A antagonista - Capítulo 26



 

 

O tempo permanecia frio naquele dia. A chuva caia fina, era possível ouvir o som delicado das gotas como uma sinfonia de inverno. Os animais estavam recolhidos em seus abrigos, sabendo que aquela não era uma boa ocasião para ficarem expostos. Havia comida suficiente e o estábulo estava quentinho com o feno que fora colocado.

Uma névoa cobria a serra e escondia o sol e as nuvens. O vento sacudia as árvores, fazendo-as tremerem diante como se também estivessem frientas.

Gabriele tinha seguido até o lugar onde havia o rádio para fazer contato com o piloto. Tinha deixado Ana deitada, dormira boa parte da manhã e felizmente a febre tinha cedido, mesmo assim achava melhor que retornassem à capital.

Não fora difícil usar o aparelho e assim que o tempo estivesse mais estável, voltariam para casa.

Observava o instrumento curiosa, enquanto seus pensamentos eram invadidos pelos momentos que passara ao lado da esposa.

“Sua esposa!”

Às vezes, isso a assustava, ainda mais por tudo o que passara com a baronesa. Sabia que a empresária lhe desejava muito, mas não sabia se isso seria suficiente para que a relação desse certo. Havia tantas coisas que estavam em seus caminhos.

Estava preocupada com o que Antônio podia fazer com seu pai adotivo. Sabia que o político não teria clemência se não se submetesse ao seu jogo sujo. Também havia a Luna.

Tamborilava os dedos, enquanto ponderava sobre tudo o que se passara consigo.

Estava perdidamente apaixonada pela Del La Cruz, amava-a tanto que temia ser destruída pelo sentimento avassalador.

Meneou a cabeça.

Talvez estivesse imaginando coisas. Podia ser apenas sexo, podia também ser apenas desejo carnal o que sentia, então o melhor seria aproveitar o que viviam até que seu corpo fosse totalmente saciado.

Mordiscou a lateral do lábio inferior, suspirando.

Seria possível parar essa paixão?

 

 

-- Sua amada filha não se importa contigo, coloque isso nessa sua cabeça!

A voz de Lorena soava estridente.

A loira estava furiosa depois que ficara sabendo da viagem da Bamberg com a baronesa. Tinha chegado cedo no apartamento do irmão.

O fotógrafo estava sentado à mesa e tomava seu café. Não parecia abalado com os gritos da loira. Sabia que ela não estava apenas irritada devido ao dinheiro que imaginava perder, mas com o fato da filha de Antônio estar com a neta do barão.

-- Ligue para ela e diga que Antônio vai te jogar na prisão.

Trevan bebericou um pouco mais do seu líquido preto e depois falou calmamente:

-- Que eu saiba lá é tão isolado que não pega nenhum tipo de sinal...então vamos ter que esperar o retorno de ambas.

A jovem parou diante dele com as mãos na cintura.

-- Pelo que vejo, você não parece muito preocupado com tudo o que está acontecendo.

Ele fez um gesto negativo com a cabeça.

-- Para ser bem honesto, é a primeira vez na vida que não tenho medo de ser preso...acho que tenho que pagar meus débitos...e talvez devêssemos permitir que a Ana Valéria possa ser feliz depois de tudo o que fizemos.

Havia uma expressão de perplexidade no olhar da noiva de Antônio.

-- Está louco! – Ela praticamente berrou. – Não seja estúpido, não fizemos nada com aquela...aquela...maldita! – Passou a mão pelos cabelos. – Não tivemos culpa que o pai dela era um psicopata que a jogou naquele hospício.

O homem deixou a xícara de lado, parecia pensar sobre o que ouvia, ficando em silêncio por alguns segundos, depois falou com a irmã.

-- Sabe muito bem o que fizemos...perseguimos a Del La Cruz durante anos, mesmo depois que ela deixou aquele terrível lugar...—Deu uma pausa para respirar. – Eu tenho pesadelos...eu preso dentro de um lugar igual onde ela ficou...e eu grito...grito...e ninguém me ajuda...acordo sempre apavorado e peço perdão por ter colaborado com tudo o que aconteceu. – Levantou-se. – Você diz que não fez nada...mas enquanto ela estava lá presa, você e eu desfrutávamos do dinheiro e do poder...vendemos uma garota inocente...sim, ela é terrível, mas antes ela não era assim, ela estava apaixonada por você, Lorena! – Falou a última frase mais alto. – Ela te amava e você não sente nenhum tipo de arrependimento?

A mulhe cerrou os dentes. Seus olhos brilhavam intensamente. Ela caminhou até a escrivaninha, dando as costas para o irmão, apoiava as mãos sobre a mesa. Era possível ver a tensão em seus ombros rígidos. Sua cabeça estava baixa, como se não tivesse forças para levantá-la.

Por que Ana Valéria fora retornar depois de todos acharem que estava morta?

Desde que isso aconteceu não havia sossego em sua vida. Ainda mais quando pensava que ela desejava a Gabriele, quando pensava que a ruiva entregava-se aos desejos com a filha adotiva de Trevan. O ciúme queimava em seu âmago, ansiando por destruir ambas.

-- Lorena, não podemos continuar com isso tudo, deixe que a Ana possa ser feliz...

-- Com a maldita Bamberg? – Indagou por entre os dentes. – Não! – Fitou o homem. – Eu não vou permitir que fiquem juntas.

-- E você acha que a baronesa vai te querer depois de tudo? – Questionou surpreso. – Ela te odeia.

-- Odeia? – Perguntou com um sorriso. – Sei muito bem que durante muitos anos ela ainda me queria...não cedia porque era orgulhosa...eu sei que ela ainda me quer...eu fui o amor da vida dela...

-- Sim... – Ele fez um gesto afirmativo com a cabeça. – Mas isso não existe mais...

-- Ela não vai ficar com a Gabriele...ela só está usando-a, não percebe? Sua filha está se iludindo com a Ana Valéria, ela está apenas usando-a como objeto de vingança...vai destruí-la.

Trevan temia que isso fosse verdade. Pensava sempre nisso, mas não podia se intrometer na relação da filha. Sabia que ela estava apaixonada pela Del La Cruz. Muitas vezes, tinha visto sua dor quando a herdeira de Antônio fora dada como morta.

-- Como pode ter tanta certeza?

-- Porque a Paloma não está fora da jogada...ela mesma me disse que esteve com a baronesa...então veja que aí está a prova de que ela só quer brincar com a sua filhinha...—Respirou fundo. – Acha que vale a pena colocar a perder nossos planos por um capricho da Ana? Ela vai usar a Gabriele para destruir a todos...então não seja tolo e me ajude a acabar com essa relação. – Aproximou-se do irmão, tocando-lhe a face. – Não vale a pena, pois não é real, é mais um plano, só isso...

O fotógrafo temia que isso fosse verdade, entretanto ainda duvidava da irmã e das suas palavras, porém naquele momento apenas assentiria e esperaria o momento certo para confrontar a Del La Cruz. Caso fosse apenas um plano de vingança, lutaria para proteger a filha do seu coração.

 

 

Lia estava na cozinha quando fora avisado pelo porteiro que Tereza estava lá fora e desejava falar com Ana Valéria.

Seguiu rapidamente até a porta da frente e para sua surpresa lá estava a mulher que sempre agira como se fosse superior a todos. Não mudara nada, continuava com aquele ar arrogante. Observou o vestido que usava, o decote exposto e o cumprimento deixando à mostra as longas pernas.

-- Olá, Lia, quanto tempo... – Disse com um falso sorriso frio. – A baronesa me ligou e pediu que viesse aqui. – Olhava por sobre o ombro da mulher. – Chame-a, quero vê-la...

A cozinheira parecia perplexa diante do que ouvia. Sabia que Gabriele ficaria muito chateada com aquela situação.

-- Ela não está! – Disse secamente.

-- Está mentindo? – Indagou com um arquear de sobrancelha.

-- Claro que não! – Disse ofendida. – Ela está fora da cidade, então acho melhor que vá embora e não volte mais aqui.

Tereza esboçou uma expressão debochada.

-- Acho que a baronesa não vai gostar nada desse seu jeitinho de falar comigo, ainda mais por que ela quem me chamou aqui.

-- E eu já disse que ela não está! – Lia falou mais alto.

Clarice estava descendo as escadas com Luna e ouviu o bate-boca. Segurou na mão da neta, aproximando-se da porta.

-- O que se passa aqui? – Ela indagou olhando curiosa para a mais jovem.

-- Dona Clarice, essa...essa...moça veio falar com a Del La Cruz, mas eu já disse que ela não está.

-- A minha filha está viajando.

-- Ora, a senhora é a mãe da baronesa? – Tereza indagou estupefata. – É uma honra conhecê-la! – Estendeu a mão.

Clarice aceitou o cumprimento.

-- Pode, por favor, avisar a sua filha que estive aqui e que assim que retornar, me avise e volto aqui. – Observou Luna com ar interessado. – Tenham um bom-dia.

Tereza foi embora, enquanto Lia fechava a porta.

A pequena Del La Cruz correu para pegar sua boneca, deixando as duas mulheres sozinhas.

-- O que houve, Lia? Por que parecia alterada diante daquela mulher?

A cozinheira respirou fundo.

-- Porque eu tenho certeza de que o retorno dela não vai ser algo que a Gabriele aprove... – Disse preocupada.

-- O que ela tem a ver com a minha filha?

-- Digamos que não tem, mas tem seu desejo de ter e sua filha nunca pareceu preocupada em pará-la...

-- Oh, Deus! – Fechou as duas mãos como se estivesse fazendo uma prece. – Então não sei se devemos contar sobre essa visita.

-- Sim, porém não acredito que isso vai impedir que a Tereza volte, ela voltará...conheço-a bem. – Suspirou. – Vou terminar de preparar o almoço.

Clarice fez um gesto afirmativo, pensando o que aconteceria agora. Não que a relação da ruiva com a Gabriele estivesse boa, porém sabia que ambas se gostavam muito, na verdade, tinha certeza de que estavam apaixonadas, mesmo que travassem uma longa batalha.

Esperava que a viagem pudesse ser algo positivo entre elas. Em suas orações isso estava sendo pedido com muito fervor.

 

 

Ana Valéria tinha despertado quase duas da tarde.

Sentia-se bem melhor.

Não viu Gabriele nos aposentos, decerto, fora fazer algo, pois se recordava bem de ter adormecido nos braços da amada.

Sentou-se no leito. Sentiu uma pequena dor na têmpora. Ainda estava dolorida.

Sentia calor. Precisava de um banho.

Usava calça e blusa de moletom, pois sentira muito frio.

Levantou-se, livrando-se das vestes. Seguindo para o banheiro. Ligou a água e logo sentia o líquido correr por todo seu corpo.

A cabeça não estava mais tão pesada, e parecia que as áreas respiratórias tinham aliviado a pressão.

Apoiou-se no box.

Não acreditava que tinha contraído esse terrível resfriado. Não fora esse seu plano ao seguir para a serra ao lado da esposa. Queria-a, desejava tocá-la e senti-la completamente entregue ao seu desejo. Sentia-se tremer em pensar em transar com a bela chef de cozinha. Gostava da petulância que ela exibia quando era dominada sexualmente, do seu nariz arrebitado que parecia pronto para lhe enfrentar sem medo nenhum.

Umedeceu os lábios demoradamente.

Talvez, estivesse bastante entregue ao desejo do seu corpo, mas não sabia que caminho seguir, só sabia que ansiava por tê-la em seus braços.

Recordava-se de quando ainda estava desmemoriada e transara com a neta do barão na boate. Parecia que tinha perdido algo entre os gemidos dela.

Fechou os olhos e se recordou do que tinha ocorrido na mansão, de quando a tocara, fazendo-a desmanchar-se em puro prazer...de como ficava úmida rapidamente...de como era gostoso deslizar para seu interior.

Passou a mão pelos cabelos molhados, desligou o registro.

Observou os mamilos eriçarem diante das lembranças. Seu sexo doía, parecia pronto para ser tocado e explorado. Não resistiu e acariciou os seios...

 

 

Gabriele seguiu para os aposentos da esposa e ficou surpresa ao não a ver deitada na cama. Viu as roupas sobre o assoalho. Observou a minúscula calcinha. Aproximou-se, pegando-a. Sentia o delicado tecido de seda. Em pensar que aquela pequena peça era responsável por agasalhar o delicioso sexo.

Riu dos próprios pensamentos.

Achava incrível como se transformava quando estava ao lado da Del La Cruz. Até perdia a timidez.

Ouviu o som da água, então seguiu lentamente até o banheiro. Ana Valéria não notou a sua presença, estava de costas para si, parecia bastante concentrada. Observava as nádegas bem-feitas, as pernas torneadas. Os cabelos estavam presos em um coque no alto da cabeça.

Estava curiosa. Sabia que devia ter anunciado sua presença, mas não o fez. Permanecia lá, observava a cena com crescente expectativa.

O que estaria fazendo a poderosa baronesa?

Mantinha os olhos semicerrados. Mordiscou o lábio inferior ao ouvir a respiração ofegante da esposa.

Ela estava se tocando...

A constatação a deixou enlouquecida.

Aproximou-se devagar, colando-se às costas da amada.

-- Calma, baronesa... – Ela sussurrou em seu ouvido. – Sou eu...

Ana Valéria sentiu as delicadas mãos da chef de cozinha pousando em seus seios.

-- O que faz aqui? – Indagou com um sussurro. – Está invadindo a minha privacidade...

Os lábios da morena começavam a beijar o pescoço esguio.

-- Sim, eu sei, minha senhora, e acredite, não era minha intenção, porém quando percebi o que se passava não consegui resistir...parecia uma imã a me atrair...

Ana lhe segurou a mão, depois levou o dedo indicador da amada à boca, chupando-o.

Gabriele gemeu baixinho.

Tocou o mamilo intumescido, apertando-o devagar.

-- O que estava fazendo, Ana Valéria...?

A ruiva chupou agora dois dos dedos da amada, depois os levou ao seu paraíso. Fê-la tocar o sexo molhado.

-- Estava aqui tomando banho e depois comecei a pensar naquele dia...lá no meu quarto na mansão...

A Bamberg iniciava movimentos circulares.

-- Se pedisse, eu teria ajudado nas suas lembranças. – Mordiscava o lóbulo da orelha. – Porém achei que estava debilitada para esse tipo de extravagância...

-- Eu...—Ana cerrou os dentes. – eu aguento se você mexer devagarinho...Ain...

-- Devagar...—Indagou excitada. – Pensei que gostasse bem mais forte...

A Del La Cruz lhe fitava e via a face da amada corada.

As bocas uniram-se de forma urgente.

Gabriele sentia os lábios colados aos seus, amava beijá-la, amava senti-la como naquele momento. Era como se nada existisse ao redor, como se tudo o que tinha sofrido não existisse mais.

Permitiu que ela lhe tomasse a língua, sentindo todo o corpo reagir diante desse contato. Sentia o aroma da pele feminina, sentia a urgência dos movimentos dos quadris contra seus dedos

Virou-a para si, depois pressionou-a contra a parede fria.

Abandonou os lábios sob protestos.

-- Calma, minha senhora, eu sei o que estou fazendo... – Disse com um sorriso.

Os olhos verdes estavam estreitados, havia impaciência na expressão da filha de Antônio.

A Bamberg olhava-a cheia de admiração, cheia de desejo, mas sabia que realmente a empresária ainda não estava totalmente recuperada, então buscava controlar seu próprio desejo.

-- Gabi...

-- Ah, baronesa, não me chame assim, pois sou capaz de esquecer minhas boas intenções...

Ana mordiscou a lateral do lábio inferior.

Via a jovem ajoelhar-se diante de si, então não se fez de rogada. Afastou ainda mais as pernas, enquanto sentia a boca rosada encontrar sua carne sedenta. Observou os olhos negros lhe fitarem em provocação.

Como podia gostar tanto daquela garota provocante?

Ana Valéria sabia que havia muito mais que um simples “gostar” naquela relação, mas naquele momento ela não iria se preocupar com isso, apenas iria permitir que as sensações poderosas dominassem seus sentidos.

Fechou os olhos, depois voltou a observar toda a cena.

Via a língua lamber toda a extremidade do sexo. Os dedos longos invadiam seu espaço “pecaminoso” de prazer.

-- Ain...pode...vai...coloca mais um...só mais um...

Gabriele atendeu-a, invadindo-a duplamente, depois usou novamente a língua para incitá-la cada vez mais.

Ouvia a respiração acelerada, estava muito ofegante.

Sentia as mãos segurando sua cabeça para mantê-la presa em sua essência.

Sentia-a rebolar contra si impetuosamente e chegou a temer que ela desfalecesse diante do demasiado esforço.

Chupou-a muito mais, fê-lo como se quisesse devorar o sexo arrogante. Regozijou quando a ouviu gritar em delírio. Sugou o delicado mel que “fugia”.

Levantou-se, fitando a mulher que mantinha os olhos fechados. A face estava tão rubra que se preocupou com uma possível febre. Beijou-lhe a testa e foi quando a outra lhe encarou e um sorriso desenhou-se em sua face linda.

-- Você está bem? – A Bamberg questionou preocupada.

Ana colou a boca na sua, beijando-a durante alguns segundos, depois falou:

-- Sim... apenas um pouco tonta...mas estou bem...

Gabriele lhe tocou o nariz com o polegar. Pegou o roupão que estava pendurado, ajudando-a a vestir.

-- Não deveria terminar meu banho? – A ruiva indagou com olhar travesso.

-- Sim, realmente, mas não demore.

Já seguia para fora, mas sua mão foi segurada.

-- Por que não toma banho comigo?

-- Não, não, baronesa...nem pensar. – Beijou-lhe os dedos. – Volto logo para a gente conversar.

Ana soltou um suspiro de aborrecimento, mas aceitou o que a esposa falou.

 

 

Meia hora depois ambas as mulheres encontravam-se na varanda da casa.

Ana vestia uma calça de moletom preta e uma camiseta na mesma cor, enquanto Gabi usava um macacão jeans com uma blusa de alça fina. Os cabelos estavam presos em um coque, enquanto as madeixas ruivas estavam soltas.

-- Então você conseguiu chamar o piloto. – A baronesa comentou ao ouvir o som da aeronave.

-- Não fique brava, porém achei melhor que voltássemos. Você não está bem ainda.

A ruiva a abraçou pela cintura, fitando-a a jovem.

-- Eu não estou brava, mesmo que desejasse ficar mais tempo aqui contigo...gosto de estar contigo...

-- Ora, você pode ficar lá na mansão...afinal, você falou que vamos ser casada oficialmente...

--Sim, eu gosto muito da ideia de que seja minha mulher...

-- E eu amo ser sua mulher...

Ana a olhava com curiosidade, parecia buscar algo presente naqueles olhos.

-- Eu já arrumei tudo para nosso retorno, não precisa se preocupar. – Gabriele falou. – Vamos ao médico e depois vai precisar descansar.

-- E você vai cuidar de mim? – Ana indagou com um arquear de sobrancelha.

A Bamberg fez um gesto afirmativo com a cabeça.

-- E vai acrescentar alguns cuidados extras como aconteceu lá no banheiro? – Provocou-a.

Gabi corou diante das palavras.

Não entendia por que em alguns momentos entregava-se em loucura, porém em outras ficavam tímida diante de alguns comportamentos que tomava.

-- Não precisa ficar envergonhada, freirinha, é normal tudo o que acontece quando se busca o prazer...e eu amo suas ousadias...

-- Ama?

-- Amo... – Arrumou-lhe uns fios soltos. – Acho que já podemos seguir para a aeronave, minha esposa.

Gabriele fez um gesto afirmativo com a cabeça.

 

 

Branca tinha ido até a mansão ao saber do retorno das duas mulheres. Não podia negar que se sentia aliviada, pois temia que ambas se desentendessem ainda mais. Já era noite quando encontrou Gabriele dando o jantar para Luna na cozinha.

A pequena ruiva abriu os braços para receber o carinho da madrinha.

A Bamberg serviu o suco para a menina.

-- Tia Ana tá dodói... – Luna dizia em sua fala infantil.

-- Sim, eu fiquei sabendo... – Branca se sentou em uma das cadeiras. – E você está cuidando dela?

A menina fez um gesto afirmativo com a cabeça.

Realmente, a criança não tinha saído do lado da tia, até ficou lá mostrando os jogos da escola.

-- O doutor veio cuidar e eu vi... – Comia alguns biscoitos. – Mamãe deu beijinho no nariz dela... – Completou sorrindo.

A Wasten encarou a neta do barão em indagação.

-- Interessante... – Serviu-se de suco. – E eu pensando que encontraria a baronesa toda rasgada de unhas...

Gabriele acabou rindo.

-- Acredite, às vezes, tenho vontade...

-- Mas não na cama não é?

A face da Bamberg ficou vermelha diante da pergunta.

Luna prestava atenção em tudo.

-- Filha, você já terminou, vá até a vovó Clarice e peça para vestir o teu pijama, daqui a pouco chego lá.

A garotinha fez um gesto afirmativo com a cabeça e saiu em disparada.

-- Branca, por favor, como fala essas coisas hein? – Gabi questionou depois de ficarem sozinhas. – Não sei o motivo de ficar com essas provocações.

A administradora sorriu.

-- Ela nem entendeu, querida, e acredite, estou muito feliz, pois pelo que percebo, você e a Ana parecem ter chegado a um denominador comum.

Gabriele fez um gesto afirmativo com a cabeça, mas não falou logo, ficando em silêncio durante alguns segundos. Olhava para a água que estava no copo, parecia distraída, então falou:

-- Eu não sei se isso vai valer a pena, mas eu amo a baronesa...

Isso não era novidade para Branca, ela sabia dos sentimentos da jovem, sabia muito bem disso.

-- E por que teme que não valha a pena?

-- Talvez porque eu ache que a Del La Cruz só me quer na sua cama...

Branca lhe segurou a mão.

-- Gabi, tenha fé...pense bem, mesmo desmemoriada Ana ainda te queria, será que isso não é algo a se pensar?

A jovem Bamberg baixou os olhos, depois falou:

-- E se for um capricho? E se for apenas mais um plano de vingança?

A Wasten não respondeu aquelas perguntas, pois também se sentia preocupada com o que realmente poderia desejar Ana Valéria. Nas conversas que sempre tinha com a empresária não conseguia descobrir o que realmente ela ansiava, apenas o que deixava transparecer em suas palavras.

Lia entrou na cozinha.

-- A Luna está novamente no quarto da tia, agora escolheu um filme para assistirem. – Disse feliz. – A baronesa perguntou pela esposa...

Gabriele não falou nada.

Desde que retornaram, pouco ficara com a Del La Cruz. Primeiro teve uma reunião online com a amiga e sócia, depois ocupou seu tempo com a filha. O médico estivera mais cedo e confirmara o resfriado.

-- Você falou para a Gabi que a Tereza veio aqui? – Branca questionou.

Sim, ela já estava sabendo. Clarice quem contara sobre a visita da ex-governanta da mansão.

-- Acho que apenas a baronesa não sabe. – Gabriele levantou-se com um suspiro. – Vou tomar um banho. – Fitou a administradora. – Vá visitar sua amiga, ela vai gostar de te ver.

Branca terminou de beber o suco.

 

 

Ana Valéria estava deitada como recomendara o médico. Tinha passado quase toda a tarde descansando, cochilando e tendo a mãe e Luna sempre ao seu lado. Naquele momento, ela estava confortavelmente sentada em uma poltrona inclinada e a sobrinha estava  consigo, ambas assistiam a uma animação.

Ouviu batidas à porta e ficou esperançosa em ver a esposa, mas era apenas sua fiel administradora.

-- Ora, eu não acredito...quem te viu, quem te vê, hein, baronesa! – Branca debochou com um sorriso. – Mas sabe que eu sempre achei que você tinha dons para ser uma ótima mamãe.

Ana Valéria relanceou os olhos em irritação.

-- Ah, não disfarça só por que eu cheguei, vi bem como estão se dando bem. – Sentou-se. – A cabeça dura voltou para a casa...

-- Você veio aqui apenas para isso?

-- Não, vim também ver como você estava... – Olhou a televisão. – Daqui a poucos dias haverá a abertura da última parte do testamento do barão...Estive em contato com o tabelião hoje.

-- Acha que teremos mais surpresas?

-- Eu não sei...mas sabemos muito bem que as duas envolvidas nesse testamento são você e a Gabriele...o barão gostava muito de joguinhos e mesmo depois de morto não seria diferente.

Ana acariciou os cabelos ruivos da sobrinha em carinho.

-- Vamos esperar o que ele guardou para o final...

-- Bem, você não depende nem mesmo do que ele te deixou de herança, seus negócios triplicaram...

A Del La Cruz suspirou.

-- Não quero falar mais sobre isso. – Falou aborrecida. – E como estão as coisas com a Tatiana e o Índio?

-- Estão bem e já estabilizados no apartamento, como você pediu.

-- Se amanhã eu estiver melhor, irei até eles, depois seguirei até a empresa...—Ela deu uma pausa. – Preciso falar com a Paloma...e também desejo que faça um relatório completo sobre a empresa de Antônio...quero saber a real situação, principalmente por ser a administradora das ações da Luna.

-- A Gabriele continua sendo, ainda não foi feita a transição...

A Del La Cruz parecia ponderar sobre a informação que tinha acabado de receber. Pensava que tudo já tinha voltado para seu nome, mas não era isso que se mostrava. Sabia que o pai usaria todo o poder junto a Lorena e Trevan para influenciar a esposa e teria que tomar muito cuidado nesse sentido, pois poderia enfrentar sérios problemas em seus planos.

Depois que voltaram da serra não tivera mais a presença da Bamberg e aquilo era algo que a preocupava, pois imaginara que tinha conseguido vencer a resistência da neta do barão.

-- Então agilize isso imediatamente, eu não desejo que nada seja decidido pela freirinha.

Pandora que estava deitada sobre os pés da dona levantou a cabeça ao ouvir a porta abrir.

Gabriele entrou nos aposentos e parecia ter ouvido muito bem a última parte da conversa.

-- Eu vim buscar a Luna para dormir.

Ana Valéria fitou a mulher e viu os olhos negros desviarem dos seus.

-- Não é muito cedo? – A empresária indagou.

-- Não, ela tem aula amanhã. – Disse com ar sério. – Dê boa-noite para sua tia, filha, vamos para seu quarto.

A menina ainda emitiu alguns protestos.

-- Não precisa ficar assim, pequena, amanhã terminamos. – Ana Valéria beijou-lhe a face.

A garotinha assentiu, depois de abraçar a filha de Antônio, afagou Pandora e logo foi a vez da madrinha, em seguida segurou a mão da mãe e seguiu para fora do quarto.

-- Bem, eu também vou embora, acho que já ultrapassei meu tempo por aqui. – Levantou-se. – Ah, acho bom que consiga falar com a sua esposa, pois tenho certeza de que ela ouviu tudo o que você falou.

A ruiva não respondeu, mas sabia que a administradora estava certa.

Levantou-se e seguiu até a varanda tendo a cadela a lhe acompanhar.

O que se passava consigo?

Olhou para o jardim iluminado. A lua aparecia tímida no céu. A chuva tinha cessado, mas ainda havia nuvens pesadas no abobado.

Afagou Pandora no pescoço.

Por que era tão difícil quando era algo relacionado à neta de Bernard?

Não conseguia se concentrar em nada, não conseguia pensar claramente quando tinha a neta do barão envolvida.

 

 

 

 

  Nos aposentos da Bamberg, ela já estava deitada. A luminária da cabeceira estava acesa, pois a jovem estava lendo um livro.

    Demorara um pouco no quarto da filha, pois a Luna pedira histórias extras, além disso, passou a maior parte do tempo falando sobre a “titia Ana Valéria”. 

      Sempre achara que a garotinha tinha uma ligação diferente com a Del La Cruz, mesmo quando a ruiva lhe desprezava. 

             Voltou sua atenção para a página que lia pela décima vez sem entender nada. Sua mente estava presa naqueles olhos penetrantes que pareciam querer despir sua alma. Ouvira bem a conversa que ela estava tendo com a Branca e mais uma vez suas dúvidas retornavam. Estava apenas sendo usada pela filha de Antônio mais uma vez?

               Respirou fundo.

               Não entendia a razão de estar sendo praticamente obrigada a aceitar aquele casamento quando a empresária sempre mostrara que encerraria o matrimônio o mais breve possível.

               Olhou para o celular que estava sobre a mesinha. Pensou em ligar para a amiga e sócia, mas sabia que naquele momento ela devia estar fechando o restaurante. Deveria ter ido até lá, mas acabou aceitando a folga que recebera.

               Mais uma vez voltou a prestar atenção na leitura.

              Ouviu a porta abrir e ficou surpresa em ver Pandora entrar e logo em seguida a mulher que não abandonava seus pensamentos.

            Fitou-a e viu um sorriso desenhado nos lábios bem feitos. Deboche! Era isso que havia lá. Observou o roupão de seda preta que usava. Os pés estavam com meias. As coxas expostas. Os cabelos estavam presos no alto.

           Observou a cadela a lhe olhar.

            – Boa noite, minha esposa, viemos buscá-la para o nosso quarto.

             A voz baixa e rouca causou um frenesi em sua espinha.

              Suspirou.

               – Não sabia que teria que ocupar seus aposentos. – Disse deixando o livro de lado. – Não posso dormir aqui mesmo?

           Ana fez um gesto negativo com a cabeça.

              – Quero a minha mulher na minha cama, dormindo comigo. – Disse com a cabeça erguida em orgulho e arrogância.

                Gabriele não falou nada, apenas saiu do leito, seguindo pela porta sem dizer uma única palavra. Sentia a mulher e o animal lhe acompanhar. Nem se importava em não estar vestindo uma roupa de dormir mais sensual. Na verdade, usava seu pijama de flanela composto de calça e blusa.

                Adentrou o espaço. Estava mergulhado na penumbra. Ocupou seu lado da cama sem falar nenhuma palavra. Se ela queria que dormisse ali, faria sua vontade. Dormiria.

           Acomodou-se de lado e fechou os olhos. 

            Ouvia os passos sobre o carpete. Sabia que se movimentava pelo quarto e não demorou para senti-la ao seu lado, colando a si.

              – Pensei que tínhamos nos entendido na serra…

            A voz sussurrava em seu ouvido.

            – Sim, nos entendemos…apenas não sabia que tinha que ficar ao seu lado por vinte e quatro horas seguidas… – Respondeu sem se voltar. – Não tem por que reclamar, estou aqui não estou? Pronto, vamos dormir juntas.

            Gabi sentia as mãos de dedos longos e finos por baixo de sua blusa e não demorou para encontrar seus seios que já pareciam prontos para serem tocados.

            Adorava quando ela lhe acariciava. Ainda mais quando ficava brincando com seus mamilos.

            – Sim, está e eu exijo que venha todas as noites…seu quarto será esse…peça a um dos empregados para arrumar suas coisas no meu closet…– Dizia, enquanto se unia mais às suas costas. – Quero me vestir e ver que suas coisas estão lá…pertinho das minhas…

           Sentia as carícias descendo por sua barriga.

             – Não vejo motivos para isso…– Mordiscou a lateral do lábio inferior ao sentir agora que ela estava totalmente despida. Sentia o sexo esfregar em suas nádegas cobertas pela calça. – Ana Valéria, o médico pediu para que fizesse repouso… – Falou sem se voltar.

             – Passei o dia todo em repouso…e só vai depender de você…se vou precisar me esforçar muito…vai me dar muito trabalho? 

             Gabriele não respondeu, pois já sentia a mão sob sua calça. Ela não estava usando calcinha, então o contato com seu sexo foi imediato.

             Levou o polegar à boca, mordiscava-o, tentando não gemer.

             Deus, já estava tão molhada. Nem era preciso muito esforço da empresária para tomá-la para si. 

            – Me deixa louca, Gabi…eu fico pensando em você o tempo todo…

              O que poderia dizer? Que também pensava nela? Que na verdade, amava-a tanto que sonhava até mesmo acordada com a Del La Cruz?

             Afastou um pouco as pernas. Sentia-a lhe tirar a calça e agora sentia a pele molhada esfregando em seu quadril.

              As carícias em seu sexo não cessavam, então acabou virando-se para a esposa.

             Segurou-lhe o rosto querido entre as mãos, encarando-a. Logo, as bocas se uniam em um beijo ansioso, agoniado, cheio de paixão.

             Ana continuou incitar o sexo feminino. Parecia saber onde e como tocar. Penetrou-a devagar e ouviu o gemido contra sua boca. Encarou os olhos negros que brilhavam como uma noite estrelada.

               Viu-a livrar-se da blusa, totalmente nua, exibindo-se diante das sombras do aposento penumbrado. 

            Deitou-se de costas, olhando a esposa linda a lhe encarar.

            – É isso que você quer, minha senhora? – Dobrou o joelho, expondo o sexo. – Então, baronesa, eu vou dar para você…não é isso que vive pensando...me obriga a ficar casada por sexo...então eu vou te dar...dar até você não aguentar mais...

           A Del La Cruz mordiscou o lábio inferior. Nada disse, apenas esperou. Então a viu sentar sobre si, fazendo com que as partes íntimas se tocassem.

           – Quero cavalgar na senhora…igual se faz com uma égua selvagem…Bem selvagem...

             Ana sabia que estava sendo provocada, mesmo assim adorou a ousadia.

            -- Acha que sou uma égua? – Abriu-se mais para encaixar melhor. – Não acha que está me ofendendo, freirinha?

            Gabriele riu.

            -- Isso é o menos que acho da senhora.

            A ruiva mexia contra ela.

            Ouvia-se o som das fricções dos sexos escorregadios. Estendia os braços para tocar os seios redondos.

A Del La Cruz estava ficando louca com a forma que ele movia-se contra seu corpo, fazia sem cuidados, sem ternura, como se realmente estivesse a lidar com um animal.

Cerrou os dentes para não gritar. Segurou-lhe o quadril, parecia querer fundir-se a ela, dando-lhe tudo o que ela queria... Até sua alma se fosse necessário.

Os gemidos e os sussurros invadiam os aposentos. Gabriele não parecia se cansar, parecia pronta para castigar sua mulher com sua paixão que não chegava nunca ao fim.

Ana a empurrou para o lado, fazendo-a deitar-se de bruços, pondo-se sobre seu corpo, segurando suas mãos sobre sua cabeça.

Ouvia-a rosnar em fúria.

-- Solte-me! – A Bamberg exigia.

-- Calma, freirinha, não esqueça que estou convalescendo... – Debochava. – Pensei que daria devagar... – Dizia com a respiração acelerada.

-- Me tirou do meu quarto para fazer sexo e é isso que estava fazendo.

Ana beijava o pescoço esguio, depois descia para sua orelha, mordiscando-a. Esfrega-se a ela.

-- Eu quero chupar...

Gabriele a interrompeu com um ruído próximo de um grasnado.

-- Como ousa? Safada...

A Del La Cruz cerrou os dentes, enquanto mexia mais contra a bunda da amada.

-- Quero enfiar a minha língua dentro da sua...

Novamente, a voz de Gabriele a interrompeu. Ela estava enlouquecendo diante das frases que eram sussurradas em seu ouvido.

-- Cadela! – Xingava-a.

A ruiva soltou uma das mãos que a prendia, depois a fez levantar um pouco o quadril, conseguindo tocar no sexo da Bamberg.

Viu-a lhe fitar, meteu o dedo maior em sua carne. Ela rebolou contra si. Ana abriu mais seu próprio sexo, pois as fricções estavam ficando mais intensas. Mexia contra ela e dentro dela, não parecia preocupada com mais nada, só em satisfazer o desejo da sua carne.

Puxou-lhe o cabelo, fazendo-a ficar de joelho, enquanto permanecia a suas costas.

-- Então eu sou uma égua selvagem...uma cadela... – Dizia contra seu ouvido. – Sou o que mais hein?

Gabriele olhava o dedo que entrava e saia do seu corpo. Abriu-se mais, mexendo na parte superior do sexo. Estava louca...

-- Uma vagabunda... – disse em um sussurro. – Uma vagabunda...que mete gostoso...

Ana Valéria sentia sua carne tremer ouvindo a voz baixa e petulante.

-- Quer que eu lamba sua...

-- Sim...quero! – Interrompeu-a enlouquecida. – Faça tudo o que quiser...tudo o que desejar...tudo...tudo...eu quero tudo...faça...faça...darei da forma que quiser e quantas vezes quiser...

A Del La Cruz riu alto, pois agora conseguira domar sua amada.

A noite apenas estava começando...

 

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