Dolo Ferox -- Capítulo 1
Entre as montanhas das terras altas havia uma construção que beirava o século XIII. O vasto mosteiro construído com grandes pedras ainda se mantinha em pé nos dias atuais e em pleno funcionamento.
O imenso terreno acidentado o cobria com sua névoa, deixando-o reinar isolado naquele pedaço de fim de mundo.
Ninguém entrava naquele lugar sem ser pelo mar… E poucos enfrentavam a fúria de Poseidon.
Houve um corajoso marinheiro… Mas há tempos esquecera aquele caminho.
As ondas batiam nos rochedos e dava-se a impressão que fazia tremer o monte de terra… O som das águas se uniam as orações dos que ali viviam…
As gaivotas buscavam seu alvo...
O área distante e totalmente isolado da modernidade abrigava as irmãs das ordens das carmelitas.
A rotina de todas se resumiam a rezar e cuidar de uma grande horta que sustentava as necessidades de todos. Havia também alguns animais para providenciar outros alimentos.
Bois, vacas, carneiros, patos, galinhas...
O estilo idade média parecia antiquado para os dias de hoje, mas era assim que todos se comportavam. Sem tecnologia, sem os vícios contemporâneos que assolavam a humanidade...
A irmã Mary olhou para o céu.
Aos poucos o sol saia por trás das enormes montes, mas ainda estava pouco iluminado.
O chão batido com terra preta, as construções de madeiras que guardavam os bichos…
Ouviu o galo cantar com toda sua força… O fez novamente… E mais uma vez, assim como no dia em que Pedro negara o seu salvador.
A religiosa fez o sinal da cruz, como se assim pudesse afastar os maus espíritos.
O amanhecer era sempre tão cinza… Havia tanta neblina naquelas paisagens que em muitos dias do ano não se conseguiam distinguir à aurora do acaso...
Observou tudo ao redor, colocando as mãos na cintura rechonchuda.
Já usava seu hábito envelhecido e uma touca para lhe esconder os cabelos.
Colocou o banquinho diante da grande vaca branca, sentando-se lentamente. Já estava velha para algumas funções, mas mesmo assim não deixava de cumprir tudo com grande entusiasmo.
Apoiou o recipiente embaixo das tetas do animal e começou a tirar o leite para o café da manhã. Estava ansiosa para fazer queijo e tentaria um bolo...
Às seis começaria as orações, mas ainda teria muito tempo.
Havia muitos pecados para serem perdoados e muito perdão para se pedir, ainda mais pelos atos que foram praticado nos últimos anos.
Fitou o sino enorme… Logo estaria a bater… A construção antiga… Os muros altos… Uma fortaleza…
Mirou as pequenas janelas… A torre...
A bovina se mexeu, parecia inquieta, mas a irmã lhe falou algumas palavras, acalmando-a.
Ouviu passos e não demorou para ver a pequena de cabelos avermelhados.
Como era de costume, a garotinha que contaria com apenas sete anos, a partir daquele dia, seguiu até o grande portão de madeira da entrada, subiu em algumas rochas e ficou a observar o mundo lá fora.
Ela fazia aquilo todas as manhãs naquele mesmo horário…
Sentiu um aperto no peito… Aquela angústia que nunca a abandonava...
Sabia que não deveria se aproximar, tinha ordens estritas para não fazer aquilo, mas não era fácil.
Desde que a mãe da pequena morrera nas paredes frias daquele lugar, a criança vivia ali totalmente abandonada, mas parecia acreditar que um dia alguém a levaria embora.
Todos os dias a mesma cena se repetia e em seu coração rezava para que realmente o desejo do pequeno anjo vermelho se concretizasse.
Recordava-se tão claramente do dia que a jovem Elizabeth fora trancafiada em um quarto escuro daquele convento.
A bela moça da alta sociedade fugira do seu marido com um jovem marinheiro, mas não demorara muito para ser descoberta pela terrível mãe, sendo obrigada a permanecer ali até que desse à luz ao filho que esperava.
Ainda lembrava do olhar feliz da avó quando nascera a primeira criança. Branca de olhos claros e cabelos negros, ninguém duvidaria que era uma filha legítima… Porém para o castigo da soberba duquesa, havia outro bebê e esse não saíra tão espontaneamente, parecia prever que não seria bem-vindo naquele mundo.
-- Tire esse maldito de uma vez! -- Isadora esbravejava na pequena sala, enquanto tinha nos braços a menina que fora bem aceita.
As irmãs cuidavam da parturiente que já não tinha mais forças…
Sua tez suada, seus olhos perdendo a vida aos pouco, enquanto tentava trazer a vida…
A respiração acelerada…
Abria-se… Contorcia-se…
As três irmãs que ali estavam presentes se olhavam e a todo momento fechavam os olhos em preces...
Horas se passaram…
-- Tente, minha querida, só um pouco mais… -- A madre segurava a mão da mulher, dando-lhe forças para aquele momento. -- Deus não a abandonará… Ele jamais abandona seus filhos...
Elizabeth fitava a mãe e via em sua face todo seu desagrado…
Sabia em seu coração que jamais retornaria aos braços do seu amado Valerie… Ele nunca conheceria o fruto daquele amor proibido…
Um forte trovão pareceu querer derrubar as paredes seculares…
Tiveram a impressão que a terra tremera… As ondas batiam mais ferozmente contra os rochedos...
Um grito alto de pura agonia fora ouvido pelas paredes daquela antiga construção… O vento frio apagou as velas que iluminavam o cubículo e logo a irmã parteira tinha em seus braços mais uma criança…
Sentiu-a tão frágil…
Livrou-a da sua ligação com a genitora...
-- Iluminem aqui! -- Gritava às freiras.
As irmãs deram vivas ao ver o milagre da vida com os pequenos olhos abertos...
Isadora viu o ser nos braços da madre e uma raiva intensa se apossou de si.
Pegando o pueril apenas pela perna esquerda, pendurando-o como se fosse um animal em exposição, aproximou-o da luz, inspecionando, vendo horrorizada os cabelos e a pele avermelhada…
O cenho franzido… Os olhos arregalados…
Todos olhavam perplexo para a grande dama da alta sociedade.
A crueldade parecia ter sujado suas veste caras e seu elegante penteado...
-- Tirem esse demônio de perto de mim…
A irmã fora rápida, antes que a menina fosse jogada ao chão frio.
Tomou-a em seus braços.
-- Maldita… Mil vezes maldita… -- Esbravejava a grande lady. -- Queimara no inferno! -- Gritava para a filha...
Aquelas foram as últimas palavras que a doce Elizabeth ouvira antes de mergulhar no sono eterno, nem mesmo escutara o choro do seu bebê, pois a pequena ruiva não expressara seu desconforto por ter saído de dentro da sua mãe.
O enorme carro estacionou diante dos portões do colégio caríssimo.
Isadora pediu que o motorista esperasse, enquanto deixava o veículo.
Elegantemente caminhava e não demorou muito para a garotinha de cabelos negros como a noite ser trazida pela mão por uma das funcionárias.
Os olhares de todos se voltavam para a lady...Alguns lhe sorriam, outros a admiravam de longe…
A nobreza era sempre reverenciada por onde passava...
A criança andava como uma dama em miniatura.
Ereta, sofisticada… Elegante para o seu tamanho...
-- Boa tarde, duquesa! -- A mulher fez um gesto respeitoso. -- Nathália se comportou muito bem e está muito entusiasmada para comemorar seu aniversário.
Isadora sorriu cordata, enquanto pegava a pequena mão enluvada de seda, seguindo para o automóvel…
Alguns anos depois...
Isadora observava as netas da enorme janela do quarto.
Um dia de Primavera com o sol do entardecer iluminando a fria cidade.
A verdejante grama bem aparada era um carpete em plena perfeição para o cena que se desenvolvia.
Árvores frutíferas davam não apenas sombra, mas tornava o ambiente mais agradável e até disputado.
A flamboyant já florescia depois do rigoroso inverno.
A enorme mansão de dois andares se erguia cheia de pompas.
Aquela construção tivera a honra de alojar as pessoas mais importantes, não apenas da bela Inglaterra, mas de outros cantos de todo o mundo. Construída no século XVIII, fora entregue ao conde Vicente terceiro pelas mãos da rainha Ana.
Os degraus que levava a entrada em arco lembrava os das grandes catedrais. Pedras faziam o caminho, estando entre o verde.
No alto de um dos aposentos era possível ver a sombra a observar pela janela.
A mulher inspirou o ar cheia de orgulho, mas de repente franziu o cenho.
Nathália rodeada de amigos, linda e cheia de vivacidade. Ela sim podia ser vista como uma verdadeira aristocrata. Não havia dúvidas que herdara toda a elegância dos antepassados ingleses. Seu orgulho não fora totalmente arrastado na lama, pois uma de suas herdeiras honraria o nome das duquesas de Haminton.
Frequentava as melhores escolas, tinha professores de canto, culinária, etiquetas, dentre tantas outra para torná-la uma verdadeira lady.
Viu um belo rapaz lhe fazer galanteios e sorriu.
Juan era filho de um importante empresário e vinha de família com sangue nobre.
Com certeza faria um belo casamento e bastante vantajoso…
Suas finanças estavam quase zeradas, então seria necessário alguns investimentos. Os investimentos herdados do marido tinham se perdidos nas grande boutiques glamorosas da Europa.
Desagradavelmente seus olhos se voltaram para a outra garota.
Torceu a boca em puro desdém.
Aquele era a verdadeira imagem do demônio… Não havia dúvidas de que em seu sangue havia o paganismo.
O andar manco era um castigo que Deus mandou para puni-la.
Apertou forte o batente da enorme janela!
Sua vergonha!
Natasha Valerie!
Os cabelos ruivos não negava que herdara totalmente os traços do infame pai.
O sangue dos vikings corriam não apenas em suas veias, mas em cada gesto, em cada ato daquela jovem.
Bárbara!
Cuspiu, como se aquele ato pudesse desengasgá-la.
Como poderia ter uma linhagem tão pagã em sua árvore de pura nobreza?
Temia que chegasse o dia que sua respeitada família fosse desprezada ao descobrirem o segredo obscuro que fazia tudo para esconder.
Sua amada filha fora seduzida por um sujo, desprezível, abusivo e selvagem capitão de um navio, mas para sua vergonha ser maior, Elizabeth fugira com o insignificante ser e acabou engravidando.
Para toda a sociedade inglesa fora dito que sua única herdeira ficara doente, precisando passar um longo período na presença entregar de Deus, indo para um convento isolado de tudo e de todos. O que não fora totalmente mentira, afinal, fora lá que escondera sua desgraça e fora lá que as gêmeas nasceram.
A jovem morreu dias depois de dar à luz e a duquesa precisara criar uma das netas. Sempre falara que que havia apenas uma, fora fácil para que o esposo acreditasse, mas para todos a ruiva só aparecera depois do marido já falecido e a semelhança com Nathália lhe traíra o enredo, necessitando refazê-lo.
Natasha fora deixada no convento até os doze anos, mas agora com dezesseis, negava-se a permanecer lá, enquanto a outra fora criada desde bebê com a avó, afinal, essa saíra totalmente parecida com os ingleses. Seus fartos cabelos negros não desvirtuara o sangue nobre.
Observou a ruiva se levantar com seu notebook, presente do intrometido Leonardo.
Precisava urgentemente mandar tingir aquelas madeixas afogueadas.
Alta e magra, andava com aquele ar beirando a selvageria e a presunção.
Aleijada!
Odiava o orgulho que ela tinha do sangue que ostentava. Odiava quando ela se referia a si como uma viking e odiava a paixão que ela demonstrava pelo mar.
Lembrou-se da vez que ela fugira em busca do pai, recebera uma lição tão boa que nunca mais se aventurou pelos oceanos.
“Pena não ter morrido!”
Arrumou o penteado elegante.
Sorte que logo retornaria a faculdade e apenas Nathália ficaria consigo. A ela seria dado o título de duquesa.
Seu orgulho!
De repente os olhos de Natasha encontraram os seus.
Mesmo que as duas meninas tivessem a mesma tonalidade do verde, o ruiva não trazia emoção, eram gélidos.
Sustentou-os!
Viu-a estreitá-los perigosamente…
A duquesa se aproximou mais do vidro, fazendo-a vê-la bem.
Ela sabia quem mandava em tudo, sabia que não poderia jamais enfrentá-la, pois vivia de sua caridade.
Todos os dias rezava para que ela desaparecesse, que a terra a engolisse como fez com seu maldito pai.
Viu o sorriso sarcástico…
Miserável!
Fechou as cortinas energicamente.
A noite caia em brilho na mansão dos Hamintons.
Mesmo aquela hora, ainda havia a empregada dando brilho ao suntuoso lugar.
O piso luzia a ponto de retratar mesmo o suor que molhava a face da serviçal.
Era possível ouvir risos no andar superior.
Fitou a enorme escadaria, viu o carpete que a cobria e que ainda precisava limpar.
Suspirou!
A moça voltou a se concentrar na tarefa, sabendo que logo sua patroa estaria ali com a neta preferida.
Aquelas pessoas viviam para aparecer nesses eventos e naquela época isso se tornava mais frequente.
Um final de semana festivo como todos na classe alta.
Mesmo que não se vivessem mais na época das monarquias absolutistas, a magnanimidade continuava a conservar algumas tradições, principalmente os famosos bailes.
Em pleno século vinte e um as famílias ainda se reunia para formar os casais perfeitos.
Isadora descia lentamente, vendo o mordomo esperá-la no final dos degraus.
Seus passos eram elegantes e calculados…
Ostentava suas jóias e suas vestes caríssimas.
O vestido de puro luxo fora comprado com mais um empréstimo. Logo não teria como arcar com todas as dívidas.
-- A Nathália ainda não está pronta? -- Questionou seguindo até o espelho oval que ficava perto da entrada. -- Ela precisa se apressar… -- Arrumava os colares dourados que usava. -- Que barulho infernal é esse? -- Indagou irritada mirando o homem.
O grande Hall era envolvido pelo som delicado do piano.
O homem alto, de escassos cabelos, idoso, mas todo empertigado, baixou a cabeça em sinal de respeito, enquanto falava.
Ele servira a família do duque durante longos anos e agora àquela intratante mulher.
Viu o olhar reprovador cair sobre si.
Pigarreando, disse:
-- A senhorita Natasha está na sala de músicas…
Antes que o homem terminasse a explicação, a aristocrata vestida de forma luxuosa caminhava em total exasperação até o cômodo que lhe fora indicado.
Odiava tudo relacionado à ruiva.
Desejava se livrar dela, mas infelizmente o maldito Leonardo, grande amigo do seu finado marido, ameaçara ir à imprensa contar toda a história e era por aquele motivo que mantinha aquele selvagem animal em sua casa.
Apressou mais os passos ao ouvir os acordes.
Os corredores tinham decoração antiga, cada quadro, cada peça retratava uma parte da história da ilustre família.
Batalhas, casamentos, igreja… Os Hamintons eram muito religiosos e sempre estavam a praticar a caridade.
Isadora abriu a porta agressivamente.
Aquele lugar era utilizado quando se dava festas, era um salão enorme onde em outrora havia vários instrumentos que foram vendidos para saldar dívidas e só restara um piano de cauda alemão que fora dos antepassados.
Viu o sofá gasto, único móvel presente ali.
Fitou com desagrado os carpetes empoeirados. Ninguém entrava naquela parte, tinha dado ordens para manter o lugar fechado.
Fez cara de nojo!
Viu-a!
A postura altiva e arrogante não a abandonava.
Inclinava o pescoço para trás, tinha os olhos fechados, enquanto mergulhava na melodia…
Isadora odiava aquela música…
O fantasma da ópera era o livro preferido do pai da Valerie…
Irritada, a aristocrata chegou ainda mais perto.
Natasha parecia envolvida com a canção, se não fosse ágil teria machucado os dedos, pois a avó baixou o tampo da estrutura propositalmente.
A ruiva se assustou a ponto de cair do banquinho.
Os olhos tão verdes fitavam a mulher bem vestida.
As grandes esmeraldas pareciam a ponto de saltar de órbita.
Engoliu em seco, tendo a impressão que havia algo a impedindo de respirar.
-- Já disse que não desejo que toque piano, já te avisei inúmeras vezes para se manter afastada das coisas nobres, sua selvagem!
A garota sabia a raiva que a avó tinha de si e por esse motivo fazia o possível para se manter afastada dela, mas não conseguia resistir ao piano...
Respirou fundo!
Há alguns dias conseguia se manter fora das vistas da “nobre duquesa”, pensava que assim poderia ter um pouco de paz, porém desde que flagrou seu olhar acusador no dia que estava no jardim, sabia que logo viria um novo confronto.
Era a única coisa que acontecia entre elas…
Ficava a pensar onde se sentia mais sozinha… Se naquela mansão ou nos corredores do convento...
-- Você ainda não entendeu que é uma desonra para minha família? Ainda não percebeu que seu pai era um imundo, um vagabundo e que você é igualzinha a ele? -- Indagava retoricamente, esbravejando. -- Por que não morreu junto com ele, sua desgraçada?
Natasha cerrou os dentes.
Nada ganharia se entrasse naquele jogo, pois sabia que aquela era a forma preferida da avó lhe desestruturar… Humilhá-la...
Respirou fundo, tentando manter a calma.
-- Eu estava apenas a tocar, senhora! -- Disse, apoiando-se nas mãos para levantar. -- Apenas uma inocente música...
Cruelmente, Isadora se aproximou, apoiando o salto fino do sapato sobre os delicados dedos, trazia um diabólico sorriso na face.
Regozijou-se ao ver a dor...
-- Se a ver novamente encostando a mão onde não deve, mandarei que cortem as duas fora… -- Pressionou mais. -- Você não é digna nem de respirar o ar da minha casa...Nem que eu fale contigo.
Os olhos verdes estavam em lágrimas, mas não houve um único gemido diante da agressão.
O maxilar movia-se diante da fúria que buscava conter.
Quantas vezes quando era apenas uma criança buscava justificar os atos daquele monstro? Quantas vezes rezara para ser aceita, para que sua amada avozinha lhe quisesse como a irmã…
Agora não mais…
O ódio já consumia suas ações e nada poderia ser feito para conter aquilo.
Um dia teria o prazer de destruí-la…
Diante do olhar estupefato da mais velha, exibiu um sorriso, enquanto arqueava a sobrancelha cheia de sarcasmo.
-- Vovó, estou pronta!
A voz doce de Nathália invadiu o ambiente.
Isadora se afastou, virando-se docemente para a neta.
Não havia dúvida que em breve, seria aquela beldade de cabelos tão negros possível escolher o pretendente que desejasse, pois sua beleza ficava cada vez mais evidente.
Sua herdeira, entregaria-lhe o título em breve, faria-a sua imagem…
-- Está divina, uma verdadeira lady… Todas a invejarão essa noite...
O vestido rosa se ajustava às formas bonitas e sensuais de uma adolescente.
A morena sorriu sem ao menos dignar um olhar para a irmã que ainda jazia no chão.
-- Vamos, querida, não podemos chegar atrasadas! -- Deu o braço para ela.
Natasha observou-as se afastarem.
Levantou-se mancando e fitou a mão. Havia a marca do elegante salto avermelhando sua pele branca.
Doía como mil diabos furando sua carne.
Fechou-a inúmeras vezes, como se estivesse a se certificar que ela continuava a funcionar.
Observou o próprio reflexo no enorme espelho que ficava diante do instrumento musical.
As madeixas ruivas estavam em desalinhos, o rosto corado…
Mirou-se demoradamente…
Daquela vez não houve lágrimas… Apenas o controle de suas emoções…
Esboçou um sorriso enigmático...
Levantou o banquinho, voltou a se acomodar…
Fitou as teclas… e logo os longos dedos voltavam a tocar…
O mordomo ficou a olhá-la à espreita, sentindo como era intenso o som que ela produzia no instrumento…
Parecia que estava ali a sua alma… Suas dores…
Sabia como aquela bonita jovem sofria nas mãos da avó, via dia a dia a crueldade que prazerosamente infligia à garota.
Conhecera a jovem Elizabeth, mãe das meninas. Herdara do pai a forma doce de ser, enquanto fugia da personalidade forte e controladora da mãe. Sempre havia inúmeros pretendentes, alguém que pudesse tirar a família da pobreza.
Quando o duque morreu tudo ficou bem mais difícil para a jovem e chegara mesmo a casar com um homem que tinha o triplo da sua idade.
Fora surpresa para todos quando a bela jovem fugiu, afinal, sempre tivera personalidade fraca e não parecia capaz de se revoltar com as ações da mãe.
Voltou a prestar atenção a garota que jazia ali, parecia mergulhada na música, fazendo com que os sons ganhassem personalidade.
Olá,
ResponderExcluirGeh, amei o seu capítulo e agora estou pensando no que você planejou para sua história. Você poderia adiantar umas coisas 😂😂😂😂
Sabe, sempre quando leio algo seu, eu fico admirada com sua criatividade e dessa vez acho que você vai me surpreender ainda mais.
Você nasceu para encantar as pessoas com sua escrita. Geh, te acho muito incrível.
Você merece fazer muito sucesso, minha amiga.😊
Parabéns!
Você é um exemplo para mim!
Vanvan^^
Olá, Vanvanzinha rsrsrsrsrs, eu me sinto honrada por vc está aqui, feliz de mais por ter lido o primeiro capítulo da história e por sua divulgação... mas essas coisas eu já te disse, né? kkkkkk
ExcluirParabéns, meu amor! 👏💗😍
ResponderExcluirObrigada, meu amor, que coisa coa que vc leu o capítulo...
ExcluirUm beijão...
Uhuhlllll..super ,mega, feliz por vc esta de volta!!!! Obgaduuuu... Já adorei esse começo, o que mais vem por aí? Suas postagens vão vir a cada qtos dias????
ResponderExcluirOlá, meu bem, tentarei manter aquele ritmo... duas vezes por semana... Quinta e domingo...
ExcluirEstou grata e feliz por ter retornado também...
Um abraço grande!
Essa Isadora é um demônio. Espero que você cuide muito bem dela,pois merece um excelente castigo a longo prazo.
ResponderExcluirBom demais ter mais uma história sua.
Beijos autora