais acolhedor.
Em breve aquela correria acabaria e todos saberiam quem administraria aquele lugar durante os próximos quatro
Pegou o celular e acessou a galeria de fotos e encontrou aqueles lindos olhos verdes. Tirara aquela imagem de uma revista onde a bela condessa saı́ra acompanhada do tal mexicano.
Há tempos não sabia nada dela, nem mesmo estava a participar da campanha.
Quando a viu ao lado do latino sentiu uma raiva enorme, furiosa por saber que depois do que tinha ocorrido entre elas, Vitória ainda se entregava nos braços de outro.
Boba!
Decerto, era realmente uma princesa de contos de fadas que imaginava as coisas tão romanticamente, quando na verdade, Vitória Mattarazi apenas sentia uma atração por si, um desejo que não conseguia controlar, porém agora que já a tivera em seus braços tudo mudou.
Ainda doía a forma como tudo acabou naquela noite, o jeito que fora tratada depois que ambas tinham se perdido no próprio desejo, a forma depreciativa que se dirigira a si diante da delegada.
Como poderá se apaixonar por alguém tão insensível?
Não havia espaço naquele coração para o amor, na verdade, duvidava que dentro daquele peito pulsasse algo que não fosse uma pedra. Todos estavam certos a respeito dela, todos tinham razão quando falavam da terrível falta de caráter que acometia a herdeiro de Vitório.
Não se importou quando sentiu as lágrimas lhe molhar o rosto. Precisava chorar, tirar de dentro de si aquela agonia que chegava a lhe tirar o fôlego.
Frederico caminhava de um lado para o outro no enorme quarto.
Estava desesperado, pois em menos de vinte dias venceria a parcela da hipoteca e não teria como pagar, acabara gastando mais do que o necessário nos últimos dias, tinha apostado tudo na campanha da neta e corria o risco de não ter nem mais para pagar os empregados.
Falara com o Marcelo, mas ele disse que não tinha como ajudar daquela vez, pois também enfrentava problemas econômicos.
Não havia mais nada para se desfazer, tudo estava nas mãos do banco. Pensara em Felipe para que pedisse um empréstimo, mas seria muito visível naquele momento e com certeza negariam ao menos que...
Maria Clara poderia conseguir se ele conseguisse falar com as pessoas certas. Mas não poderia ser na cidade, tinha alguns amigos na capital, poderia pedir que eles emprestassem a neta, afinal, ela seria a prefeita e não haveria problema de quitar essa dívida.
Caminhou até a enorme varanda e ficou a observar a noite estrelada. Ao longe podia ver as luzes da fazenda Mattarazi. Se pelo menos tivesse conseguido provar que a maldita condessa era culpada pela morte da famı́lia, teria conseguido herdar boa parte da fortuna que ela conseguira, porém fora inútil suas tentativas.
-- Mil vezes maldita Vitória!
Mas as coisas mudariam em breve, estava mais do que certo que a neta sairia vencedora daquela disputa, então, ele poderia lutar de igual para com ela e dessa vez a destruiria sem nenhuma clemência.
A condessa ouvia o som alto e se entregava aos prazeres da noite.
Decidira não retornar para a fazenda. Ao retornar da Itália, decidira ficar na capital e curtir à noite badalada da cidade grande.
Não havia problemas em sua vida, na verdade, tinha que comemorar seu sucesso empresarial. Havia dinheiro, poder, prazer... Então o que poderia lhe faltar?
Sentiu as mãos do amante em seu quadril acompanhando seu ritmo louco, deleitou-se com a sensualidade da música, bebeu e bebeu, até ver um olhar feminino lhe despindo maliciosamente.
Aquilo não a impressionava, ela sabia o quão bela era e naquela noite estava ainda mais arrebatadora, usava calça de couro preta, camisa folgada, branca, com alguns botões abertos, deixando amostra o sutiã no mesmo modelo da calça, os cabelos vermelhos estavam soltos completando o estilo Mattarazi.
Desvencilhou-se dos braços do latino e se aproximou da loira que a fitava tão intensamente.
-- Não sabia que é falta de educação olhar tão insistentemente para as pessoas? – Sussurrou em seu ouvido.
A garota sorriu.
-- Nem me lembrei dessa regra, afinal, nunca tinha visto uma mulher tão maravilhosamente linda em carne e osso.
A condessa piscou um olho e retornou para a pista, queria aproveitar intensamente os dias que se seguiam.
Os lábios foram capturados pelos de Juan. Correspondeu ao beijo com paixão, mesmo que seu corpo não reagisse a nenhuma carı́cia do rapaz, ela aprendera a fingir bem as emoções nos últimos dias.
Miguel andava de um lado para o outro.
-- Você vai acabar tendo um ataque. – Valentina disse ao sair do banheiro.
Era de manhã cedo e o advogado tinha passado a noite tentando entrar em contato com a condessa, mas suas tentativas foram inúteis.
-- E o que você queria? – Ele fitou a mulher. – Vitória deveria ter chegado aqui, pois deixara Roma há alguns dias.
-- Por favor, Miguel, a sua sobrinha já é bem grandinha para que você fique tão preocupado. A delegada caminhou até a cama e começou a secar as madeixas.
-- Com certeza deve ter encontrado alguma diversão na capital. Acho até bom que ela se mantenha longe, assim, não tenho problemas com os Duomont.
O advogado fitou a esposa com uma expressão irritada e deixou o quarto.
Ela sabia que tinha sido dura, mas não gostava de ver o marido tão atormentado por alguém que nem mesmo se importava com ele. A condessa agia como bem lhe dava na telha, nunca levava em conta a opinião de ninguém e aquilo não mudaria, nem mesmo quando ela viesse a saber o laço sanguíneo que tinha com o fiel escudeiro.
Sentia-se aliviada com aquela ausência, nem mesmo gostaria de imaginar os problemas que surgiriam se o que ocorrera entre ela e Maria Clara voltasse a acontecer. Estranhara era não ter exposto o ocorrido para desmoralizar a neta do maior inimigo, tinha quase certeza que aquilo que ocorrera entre ambas fora uma armação da parte da condessa para continuar seu plano de vingança, porém agora tinha dúvidas sobre o fato, mesmo assim, era melhor que Mattarazi continuasse afastada de todos para que a paz pudesse reinar.
-- Você entendeu, filha?
Clara estava no escritório com o avô. Ela estava sentada, enquanto ele lhe dava as instruções para resolver o problema na capital.
-- Eu já falei com o meu amigo, não haverá problemas em você contrair esse empréstimo. Tudo será feito de forma a não prejudicar sua campanha.
A jovem não parecia muito entusiasmada com aquilo, porém ao ouvir Frederico dizer sobre as dificuldades que estavam enfrentando, não titubeou e aceitou a tarefa.
-- Está certo. – Levantou-se. – Irei arrumar minhas coisas para seguir para a capital. Se sair agora, decerto, ao meio dia estarei chegando lá.
O homem seguiu até ela, abraçando-a.
-- Obrigada, meu anjo! – Beijou-lhe a face. – Isso ficará apenas entre nós.
Ela assentiu e seguiu para o quarto.
Vitória despertou com o insistente toque do celular. Estendeu a mão e encontrou o aparelho.
Miguel!
Silenciou a chamada. Há dias ele ligava e em nenhuma das vezes, ela atendeu. Não tinha interesse em falar com ninguém, sentia-se bem, tranquila e no controle das próprias emoções.
Observou o relógio e viu que já era quase quatro da tarde. Bem, fora para cama às dez da manhã, virara a noite na boate e quando o sol nasceu seguiu para uma festa exclusiva que a loira lhe convidara.
Sofia!
Esse era o nome da mulher sensual que tentara lhe seduzir.
Sorriu!
As janelas do quarto permaneciam fechadas, deixando mais aconchegante o lugar.
Levantou-se, abrindo-as, deixando a luz penetrar na escuridão.
Não fora para seu apartamento como era de costume quando estava na capital, decidira se hospedar em um hotel, assim, ninguém lhe localizaria.
Viu um bilhete sobre o criado mudo.
Juan!
Ele precisara retornar para o México, pois tivera um problema em uma de suas empresas. Que pena!
Ele era uma ótima companhia, gostava de tê-lo por perto, de sua forma atenciosa de lhe tratar, suas gentilezas. Espreguiçou-se e seguiu para o banheiro.
A hidromassagem estava pronta, como todos os dias. Decerto, a camareira entrara e fizera aquilo.
Despiu o roupão e emergiu na água espumante, sentindo cada parte do corpo relaxar. Sabia que precisava retornar para a casa. Havia a maldita eleição, havia os negócios que também requeriam sua presença. Não desejava regressar, seus dias estavam sendo maravilhosos, tudo seguindo o rumo perfeito, tudo planejado, sem interferência de nenhuma ordem.
Fechou os olhos e viu aqueles olhos negros que pareciam persegui-la. Há dias não pensava na princesinha de contos de fadas, mas agora, sua mente a traiu miseravelmente, fazendo-a recordar da Maria Clara.
Como ela estaria?
Com certeza feliz com o noivinho...
Sentiu uma raiva grande ao imaginá-la nos braços dele... Maldição!
Por que aquela maldita garota surgiu em sua vida? Por que quando se tratava dela seu autocontrole não funcionava?
Não, não e não!
Não estava apaixonada coisa nenhuma, isso fora uma besteira que chegara a pensar, mas não era isso, tudo não passava de um desejo poderoso, louco, insano... Algo que o tempo e a distância sanaria.
Os Duomonts era uma verdadeira praga em sua vida.
Maria Clara achou desnecessário se hospedar em um lugar tão caro, mas o amigo do avô disse que custearia a despesa, então não teve como se negar.
Bem, pelo menos ficaria apenas até o dia seguinte, pois assim que assinasse os papéis o empréstimo seria liberado.
Colocou a bolsa sobre a cama e ficou encantada com o requinte e luxo daquele lugar. Já frequentara hotéis chiques, mas aquele tinha algo a mais, devia ser aquela decoração inglesa, sóbria.
Ligou para o avô para avisar do andamento das coisas e depois para o noivo. Marcos insistiu em saber o que ela tinha ido fazer na capital e ela teve que inventar uma desculpa, mas Frederico deixou bem claro que deveria manter sigilo.
Depois de alguns minutos desligou.
Pensou em ligar para o amigo e treinador, mas se lembrou de que ele estava fora do paı́s participando de um campeonato.
Uma pena, seria bom revê-lo depois de tanto tempo.
Decidiu tomar um banho e seguir para o restaurante do hotel. Assim, se distrairia, antes de deitar para dormir.
A condessa recebeu um telefonema de Sofia. A bela loira disse querer vê-la, mas Vitória se queixou de estar com uma terrível dor de cabeça e assim, ambas decidiram se encontrar no restaurante do hotel.
A ruiva não se sentia muito bem, mas decidiu aceitar o convite. Não desejava ficar sozinha, pois sempre que ficava só sua mente a traia.
Vestiu um vestido de mangas longas, branco, que chegava até o joelhos, colocou um cinto que combinava com o sapato preto, deixou os cabelos soltos e aplicou uma leve maquiagem.
Ao chegar ao restaurante, Sofia já estava lá e parecia ainda mais bela do que no dia anterior. Cumprimentou-a com um beijo no rosto e depois sentaram.
-- Fico feliz que tenha aceitado meu convite. – A loira começou dizendo. – Estava morrendo de vontade de te ver.
Na noite passada não houve nada entre elas, mas a condessa sabia que o interesse da jovem não era apenas amizade, afinal, ela flertara consigo abertamente.
-- Confesso que ainda cogitei recusar, não estou muito bem, ontem eu exagerei na bebida.
-- Tomou algo para aliviar a dor? – Sofia lhe segurou a mão. – Se não estiver se sentindo bem, não me chatearei que suba para descansar.
-- Não se preocupe, não estou tão mal assim. – Sorriu. – Bem, ontem você me contava que é psicóloga, achei super interessante.
-- Sim, e olhe que uma das melhores, se quiser uma ajudinha? – Piscou maliciosa.
Vitória sorriu, mas seus olhos foram atraı́dos por uma figura que entrava no estabelecimento e sentava a poucos metros de si.
De repente aquele olhar doce seguiu em sua direção e ela teve certeza que não estava a sonhar.
Maria Clara Duomont!
Aquilo não poderia ser real, aquela mulher não poderia estar ali.
A jovem seguiu por entre as mesas. O restaurante não estava cheio e por isso não teve problema em encontrar um bom lugar para sentar.
O hotel era realmente muito requintado. Ficara fascinada com cada detalhe que via e ficara sabendo por uma das camareiras que havia quadras esportivas, além de uma enorme piscina.
Ao acomodar-se sentiu aquele olhar forte em sua direção e na mesma hora o coração começou a bater descompassado. A uma distancia curta de si, estava a poderosa e insensível Mattarazi, ainda mais linda do que a última vez que a viu.
Enfrentou o olhar duro que ela lhe dirigia, não baixaria a cabeça diante de sua arrogância, jamais faria aquilo. Notou a presença feminina ao seu lado e percebeu que havia certa intimidade entre elas.
Felizmente, um homem bem vestido veio até si para anotar o pedido. Sentiu vontade voltar ao quarto, mas não o faria, não fugiria da situação.
Pediu algo leve, pois a fome já havia lhe abandonado.
-- Você está bem?
Vitória fitou a loira.
-- Sim, estou. – Tentou disfarçar. – Apenas como disse não estou muito bem, mas daqui a pouco passa. – Sorriu.
-- Bem, eu adoraria que passasse, pois tinha planos para a noite. – Falou sedutora. – Nunca tinha visto uma mulher tão linda como você. – Trocou de cadeira ficando ainda mias perto. – Eu poderia me apaixonar rapidinho. – Falou em tom baixo e sensual.
A ruiva mirou os lábios que estavam tão próximos dos seus. Sofia era inegavelmente uma mulher de beleza ı́mpar, tinha sensualidade nata e não seria difı́cil se interessar por ela.
Maria Clara observava a intimidade entre as mulheres. Só um cego não saberia o que estava acontecendo ali.
Sentiu tanta raiva que nem mesmo terminou a refeição e seguiu para o quarto. Aquilo era muito para aguentar, seu sangue era muito quente e se descobrira muito ciumenta.
Esperou o elevador impacientemente. Se pudesse ir embora naquela mesma noite, o faria, sem dúvida. Por que teve que encontrá-la? Estava tudo tão bem, tão tranquilo em sua vida, até a condessa reaparecer e bagunçar tudo novamente.
Entrou na suı́te e jogou-se na cama.
Precisava apenas dormir para que amanhecesse rapidamente e pudesse resolver o problema, assim, retornaria para a casa.
Decidiu ligar para o noivo para se distrair, assim, ocuparia a mente com outra coisa.
O jantar de Vitória transcorreu tranquilo. A condessa estava ansiosa para se livrar da convidada, pois algo naquele momento lhe agoniava muito mais.
Usou a desculpa da enxaqueca para não se demorar tanto e Sofia decidiu se despedir, mas com a promessa de que se encontrariam no dia seguinte.
Assim que se livrou da loira, seguiu até a recepção para saber em qual quarto estava hospedada a neta de Frederico, sabia que o melhor era deixá-la em paz, mas algo dentro de si não aceitava tal coisa.
Conseguiu a informação que necessitava e seguiu direto para lá.
Clara conversou com o noivo durante quase uma hora, depois tomou um banho e seguiu para a cama.
Ouviu a campanhia e imaginou que fosse o serviço de quarto trazendo o lanche. Vestiu o roupão e seguiu até a porta, abrindo-a.
O sorriso simpático foi desfeito ao ver de quem se tratava.
-- O que quer? – Indagou rı́spida.
A ruiva tentou entrar, mas a jovem interceptou a passagem.
-- Bem, vim apenas lhe cumprimentar. – Sorriu provocante. – Afinal, faz um bom tempo que não nos vemos, então pensei que seria falta de educação não vir até aqui.
-- Bem, então, a senhora já fez a cortesia do dia. – Tentou fechar a porta, mas foi detida.
-- Deixe-me entrar. – Pediu. – Desejo lhe falar.
Clara fitou os olhos verdes e dessa vez não encontrou o sarcasmo. Afastou-se, dando-lhe passagem.
-- Diga logo o que deseja, pois já estava indo dormir.
Vitória a mirou dos pés a cabeça, demorando-se nos seios que não pareciam tão escondidos como deveriam estar.
-- O que faz aqui? – Perguntou, aproximando-se. – Não deveria estar se dedicando a sua campanha?
-- Bem, eu não acho que isso seja da sua conta. – Encarou-a, cruzando os braços. – E levando em conta que não há nenhum tipo amizade entre nós, acho desnecessário a sua presença aqui e essa conversa fiada.
-- Calma, Branca de Neve. – Sorriu. – Não precisa dessa raiva toda não. – Chegou ainda mais perto. – Como disse, quis apenas ser educada. – Tocou-lhe a face.
A morena se desvencilhou do toque, mantendo distância.
-- Bem, você poderia ter usado toda a sua educação com a sua amiga loira e quanto a mim, nem mesmo desejava o seu cumprimento.
Vitória gargalhou debochada.
-- Não me diga que está com ciú mes? – Caminhou até ela. – Está com ciúmes, princesinha de contos de fadas? – Provocou. – Bem, a Sofia é uma mulher linda, mas deixei para outra ocasião, porque agora eu tenho outros planos.
-- Você pode ir ao inferno que eu nem mesmo vou me importar. – Disse por entre os dentes. -- Agora saia antes que eu chame os seguranças do hotel e acuse de importunação.
A condessa a segurou forte pelos ombros, abraçando-a para não correr o risco de ser arranhada como da última vez.
-- Mentirosa! Está com ciúmes sim, está bravinha porque me viu com outra mulher.
Maria Clara tentou se livrar das amarras, mas a ruiva a segurou ainda mais forte contra a parede.
-- Não quero brigar. – Tentou beijá-la, mas a outra desviou a cabeça. – Não tenho nada com a Sofia... Nenhuma outra me interessa. – Depositou o beijo em seu pescoço. – Vai dizer que não está com saudades de mim? – Piscou sarcástica.
-- Eu te odeio, Vitória Mattarazi! – Pronunciou cada sı́laba pausadamente.
-- Deixa eu sentir o sabor desse ódio, deixa...
Clara sentiu a boca da condessa se apossar da sua, mas não permitiu que ela aprofundasse o toque. Cerrou os lábios para evitar a invasão, porém isso não impedira que a outra lhe acariciasse com a lı́ngua e foi isso que ela fez, desenhando a boca rosada pacientemente, até senti-la ceder, então a penetrou delicadamente, sentindo o sabor doce da jovem.
A bela Duomont se entregou e ficou em êxtase ao sentir o beijo delicado se tornar exigente, apaixonado, dominador.
Sentiu o roupão deixar seu corpo e as mãos que antes lhe prendiam, acaricia-lhe os seios, apertando-os.
Gemeu quando os dedos longos lhe apertaram os mamilos.
Fitou os olhos verdes e percebeu como estavam escuros. Sentiu aquela poderosa força lhe dominar.
Viu a boca se aproximar do colo e gemeu alto. A lı́ngua acariciava, enquanto os dentes os prendiam num misto de dor e prazer.
Notou a camisola ir ao chão, ficando apenas de calcinha. Os olhares pareciam presos, surpresos... Desejosos...
A condessa acariciou-lhe a pele sedosa, sentindo a maciez em seu tato, o aroma de rosas...
-- Peça para eu parar. – Encostou a testa na dela. – Diga que não quer... Por favor...
A neta de Frederico sentia a hesitação e agonia em cada palavra que ela pronunciava. Sabia o que ela estava a pedir e agora tinha certeza que a poderosa Mattarazi também estava assustada com o que se passava com ambas. Deveria aceitar a chance que estava sendo lhe dada, afinal, Vitória não tinha nada para lhe oferecer, naquele coração havia apenas espaço para ódio, rancor, então por que não a mandava embora e recuperava a paz para sua alma? Sentia a tensão dela, sentia o pesar, o medo? O que temia aquela poderosa mulher?
Contrariando o certo a ser feito, Clara lhe enlaçou a cintura.
-- Poderı́amos apenas esquecer quem eu sou e quem você é... – Mirou-lhe. – Hoje, agora, eu desejo que me tome para si, como sou, apenas uma mulher que a deseja mais do que tudo...
Vitória a encarou surpresa por alguns segundos, parecia ainda digerir o que lhe fora dito. A ruiva fechou os olhos e continuou com a tez encostada na da jovem.
A doce Duomont ouvia a respiração pesada e chegou a imaginar que ela tivesse desistido, sentiu um peso em seu peito e uma vontade incontrolável de chorar, até ver as lindas esmeraldas lhe fitarem profundamente.
A condessa mais uma vez lhe tomou a boca possessivamente, enquanto as mãos tocavam ousadamente o corpo esbelto.
Retornou aos seios, agora eram explorados com cautela, sentindo a textura da carne, a maciez dos belos montes.
Mais uma vez Clara foi pressionada contra a parede, quando Vitória buscava estreitar ainda mais o contato. Abandonou os lábios, tocando agora o pescoço esguio, mordiscando. Tocou o sexo sobre a calcinha, apertando, fazendo a amada cerrar os dentes para não gritar. Atrevida, introduziu a mão sob a peça ı́ntima, deliciando-se com a umidade que lhe lambuzava o tato.
Maria inclinou a cabeça para trás, fechando os olhos. Sentia a mão hábil explorando sua intimidade. A poderosa Mattarazi lhe tirou o tecido, deixando-a totalmente em pelo.
Sussurrou-lhe rouca:
-- Amar-te-ei como se não houvesse amanhã...
A condessa observou os mamilos arrebitados como botões de rosas... Tocou-os com o polegar, em seguida com a pontinha da lı́ngua, degustando com a delicadeza do colo, chupando-os.
A Duomont abriu os olhos e viu a cabeleira vermelha, gemeu quando Vitória aumentou a intensidade e mais uma vez teve o sexo explorado. Sentia os dedos pressionando e o prazer foi mesclado por um desconforto.
Deteve-lhe a carı́cia.
Mattarazi a fitou confusa.
-- Dispa-se, também desejo senti-la. – Clara pediu.
A condessa se afastou, exibindo aquele sorriso meio de lado. Sem deixar de encará-la, retirou lentamente peça por peça.
O quarto não estava às claras, mas a penumbra não impedia que Maria Clara pudesse admirar e beleza do corpo da maior inimiga da sua famı́lia.
Linda!
Deliciosamente bela.
Aproximou-se, estendendo os braços, trazendo-a para si.
-- Quero-te como jamais quis algo em toda minha existência...
O beijo foi doce, leve, cheio de esperança e mesclado de saudades...
A Duomont estava tão distraı́da que só percebeu que tinha sido conduzida até a cama quando esbarrou no móvel.
A condessa a acomodou no leito, deitando sobre ela, descobrindo a maravilhosa sensação das peles se roçando. Os corpos pareciam terem sido moldados, completando-se, unindo-se.
A Duomont sentia os beijos de Vitória, pareciam sem pressa, inicialmente na face, nos seios onde se demorou, mamando... No abdome firme sentiu as lambidas.
Cravou as unhas em seus ombros.
-- Vitória... – Sussurrava o seu nome. – Por favor... A Mattarazi sorriu e continuou.
Clara tremeu ao tê-la entre suas pernas.
Sentiu os beijos em suas coxas, as leves mordidas... Corou quando os olhos a fitaram...
A condessa beijou-lhe a virilha... Acariciou os ralos pelos e aspirou o aroma feminino. Curiosa, massageou cuidadosamente a carne molhada. Abriu-a, depositando um beijo no centro do seu prazer.
Clara desviou o olhar, sentia-se invadida, mas quando teve o primeiro contato da boca rosada em seu sexo, mirou-a. Via o olhar faminto da ruiva, a sua lı́ngua deslizar vagarosamente de baixo para cima, enquanto seus dedos pareciam analisar o novo cenário.
Tentou se desvencilhar, mas a outra não lhe permitiu. Cobriu os olhos com o braço.
Vitória sorriu ao vê-la tão constrangida, afinal, ela se mostrara tão ousada, mas agora parecia uma garotinha assustada.
Lambuzou todo o dedo e depois levou aos lábios...
-- Como pode ser tão gostosa?
A boca sedenta não se conformou com tão pouco, então decidiu explorar melhor a fonte.
Maria jamais imaginara que pudesse existir um prazer tão intenso, abriu-se mais para tê-la mais intimamente. Sentiu-a chupar forte, sugar, lamber. Balançou os quadris para acompanhar o ritmo. Sabia que em breve não iria conseguir segurar, pois seu corpo já antecipava o êxtase que estava por vir. Mexeu ainda mais, gemeu, pediu que ela continuasse... até seu corpo explodir em um orgasmo mesclado a uma lancinante dor.
A condessa só percebeu quando já não tinha como voltar, deitou-se sobre ela, mirou os olhos fechados e uma solitária lágrima deslizar por sua face rosada.
-- Por que não me disse que era virgem? -- Perguntou preocupada.
Clara a encarou e percebeu como havia perturbação naquele rosto.
-- Perdoe-me, não quis machucá-la... –Acariciou-lhe a face com as costas da mão.
A jovem Duomont beijou-lhe a mão.
-- Não me machucou, minha linda condessa... – Exibiu aquele doce sorriso. – Não o fez. – Beijou lentamente cada um dos longos dedos. -- E quanto a minha virgindade, entreguei-a a única pessoa que eu desejei que a tomasse. – Tocou-lhe os lábios com os seus. – Sou sua...
Vitória ainda tentou protestar, mas um delicioso beijo lhe dissuadiu do intuito.
Sabia que aquilo estava errado, mas naquele momento não tinha mais forças para retrucar, pois seu desejo já reagia às carı́cias que a jovem lhe proporcionava.
Acomodou-se entre as pernas da amada, sentindo os sexos se tocarem.
Entre sussurros e palavras desconexas, as duas mulheres se entregaram àquele momento único, amando-se, esquecendo que eram inimigas, esquecendo que eram adversárias no enredo daquela história. Naquele momento só importava o fato de estarem juntas e em poucos minutos seus corpos foram sacudidos pelo ápice do prazer, levando-as ao patamar maior do amor.
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