A condessa bastarda -- Capítulo 10

           O domingo ensolarado seria festivo para o pequeno municı́pio. A cidade estava cheia de turistas, pois haveria um leilão internacional de cavalos de raças, touros e novilhas.
               Os Duomont marcavam presença e ocupava a mesa do prefeito. Todos os presentes seguiam para cumprimentar o antes poderoso Frederico, talvez por curiosidade, afinal, o velho polı́tico já fora muito bem visto, o que não era o caso da atualidade.
           Todos observavam os animais e ambicionavam a chance de adquirir um dos maravilhosos bichos que vieram de tão longe.
             Maria Clara afastou-se do grupo, não estava muito interessada na conversa. Caminhou até o lugar onde haveria a apresentação de equitação.
              Olhava o picadeiro, que fora montado, maravilhada.
          Um jovem rapaz estava a se exibir, mas não parecia ter tanta segurança ainda, era desengonçado sobre o cavalo.
              Sentiu uma vontade enorme de assumir o lugar dele. Aquela era sua maior paixão e seu maior desejo era poder se apresentar novamente.
             Entristeceu-se ao recordar de sua perda, o seu fiel companheiro teve que ser sacrificado e sabia que não seria fácil encontrar outro tão bom quanto ele. Ela mesma o treinara e o fizera um campeão.
              Ouviu a voz do locutor, tirando-a de suas ponderações, anunciando a apresentação de Vitória Mattarazi. 
              Atônita, aproximou-se mais da cerca.
              -- É uma louca mesmo! – Sussurrou baixinho.
           Não fazia nem quinze dias do atentado que sofrera e já estava a se exibir sobre o poderoso garanhão.
     Observou o porte orgulhoso que a fazia lembrar o de uma rainha... Poderosa... Arrogante...orgulhosa... Bastarda... Os olhares se encontraram e a neta de Frederico sentiu as batidas do coração se acelerarem.
               Apertou forte a madeira, engolindo em seco.
              O que acontecia consigo quando aquela mulher estava por perto?
              Vitória pulou o primeiro obstáculo e sentiu o ombro latejar. Fora recomendada pelo médico a não fazer movimentos bruscos, mas não conseguira recusar o convite que recebera para a apresentação.
              Saltou o segundo e sentiu um imã lhe atrair... Maria Clara a encarava!
              Conseguia ver os olhos acompanhando cada gesto seu... Linda... Desgraçadamente bela...
           Ela usava uma camiseta na cor preta, uma calça jeans cinza com suspensórios, o traje delineava o corpo perfeito e as formas delicadas. Os cabelos ondulados estavam soltos e eram levados pelo vento.
                Mirou os lábios entreabertos e sentiu a boca seca...
               Sorte que o Bastardo estava atento e pulou o último obstáculo, trazendo de volta a realidade sua amazona.


              Frederico observava tudo ao redor. Precisara pedir um novo empréstimo ao banco e mais uma vez assinara uma promissória, comprometendo praticamente toda a fazenda.
              Era necessário um maior empenho com a campanha da neta. Se ela ganhasse, todas as dívidas seriam saldadas, ele sabia que poderia fazer isso.
                  Observou Marcelo, não permitiria que ele tomasse as rédeas da situação...
               -- Os animais são excelentes! – Marcos sentou ao lado deles. -- Espero poder arrematar alguns.
                  -- E onde está a Clara? – Clarice olhou ao redor e não viu a filha.
                 -- Ah, ela ficou vendo a apresentação de hipismo. – Tomou um pouco do suco. – Ela ficou vidrada, acredito que deseje retornar a praticar o esporte.
                -- Isso não vai mais acontecer! – A mulher falou firme. – Não haverá mais competições para ela e espero que você me ajude a convencê-la sobre isso.
                   O rapaz apenas deu de ombros continuando a tomar o refresco.


                  Maria Clara observou a amazona se afastar e percebeu que ela andava lentamente.
                Decidiu segui-la de longe e observou-a entrar em um trailer que estava um pouco afastado. Aproximou-se do garanhão que estava preso em uma árvore.
                 -- Olá, campeão! – Acariciou-lhe o flanco.
                  Ficou feliz por ele não parecer tão irritado quanto antes.
                  – Sabia que você é o cavalo mais lindo que eu já vi. 
                 O bicho a fitou.
          -- Não tenho maçãs e tampouco cenouras, mas prometo que da próxima vez que nos encontrarmos trarei algo para ti.
            -- O que está fazendo com o Bastardo? – A condessa indagou rispidamente. 
            A morena assustou-se.
         -- Estava apenas o cumprimentando. – Respondeu simplesmente. 
             A ruiva estreitou os olhos, analisando-a.
         Estava descansando quando sentiu um cheiro que parecia embriagá-la e por isso foi ver de quem se tratava.
           -- Não esqueça que há uma ordem de restrição... – Arqueou a sobrancelha esquerda. – Poderia denunciá-la, branca de neve.
          -- E por que não o fez quanto ao tiro? – Provocou-a, continuando a mirar o cavalo. 
           Vitória gemeu ao fazer um movimento brusco. A Duomont foi até ela.
           -- Você é  louca! – Observou o sangue manchar o traje de montaria. – Não deveria ter se apresentado hoje, ainda está convalescendo. – Repreendeu-a.
         A condessa a fitou confusa, afastou-se, entrando no trailer. A outra a seguiu e ficou maravilhada com o lugar. Havia poltronas, uma TV, um frigobar e uma rede... Tudo bem acolhedor.
              -- O que você quer? – Vitória indagou impaciente com as mãos na cintura. – Quem pensa ser para se intrometer em minha vida?
           -- Deixe-me ver seu machucado? – Pediu, ignorando a grosseria. – Você pode ter uma infecção.
                -- E desde quando isso é da sua conta? – Perguntou irritada. – Não preciso que finjas que se preocupa comigo. – Caminhou até ela, ficando praticamente colada. – Deveria temer, afinal, não esqueça quem eu sou e do que sou capaz.
         -- Acho que essa guerra não tem mais motivos para acontecer. – Balançou a cabeça negativamente.
               -- Ah, não diga! – Debochou. – Enquanto um maldito Duomont tiver vida essa guerra nunca irá acabar...—Apontou-lhe o indicador ameaçadoramente. -- Seu maldito avô e sua tia desgraçada destruı́ram o que eu tinha de mais importante...
                 -- Não Fale assim... – Protestou.
             -- Falo como eu quiser! – Gritou. – Saiba que terei o maior prazer em destruir toda a sua famı́lia e com você ainda farei pior... – Segurou-lhe pelo braço. – Eu avisei para que saı́sse do meu caminho, mas você continua a cruzá-lo, continua me perseguindo e se eu tiver a certeza de que foi você que atirou em mim naquele dia, uma bala será o mı́nimo que vai receber.
                Clara se desvencilhou abruptamente do toque.
            -- Acredite que se eu tivesse atirado, não teria me arrependido depois... 
             Vitória a viu se afastar e teve ganas de ir atrás dela.
             Odiava-a...
           Odiava aquela sensação de angustia, de fraqueza que estava a se apossar de si... Odiava quando não conseguia controlar as próprias emoções, quando sentia que a qualquer momento perderia o controle da situação, odiava o desejo de tomá-la nos braços...
               Respirou fundo, tentando controlar as batidas do coração.


             A jovem Duomont sentia a raiva tomar proporções enormes. A cada passo que dava, percebia as lágrimas lutando para se libertarem.
            Encostou-se a uma árvore para tentar se acalmar, não poderia retornar para junto da famı́lia tão abalada emocionalmente.
          Como podia ser tão burra ao pensar que Vitória Mattarazi teria como romper com aquele cı́rculo vicioso de ódio? Precisava manter distância daquela mulher... Mas não conseguia, era como se houvesse uma maldita necessidade de tê-la, de senti-la...
               Massageou as têmporas, sua cabeça estava a latejar de dor.


            Vitória limpou o ferimento que realmente estava a sangrar. Observou o reflexo no espelho. Havia um brilho diferente em seus olhos... Ódio?!
             Maria Clara a estava tentando de uma forma bastante perigosa. Seu corpo ainda estava a arder só por tê-la tocado. Era a primeira vez que sentia um desejo tão devastador. O cheiro dela impregnava sua pele. O sabor daqueles lábios, as formas macias do seu corpo...
              Bateu com o punho fechado no espelho e nem ao menos sentiu a dor dos cortes em seus dedos
                 -- Mil vezes maldita...


                O leilão já tinha iniciado.
            As pessoas estavam eufóricas para adquirir os belos espécimes, mas a égua anunciada no momento não fizera muito sucesso. Apesar de ser puro sangue e muito bela, a potra branca não tinha lances tão entusiasmados, tudo porque quem a levasse, teria o trabalho extra de domá-la, pois o animal era tão selvagem que nunca fora montado.
             Frederico e Marcelo não se interessaram, mas Clara observava o bicho apaixonada. Estava encantada pelo equino, porém sabia que não teria como arrematá-lo, pois o preço era muito alto.
            Clara sentiu o magnético olhar cair sobre si e quando a fitou, encontrou a expressão cı́nica. Percebeu que ela tinha trocado a blusa, agora estava de camiseta, calça jeans colado ao corpo, botas de couro, combinando o marrom do cinto. Os cabelos estavam soltos. A mão esquerda estava enfaixada?
                Antes não estava ou ficara tão distraı́da que não havia percebido?
                Os passos firmes caminharam e ocuparam uma mesa que ficava ao lado da sua.
                -- Essa mulher não tem mesmo vergonha! – Clarice torceu o nariz ao ver a condessa.
              -- Um dia a expulsaremos dessa cidade e não teremos que sentir o cheiro podre que ela exala. – Frederico comentou.
            -- Mattarazi é muito rica... – Marcelo comentou pensativo. – Quem sabe não ficamos com esse dinheiro todo. – Levantou o copo em um brinde.
               Clara fitou o sogro.
          -- Vocês não cansam de falar sobre ela? – Indagou irritada. 
           Todos os presentes miraram a jovem, surpresos.
             A nora de Frederico não gostou do tom usado pela filha, repreendeu-a com o olhar.


            A condessa notou o olhar de encantamento que a sobrinha de Helena direcionou para a égua que estava sendo apresentada.
              Decidida, deu o lance alto e ninguém teve como cobrir e acabou comprando o animal.
            Não se interessara pelo bicho, mas o brilho nos olhos de Maria Clara fora o maior incentivo para a compra.
              -- Posso ter o prazer de sentar ao seu lado? – Alex a cumprimentou com um beijo rápido nos lábios. 
                 Vitória o encarou, irritada e ele se fez de desentendido, sentando.
                  -- Vai domar a égua?
                 A condessa bebeu um pouco de água e continuou a fitar a adversária. Estreitou os olhos ao ver Marcos beijar e abraçar a jovem.
              -- Otávio está do outro lado, trabalhando para ganhar a eleição. – Piscou. – Você está cada dia mais linda!
                  Ela apenas deu de ombros.


                -- Essa mulher é uma desavergonhada! – Marcos comentou.
               Clara seguiu o olhar do noivo e viu o loiro sentado bem próximo a condessa. Observou que o jornalista a estava quase beijando.
                Sentiu letárgica ao ver a cena.
                -- Com certeza, ela já retornou aos braços do seu principal amante.
                -- São amantes? – Indagou sem desviar o olhar do casal.
                -- Sim, desde quando ela era casada. Os dois são cúmplices no assassinato do marido dela.
                -- Mas... – Abriu a boca, mas preferiu não continuar.



                Miguel se aproximou.
                -- E como está indo?
               Alex não gostava do advogado, então ao vê-lo sentar, pediu licença e disse que iria falar com um conhecido.
                -- Quero que resolva a parte burocrática das compras. – O encarou. – Onde está a delegada?
                -- Está de plantão!
                -- E seu filho?
             Valentina e o advogado eram pais de um garoto de quatro anos. A condessa não era muito maternal, mas sentia um carinho especial pela criança.
                -- Ele está um pouco gripado, então o deixei com a babá.


                Maria Clara se sentia mentalmente cansada, não estava mais a suportar estar naquele lugar, ouvir o nome de Vitória e vê-la estava acabando com seus nervos.
                -- Vai onde? – Marcos perguntou ao vê-la se levantar.
               -- Irei dar uma volta. – Disse pegando a bolsa. – Acho que darei uma passada em casa, estou com dor de cabeça.
                -- Irei contigo! – Prontificou-se.
              -- Não! – Beijou-lhe. – Fique, ainda tem muita coisa para ver e já que não estarei presente, você tem que nos representar.
                O jovem assentiu, concordando com os argumentos que a jovem usou.
               Os demais não prestaram atenção, pois estavam tão entretidos que nem perceberam a saı́da da Duomont.


                 Clara dirigiu pela estrada até chegar ao rio.
                 O lugar estava deserto. Seguiu por entre as árvores e caminhou até a margem. Havia pedras naquela parte, pedras grandes que davam um ar encantador ao cenário. A água estava tão convidativa.
Rapidamente, livrou-se das roupas, ficando apenas de calcinha e sutiã. Sabia que era uma loucura, mas não havia ninguém por ali. Dentro de pouco tempo, o sol se poria. 
                  Caminhou até a água e esticou as pernas.
                 Era um lugar bonito e se a condessa não vivesse a brigar judicialmente, todo aquele lı́quido poderia ser bem utilizado por pessoas que estão a viver a escassez hı́drica. Muitos criadores estavam desistindo da pecuária, pois não tem como se manterem sem os recursos básicos.
                 Pelo que ficara sabendo, aquela postura arrogante, não era só de Vitória, o pai dela também vivia a proibir o uso do rio, mas se conseguisse sair vitoriosa daquela eleição faria de tudo para vencer na justiça e ajudaria aquela gente.


           Vitória agora estava sendo apresentada a algumas pessoas por Otávio. 
           O polı́tico se empenhava ao máximo para ganhar aquele pleito e sabia que o poder da condessa seria decisivo para sair vitorioso.
              A ruiva ouviu o celular tocar, pediu licença para atender.
              -- O que houve?
              Ela ouvia e sua raiva começava a vir à tona rapidamente.
              -- Estou indo para lá.
           Nem mesmo se despediu dos que estavam presentes. Caminhou até o carro e saiu em disparada.


               Clara observou os pássaros tentando pescar e sorriu.
              Aconchegou-se mais a pedra, fechando os olhos. Havia uma sensação de paz naquele lugar... Até ouvir um barulho... Abriu os olhos e viu aquelas botas diante de si, o olhar duro da ruiva. Seguiu a direção e viu que a poucos centı́metros de si, havia uma cobra e um punhal enterrado em sua cabeça.
               Levantou-se rapidamente, afastando-se do lugar.
               Vitória caminhou até o réptil, retirou a lamina e seguiu até o rio para limpá-la.
              O ato foi feito lentamente e nenhuma palavra fora dita. A neta de Frederico ainda continuava estática ao observar o animal que jazia morto ali.
             A condessa terminou o que estava a fazer e recolocou o punhal na bainha que ficava na lateral de sua bota, depois encarou a garota.
               Ao ser informada por um de seus seguranças que o carro da Duomont tinha invadido suas terras, não pensara duas vezes e seguiu direto para lá. Estava furiosa com a ousadia da jovem, mas ao se aproximar viu a cobra quase a atacando e precisou pensar rápido para que Clara não fosse picada. Poderia ter deixado acontecer, afinal, não teria como ser penalizada por isso, mas agira instintivamente e jamais admitiria, mas temeu pela vida da inimiga.
             -- O que está fazendo aqui? – Mirou-lhe os olhos assustados. 
             Maria Clara parecia ainda em transe.
            -- Esse... Essa... Se você não tivesse chegado... Eu teria sido mordida... – Parecia falar mais para si e não para a outra.
                A condessa deu de ombros e sentou sobre a enorme pedra.
             Fitou-a e seus olhos não puderam evitar passear por aquele corpo que estava praticamente todo exposto.
            A lingerie na cor branca moldava perfeitamente o corpo magro. Os seios redondos estavam poucos cobertos, o abdome liso, o quadril arredondado era agraciado por uma calcinha que apesar de não ser tão provocante, era por demais tentadora.
             Cruzou os braços e tentou se concentrar em sua raiva.
             -- Você é surda ou o quê?
              A neta de Frederico pareceu sair do transe ao ouvir o tom raivoso.
              -- Eu... Só queria apreciar a vista... Relaxar...
               Vitória seguiu até ela, lhe segurando fortemente pelos ombros.
               -- E se você tivesse sido atacada por esse bicho eu seria a culpada mais uma vez, não é?
               -- Eu não sabia que corria esse risco...
             -- Olha para os lados e veja que há praticamente uma reserva florestal, então deveria imaginar que tais bichos vivem aqui. – Apertou-a mais. – Ou será que fez isso para depois me acusar?
              A morena ficou tão irritada com as palavras proferidas que se desvencilhou abruptamente das amarras que a prendiam, perdendo o equilı́brio, caiu sentada.
               Vitória riu debochada, até o olhar da jovem encarar o seu, percebendo o lindo rosto com uma expressão de dor... Tristeza...
                Imediatamente, a condessa agachou-se junto a ela.
              – Afaste-se de mim! – Gritava a garota com as palavras sendo sufocada pelo choro. – Deixe-me em paz...
           A ruiva tentou segurar os punhos que lhe desferia golpes, mas fora preciso abraçá-la para poder imobilizá-la.
             Clara continuou a socá-la, mas pareceu perder as forças e acabou se aconchegando ao corpo da inimiga, tentando conter os espasmos de agonia e raiva...
               A bela Mattarazi a ouvia e algo dentro de si se manifestava selvagemente.
           Nunca se sentira tocada por rompantes emocionais, na verdade, sempre considerara as lágrimas como um mecanismo de manipulação usado pelos covardes. Ela jamais chorava, o fizera, depois de crescida, apenas uma vez, quando perdera o irmão tragicamente.
            Acariciou-lhe os cabelos sedosos e aspirou àquele cheiro floral que se depreendia deles. De repente, seu corpo começava a ter noção da posição que se encontrava. Sua pele começava a queimar ao senti-la tão intimamente. Tocou-lhe as costas, descendo até chegar às nádegas bem feitas... A calcinha deixava boa parte à mostra. Automaticamente, apertou-a mais, necessitando de muito mais...
            Maria Clara sentiu o desejo assumir o lugar que antes pertencia a outro sentimento... Não sabia explicar o que se passava e não desejava fazê-lo, não naquele momento...
                Escondeu o rosto sobre o pescoço esguio... Mas ao sentir o toque sobre o sutiã, fitou-a...
            Vitória a mirou e viu face tingida de vermelho... Seria das lágrimas... ou... Perdeu o raciocı́nio ao ver aquela boca entreaberta... Sentia a respiração tão próxima a sua...Os lábios se encontraram sutilmente... A condessa segurou-lhe o rosto e aprofundou mais a carı́cia...
           A neta de Frederico precisou se apoiar ainda mais para que não viesse a perder o equilı́brio. Timidamente, passou a lı́ngua pelos lábios de Vitória, antes de invadir-lhe em um ı́mpeto delicioso...
A condessa gemeu diante das investidas, deu livre acesso e se deliciou ao ter a lı́ngua chupada pela jovem...
          Abriu o fecho frontal do sutiã de Maria Clara e segurou os seios em suas mãos. Eles eram redondos, não grandes e tampouco pequenos, mas do tamanho adequado... Arranhou o mamilo com a unha e depois ficou a brincar com eles.
              A morena quase rasga a camiseta da poderosa mulher, desejando manter o contato com a pele quente. Deixou-a nua da cintura para cima, sentindo todos os pelos se arrepiarem com o contato tão ı́ntimo.
            Abandonou a boca, mordiscando o pescoço, desceu até o colo bem proporcional. Beijou-lhe as sardas que o enfeitava e em seguida passou a lı́ngua pelo mamilo rosado. Lambeu-o, em seguida começou a devorá-lo, sugando-o, chupando-o... Arqueou os olhos e encontrou o olhar da condessa, a face não exibia mais aquele ar sarcástico, tampouco a expressão de raiva, mas aparentava uma fragilidade... Decerto fora o prazer que escurecera aqueles lindos olhos verdes...
             Desconhecendo a si mesma, Clara desabotoou a calça de Vitória, tocando a calcinha... Seu corpo doı́a, seu ventre contraia...
                -- Não... – A condessa sussurrou contra o ombro da arqui-inimiga.
               A neta de Frederico não pareceu ouvir ou não tinha forças de parar... Seus dedos invadiram a pele sob o tecido...
           Parecendo se deliciar com os pelos... Mas foi além...Deslizou até senti-la pegajosa... Molhada... Escorregadia...
                  Gemeu ao tê-la úmida em seus dedos...
                Vitória percebeu a carı́cia e teve que morder o lábio inferior para não gritar... Jamais sentira algo tão poderoso... Seu corpo estava sendo assolado por um desejo primitivo...
                 Movimentou o quadril no ritmo imposto pela garota...
                 Cravou as unhas em seus braços... e teve um lampejo de consciência.
                  A condessa parece ter acordado do transe, empurrou-a, levantando-se.
                 -- Você é louca! – Acusou-a.
              Maria Clara a observou vestir a roupa e se afastar rapidamente. Ouviu o som do motor do carro... Mordeu o lábio inferior, passou a mão pelos cabelos desalinhados.
             -- Sim, condessa, estou louca...Completamente doida por você. – Cobriu o rosto com as mãos. 
                  Seu corpo estava dolorido, louco para saciar a paixão que a dominava. Trôpega, levantou e seguiu até o rio. Necessitava de um banho para esfriar o intenso calor que lhe queimava intimamente a pele.
                  O sol já tinha sumido no horizonte quando Maria Clara seguiu para a casa.
            Tivera sorte de chegar e a famı́lia não ter aparecido ainda. Uma jovem que trabalhava cuidando da casa avisou que o namorado havia ligado a sua procura.
                   Ela assentiu e seguiu para o quarto, não desejava ver ou falar com qualquer pessoa, queria apenas deitar e recordar o que se passara no rio.

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